Mais mulheres, negros e LGBTQIA+ em cargos de chefia: pesquisa mapeia avanço da diversidade no mercado editorial

Três quartos das empresas que participaram do levantamento disseram que ter compromisso com a não discriminação e com a promoção da equidade e da inclusão

Por — São Paulo


Diversidade se tornou palavra de ordem no mercado editorial na última década Foto: Freepik

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GERADO EM: 27/06/2024 - 12:15

Avanço da Diversidade no Mercado Editorial Brasileiro

Pesquisa do SNEL mostra avanço da diversidade no mercado editorial brasileiro, com presença de mulheres, negros, LGBTQIA+ em cargos de liderança. Empresas têm compromisso com equidade e inclusão, mas falta implementação de práticas e metas de inclusão.

Uma pesquisa realizada pelo Sindicado Nacional dos Editores de Livro (SNEL) e pela Wiabiliza e divulgada nesta quinta-feira (26) identificou que a pauta da diversidade tem avançado no mercado editorial brasileiro. Das 45 editoras que responderam à Pesquisa de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I), 87% têm mulheres em cargos de liderança (líderes de grupos e times, gerentes, diretoras).

Em 58% delas, pessoas LGBTQIA+ ocupam posições de chefia, o mesmo percentual de pessoas negras. Em 11% dessas editoras, há lideranças indígenas. Pessoas com deficiência (PCD) também são chefes em 11% das empresas que responderam ao questionário.

Na última década, o mercado editorial transformou a diversidade em palavra de ordem e reforçou a presença de mulheres e autores não brancos nos catálogos. No entanto, havia dúvidas se a cadeia de produção do livro também se diversificara. A pesquisa representa um primeiro passo para responder essa pergunta.

Três quartos das empresas que participaram do levantamento disseram que têm o compromisso com a não discriminação e com a promoção da diversidade, equidade e inclusão em sua missão, visão e valores. Quase todas (98%) afirmaram que não há etarismo no local de trabalho nem restrições relativas a gênero.

Mais da metade das editoras (60%) asseguraram que o compromisso com a agenda DE&I é comunicada aos os acionistas. 87% acreditam que a implementação de políticas inclusivas resultará em melhores resultados (financeiros, valorização da marca, aprimoramento das rotinas editoriais).

Apesar disso, a maioria (47%) ainda não instituiu práticas de governança corporativa para assegurar a implementação de políticas e metas de inclusão. 56% disseram que considerariam incorporar metas de promoção da diversidade à avalição de executivos, com possível reflexo na distribuição de bônus. No entanto, 62% das editoras respondentes atualmente não incluem a promoção da diversidade como condição em programas de remuneração variável de curto e longo prazo. A maioria (44%) também não considera riscos estratégicos, financeiros, regulatórios, operacionais ou de reputação ao investir na diversificação do quadro de funcionários.

A pesquisa mostrou ainda que a diversidade pesa pouco na contratação de terceirizados. 80% das editoras afirmaram não levar em conta a representatividade na hora de buscar colaboradores eventuais. Parte considerável da força de trabalho editorial é composta por trabalhadores sem carteira assinada, como tradutores e revisores.

Das 45 editoras que responderam à pesquisa, a maioria (53%) é de São Paulo, 27% são do Rio de Janeiro e 7% de Minas Gerais. Mais da metade (51%) atua no segmento de obras gerais (ficção e não ficção). Pouco mais de um terço (36%) reportaram faturamento anual inferior a R$ 1 milhão; 36% têm receita entre R$ 46 milhões e R$ 149,9 milhões; e apenas 2% faturam mais de R$ 1 bilhão por ano. As editoras respondentes têm tamanhos diversos: 40% têm até nove funcionários fixos; 2% tem mais de 800 e outros 2% tem entre 400 e 799.

Cerca de 400 editoras foram convidadas a responder a pesquisa. Dante Cid, presidente do SNEL, afirma que muitas empresas não participaram da pesquisa porque não costumam coletar dados sobre a diversidade do quadro de funcionários. Ele espera que a pesquisa sirva de “gatilho” para mais editoras se engajarem na implementação de políticas inclusivas.

— Como mercado editorial, temos uma responsabilidade dupla: a de refletir, no conteúdo que produzimos a diversidade que existe no nosso país, no nosso planeta, e a de garantir a diversidade e a inclusão nos nossos processos internos e na oferta de oportunidade — afirmou. — Nós somos empresas produtoras de conhecimento, informação e cultura. O compromisso com a diversidade e a inclusão é inerente à nossa missão.

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