Parque Orla Piratininga se destaca pela sustentabilidade gerada por Jardins Filtrantes

Projeto é o maior em desenvolvimento no Brasil a utilizar técnicas de Soluções baseadas na Natureza

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A área de 680 mil metros quadrados está em fase final de intervenções para contar com píeres de contemplação e pesca PREFEITURA DE NITERÓI/DIVULGAÇÃO

Sem usar produtos químicos ou consumir energia, um agrupamento de plantas aquáticas transforma águas poluídas em limpas. Maior projeto em desenvolvimento no Brasil a utilizar técnicas de Soluções baseadas na Natureza (SbN), os Jardins Filtrantes limpam as impurezas das águas pluviais e das três principais bacias hidrográficas (Rio Cafubá, Rio Arrozal e Rio Jacaré) que desaguam na Lagoa de Piratininga, na Região Oceânica de Niterói.

Os sistemas de Jardins Filtrantes estão dentro dos investimentos de R$ 100 milhões, 10% da Prefeitura de Niterói e 90% do Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF), no Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis (POP). A área de 680 mil metros quadrados — incluindo as ilhas do Modesto, do Pontal e do Tibau — está em fase final de intervenções para contar com quatro píeres de contemplação e seis de pesca, 10.6 km de ciclovia que se integrará ao Sistema Ciclov iá r io da Região Oceânica, 17 áreas de lazer, três mirantes e um centro eco cultural voltado para educação ambiental.

— É uma solução inovadora, segura e eficiente, a gente já vê o resultado de filtragem de toda essa água que vem da drenagem natural e da drenagem urbana. Vemos como ela chega nesse sistema e como ela sai pra Lagoa de Piratininga já completamente limpa — pontua o prefeito de Niterói, Axel Grael.

Por conta do POP, Niterói foi a única cidade brasileira presente no Relatório de Economia e Desenvolvimento do CAF(Desafios globais, soluções regionais: América Latina e Caribe enfrentando a crise climática e da biodiversidade). O novo parque já recebeu diversos prêmios, entre eles a categoria “Desenvolvimento Urbano Sustentável e Mobilidade” do LATAM Smart City Awards 2023, entregue no México.

De acordo com o prefeito, as últimas políticas públicas implementadas em Niterói foram norteadas pela certeza de que as cidades precisam assumir um protagonismo e agir pela sustentabilidade.

O espaço também conta com um berçário de jacarés — Foto: PREFEITURA DE NITERÓI/DIVULGAÇÃO

— O POP promove a recuperação de uma área por muitos anos degradada e disponibiliza novos equipamentos de cultura e esportes — afirma Grael, que defende a união de forças para avançar nas políticas de preparação para as emergências climáticas que se aproximam.

Coordenadora do Programa Região Oceânica Sustentável (PRO Sustentável) e responsável pela implantação do POP, Dionê Marinho lembra que o parque vai muito além da questão ambiental:

— Há um aspecto social muito importante no POP, que é a questão do pertencimento da população ao local, ao sistema lagunar. Vale destacar ainda o Ligado na Rede, que é um programa de fiscalização para identificar, conscientizar, notificar e, em último caso, autuar imóveis que não estejam ligados à rede de esgoto.

Morador de Camboinhas, o jornalista Rodrigo Campos costuma ir de bicicleta até o parque com a esposa e destaca a mudança na região:

— A gente tem notado cada vez mais pessoas por aqui. Um lugar que atrai quem persegue um estilo de vida mais conectado ao meio ambiente e com menos estresse.

PRESERVAÇÃO ANIMAL

Quem visita o POP pode ainda conhecer o “berçário de jacarés”, espaço que recebeu sinalização especial e intervenções para garantir a segurança dos visitantes e dos animais.

— Fizemos uma reserva natural delimitando o espaço de proteção para o nascimento dos animais e para sua reprodução. Vale ressaltar que não interferimos no processo natural. O que fizemos foi identificar o lugar para preservá-lo e para proteger o ciclo natural dos animais — explica a bióloga do POP, Andrea Maia.

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