'Gêmeos predadores': 'Corretor-estrela' de imóveis de ultraluxo e executivo são acusados de agressão sexual nos EUA

Mulheres também citam envolvimento de irmão mais velho, que nega ligação com os casos; defesa alega inocência e diz ter provas que relatos são falsos

Por The New York Times — Nova York


Oren Alexander, à esquerda, e o irmão mais velho, Tal, em Nova York, em 2022 Natalie Keyssar/The New York Times

RESUMO

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GERADO EM: 20/06/2024 - 04:00

Acusações de agressão sexual contra irmãos do ramo imobiliário de luxo nos EUA

Oren e Alon Alexander, do ramo imobiliário de luxo, são acusados de agressão sexual nos EUA. Mulheres relatam casos antigos; irmão mais velho nega envolvimento. Corretora Official rompe laços com Oren após acusações. Alon e Tal também são citados. Irmãos têm até agosto para responder às denúncias. Mulheres de diferentes regiões dos EUA denunciam agressões. Corretora busca se dissociar dos acusados e seguir adiante.

Por mais de uma década, Oren Alexander foi um dos maiores nomes do setor imobiliário de ultraluxo em Miami e na cidade de Nova York. O império que ele ajudou a construir agora desmorona sob acusações de violência sexual.

Alexander, de 36 anos, foi acusado em dois processos separados movidos no início deste ano de agredir sexualmente duas mulheres há mais de uma década. O irmão gêmeo idêntico de Oren, Alon, executivo de uma empresa de segurança privada, também é citado como réu em ambas as queixas.

Os gêmeos são acusados ​​de agredir sexualmente duas mulheres em incidentes separados – uma mulher diz que foi agredida em uma mansão de festa nos Hamptons, e a outra diz que foi drogada e depois agredida em Manhattan.

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Na segunda-feira, Isabelle Kirshner, advogada de Oren e Alon Alexander, defendeu os irmãos e descreveu as queixas como "roubo de dinheiro" em um comunicado ao The New York Times.

"Na verdade, a nossa investigação preliminar das alegações descobriu provas claras e irrefutáveis ​​que justificam os [argumentos dos] Alexanders, que esperamos apresentar em tribunal", escreveu ela.

Oren Alexander, com seu irmão mais velho Tal Alexander, cofundou a Official, uma corretora que atende clientes ultrarricos. Os irmãos, com Alon quase sempre ao lado deles, eram presença constante na vida noturna de Miami e Nova York, aparecendo regularmente em notas do site Page Six e em um artigo sobre sua rotina de fim de semana no Times.

Terceiro irmão nega envolvimento

Tal Alexander, de 37 anos, não é citado nas denúncias, mas Evan Torgan, sócio fundador da empresa Torgan Cooper + Aaron, que representa as duas mulheres, disse que desde a semana passada recebeu mais acusações de agressão sexual contra os três irmãos.

Oren Alexander posa em marina de Bal Harbour, na Flórida — Foto: Rose Marie Cromwell/The New York Times

Tal Alexander se recusou a comentar o caso. Mas, em um e-mail obtido pelo Times e enviado no domingo a seus colegas de trabalho na Official, ele abordou as acusações.

"Considero repreensíveis as ações descritas nessas notícias e nunca agiria ou me comportaria dessa maneira. Quaisquer alegações em contrário são simplesmente falsas", disse ele no e-mail.

Os irmãos têm até o dia 19 de agosto para responder às denúncias. O advogado das mulheres disse não ter conhecimento de nenhuma investigação criminal em andamento. O Times entrou em contato com as autoridades de Southampton e Nova York para perguntar se alguém havia apresentado queixa na polícia, mas não obteve uma resposta imediata.

"Tenho poucas dúvidas de que, dado o meu relacionamento próximo com meus irmãos, em algum momento, um advogado ou muitos advogados em breve tentarão me incluir nas acusações contra Alon e Oren", acrescentou Tal, no e-mail a colegas.

As queixas contra os gêmeos foram apresentadas pouco antes de expirar o prazo de prescrição dos casos civis de agressão sexual em Nova York e reportadas pela primeira vez no site The Real Deal, uma publicação especializado no comércio imobiliário.

Evan Torgan disse que se encontrou com mulheres que afirmam ter sido agredidas na cidade de Nova York e nos Hamptons, bem como nas regiões de Colorado, Nova Jersey, Massachusetts e Flórida. Algumas das acusações datam de 2004, quando Oren e Alon eram estudantes do Ensino Médio em Miami.

"Muitas mulheres não se manifestaram imediatamente porque muitas delas se sentiam responsáveis. Algumas delas estavam em encontros quando isso aconteceu", disse Torgan.

Sócia diz que valores da corretora foram 'violados'

Tal e Oren fundaram a Alexander Team, uma divisão da Douglas Elliman Real Estate, em 2012. Em 2021, um ano antes de deixarem a Elliman para lançar sua própria corretora, a Alexander Team relatou mais de US$ 1,8 bilhão em vendas.

Eles fundaram a Official, em 2022, ao lado de Nicole Oge, ex-executiva de marketing de Douglas Elliman e WeWork, e dois outros cofundadores. Em 2023, os irmãos Alexander anunciaram US$ 260 milhões em negócios fechados e foram incluídos na lista 2023 Power Brokers do Hollywood Reporter dos principais agentes na cidade de Nova York.

Num memorando interno enviado à equipe na sexta-feira e compartilhado com o The New York Times, Nicole Oge escreveu que os valores da corretora "foram profundamente violados quando as alegações perturbadoras contra nosso ex-parceiro Oren Alexander foram descobertas. Eles vão contra tudo o que defendemos como organização".

Segundo Nicole Oge, Oren foi imediatamente isolado do negócio, suas licenças foram suspensas, e o processo de remoção dele da sociedade "está bem encaminhado".

Na semana passada, Oren Alexander anunciou que estava se afastando de seu cargo na Official e, na sexta-feira, sua fotografia e biografia foram removidas do site da empresa. No sábado, a Official havia desativado suas licenças imobiliárias na Flórida e em Nova York, e Oren renunciou à sua participação minoritária na empresa. Os e-mails enviados para seu endereço oficial receberam resposta automática informando que ele não era mais afiliado à corretora.

Os relatos

Uma das duas mulheres que entraram com ações judiciais acusa Oren e Alon de agredi-la no Castelo de Sir Ivan, uma mansão festiva na cidade de Water Mill, em Southampton. A outra alega que ela foi drogada em uma boate de Manhattan e depois levada para um apartamento em Chelsea, onde um irmão gêmeo a penetrou à força enquanto o outro a segurava. Ela disse que eles trocaram de lugar e a agressão continuou, de acordo com o processo.

À medida que as notícias dos processos chegaram às redes sociais, os tópicos de comentários no Reddit e no Instagram ficaram cheios de mensagens de outras mulheres que disseram que também tinham sido vítimas. Muitas encorajaram aquelas com histórias semelhantes a falarem.

"A autora não é, e não foi, a única vítima dos atos hediondos dos gêmeos", diz a denúncia que alega o ataque nos Hamptons. "Durante anos, os réus Alon e Oren envolveram-se num padrão semelhante de esquemas, atos e conduta com diferentes mulheres".

Houve choque entre profissionais de longa data do setor imobiliário com o fato de as alegações terem surgido. Vários agentes, avaliadores de imóveis e responsáveis ​​de relações públicas disseram ao The Times que a Official, que tem apenas dois anos, teria dificuldade de se recuperar do escândalo num ambiente tão competitivo.

Nicole Oge disse que a sua empresa continuaria avançando, sem o sócio acusado.

"A confusão ou equívoco sobre a Official estar de alguma forma inextricavelmente ligada a qualquer indivíduo, seja eu, Oren ou qualquer outra pessoa, é simplesmente falso", disse ela. "A Official não é Oren Alexander."

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