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Por — Paris, França

A um mês da Olimpíada de Paris — entre 26 de julho e 11 de agosto —, a cidade reforça os planos de segurança e a aposta na bandeira verde. Considerando os momentos de pico, serão 87 mil pessoas mobilizadas, incluindo policiais, agentes privados e militares. Para abrigar parte dos soldados, está sendo montado um acampamento gigante na capital francesa, o maior desde a Segunda Guerra Mundial, quando o país foi invadido pelo exército nazista.

A construção está sendo feita em um prazo recorde de 65 dias. Os Jogos contarão com 18 mil militares, dos quais 10 mil especializados em antiterrorismo. Além deles, haverá até 45 mil policiais e 24 mil agentes privados. Os primeiros soldados devem começar a chegar em 3 de julho — a cerimônia de abertura será no dia 26.

— Estamos dispostos a enfrentar qualquer tipo de ameaça — disse Samuel Ducroquet, embaixador da França para a área de esporte a um grupo de jornalistas latino-americanos, no fim do mês passado.

A principal preocupação é com o terrorismo. No fim de maio, o governo informou que um jovem de 18 anos foi preso preventivamente, acusado de planejar um ataque ao estádio de Saint-Étienne, que sediará partidas de futebol. Ele atuaria em nome da ideologia jihadista do grupo Estado Islâmico, “para morrer e se tornar um mártir”.

Brasil terá agentes da PF

Além da ênfase na equipe de inteligência para evitar incidentes como esse, o esquema de segurança ganhará reforço de outros países, e as delegações terão seus próprios agentes. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) decidiu levar dois homens da Polícia Federal — número máximo permitido pelo comitê organizador local. Eles serão exclusivos do Time Brasil, com livre trânsito na Vila Olímpica e em locais de competição.

É a primeira vez que o Brasil leva agentes de segurança desde as Olimpíadas de 2004, em Atenas, segundo Marcus Vinícius Freire, que chefiou a delegação brasileira nas edições dos Jogos de 2000 a 2016.

— Naquele ano (2004), havia o temor de um novo ataque após o que aconteceu com as Torres Gêmeas, nos EUA, em 2001. Agora, há esse temor de novo — afirmou.

A preocupação com a segurança não é apenas de autoridades. O medo de um ataque terrorista e o receio de que a cidade fique intransitável durante os Jogos levarão muitos parisienses a deixar Paris durante o evento.

— Tenho receio de que haja um atentado. Vai ficar difícil viver aqui nas Olimpíadas. Estou pensando em aproveitar as férias para viajar — disse uma universitária que mora na capital francesa e que preferiu não se identificar.

A também estudante Amadine B. pondera que qualquer cidade-sede dos Jogos Olímpicos fica “confusa” e brinca com seus compatriotas:

— Eles criticam porque são franceses, não querem ser incomodados.

Livreiros se rebelaram quando souberam que seriam removidos das margens do Sena para os Jogos Olímpicos — Foto: Dimitar DILKOFF/AFP
Livreiros se rebelaram quando souberam que seriam removidos das margens do Sena para os Jogos Olímpicos — Foto: Dimitar DILKOFF/AFP

O orgulho francês e o apego à tradição fizeram os livreiros de Paris se rebelarem quando souberam que seriam removidos das margens do Rio Sena para os Jogos. Nem durante a Segunda Guerra eles deixaram seus postos. São uma lembrança viva da importância cultural do país. Por isso, tiveram apoio da população e até do presidente Emmanuel Macron, que interveio na briga e permitiu que ficassem onde estão.

Feitas as pazes com a tradição, os parisienses não foram tão bem-sucedidos em suas queixas contra a alta da tarifa do metrô — que vai dobrar nos dia do evento — e as restrições para o deslocamento. Os que moram ou trabalham em áreas próximas ao Sena são os mais aflitos, pois precisarão de um QR code para ter livre acesso ao perímetro.

Sahih Malik, indiano que mora na cidade há 18 anos, já garantiu o seu passe. Ele trabalha em uma loja em frente ao rio . Diz que o trânsito está pesado por causa das obras, mas está animado com a possibilidade de as vendas crescerem:

— Teremos muitos turistas. Acredito que o esquema de segurança vai dar conta do recado. Estamos esperando os visitantes.

O governo espera receber 16 milhões de turistas. É muito mais que o 1,2 milhão de visitantes recebidos pelo Rio em 2016. O centro das atenções será o Sena, onde o governo francês pretende fazer a abertura, a primeira a céu aberto na história das Olimpíadas.

O rio também se tornou um símbolo dos esforços de sustentabilidade que o comitê organizador dos Jogos está empreendendo. Desde 1923, é proibido banhar-se nas suas águas, devido ao elevado nível de poluição. Para resolver o problema, foi feito um investimento de € 1,4 bilhão na limpeza.

Além de modernizar a estrutura de saneamento, foram construídos reservatórios subterrâneos capazes de armazenar 46.000 metros cúbicos de água, equivalente a 20 piscinas olímpicas. A ideia é que eles coletem água da chuva, evitando que esgoto não tratado transborde para o rio.

A prefeitura diz que está “confiante” de que a qualidade da água estará boa o suficiente para mergulho antes do início dos jogos. Tem planos até de reservar três áreas do Sena para banho a partir de 2025, o que seria um legado do evento para a população — na Olimpíada do Rio, houve promessa de despoluir a Baía de Guanabara, o que não foi cumprido.

Mas a data prevista para o mergulho da prefeita Anne Hidalgo no Sena já foi transferida de 23 para 30 de junho, por causa das intensas chuvas que acabam levando detritos para o rio e tornando a correnteza mais forte.

Sem ar-condicionado

A despoluição do Sena é uma das medidas “verdes” dos Jogos. A meta da prefeitura de Paris é cortar em 55% as emissões de CO2 em relação aos níveis da Olimpíada de Londres, em 2012. O comitê organizador evita fazer comparações com a Rio 2016, pois alega que o evento na capital fluminense era mais espalhado, o que exigia o uso mais intenso da malha de transportes. Em Paris, será incentivado o uso de bicicletas pelos 400 quilômetros de ciclovia.

COI autoriza 25 atletas, entre russos e bielorrussos, a disputarem a Olímpíada de Paris — Foto: Fabrice COFFRINI / AFP
COI autoriza 25 atletas, entre russos e bielorrussos, a disputarem a Olímpíada de Paris — Foto: Fabrice COFFRINI / AFP

Para evitar consumo de eletricidade, tomou-se a decisão polêmica de não instalar sistema de ar-condicionado na vila olímpica. Em vez disso, haverá um sistema de resfriamento natural à base de água. E o material usado na construção evita a absorção de calor.

— A vila terá eficiência energética compatível com as boas práticas projetadas para 2050 — diz Ducroquet.

Apesar da tecnologia de vanguarda, a chiadeira de delegações foi tamanha que o comitê decidiu permitir que elas levem seus próprios aparelhos de ar-condicionado, desde que arquem com os custos. O Brasil vai alugar aparelhos, segundo o COB, para não prejudicar o desempenho dos atletas.

O aproveitamento de instalações preexistentes é outra medida para reduzir a pegada de carbono. Apenas 5% das instalações foram erguidas do zero. A decisão também pretende evitar que os Jogos deixem “elefantes brancos”.

*A repórter viajou a convite do governo da França

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