Uma mistura entre decepção e grande alívio é a melhor forma de representar o jogo de ontem no Nilton Santos. A atuação do Botafogo no empate em 1 a 1 com o Athletico foi abaixo da expectativa, com a equipe apresentando muitas dificuldades ao longo dos 90 minutos e esbarrando em um adversário sólido, que vencia com gol de Mastriani até os 52 minutos do segundo tempo. Porém, uma única estrela foi necessária, e Bastos manteve o alvinegro na liderança do Brasileirão, com 20 pontos, marcando no apagar das luzes.
A expressão cabe bem para este jogo, no qual o Botafogo estreou um novo sistema de iluminação em seu estádio. O ambiente era de homenagens ao pai de Tiquinho, José Nilton Soares, falecido na última semana, motivo que fez o atacante ser desfalque pela segunda partida consecutiva. Mas a partir do momento em que a bola rolou, todas as dificuldades de um confronto de G4 se apresentaram.
Sem o camisa 9, Artur Jorge usou uma nova opção tática, sacando Luiz Henrique do time titular e colocando Eduardo para formar um meio campo com cinco homens. Ao mesmo tempo que o time tinha mais controle de bola — teve 61% de posse na primeira etapa —, perdeu muito da velocidade e da agressividade características.
Athletico à vontade
O encaixe se mostrou favorável à equipe do Athletico, que vencia a maior parte das batalhas no meio-campo, ainda explorando os contra-ataques. O time está acostumado a oferecer dificuldades fora de casa, povoando a área em jogadas aéreas. Em grande parte do primeiro tempo, o Botafogo se viu apertado. Em um erro de saída de Bastos, um então herói improvável, John foi obrigado a fazer grande defesa quando Fernandinho arriscou chute do meio-campo.
Veja fotos de uma noite de montagem de mosaico da torcida do Botafogo no Nilton Santos
Somado a isso, não foram os melhores jogos de Romero e Eduardo, responsáveis diretos pela criação. O camisa 33 fez sua segunda partida — a primeira como titular — desde que se machucou, no dia 2 de maio, mas ainda demonstrou falta de ritmo, demorando muito a passar para os companheiros em algumas situações claras. Os inícios lentos de Tchê Tchê e Danilo Barbosa explicavam a atuação ruim.
Com exceção das bolas arriscadas individualmente por Júnior Santos, o Botafogo pouco conseguia se impor em casa e mal finalizava.
Artur Jorge vem sendo conhecido por fazer ajustes precisos nos intervalos e ajudar o Botafogo a solucionar problemas com o decorrer das partidas. Ontem, porém, a volta do intervalo apenas deu sequência a um roteiro no qual o Athletico se sentia a vontade para arriscar em busca da bola na rede. E em mais um erro de Bastos, os visitantes se aproveitaram para abrir o placar.
Marcando Mastriani de costas para a bola na área, o zagueiro não viu Cuello cruzar na medida pelo lado esquerdo, e muito menos o atacante se desvencilhar para concluir de perna direita.
Sem desistir
A entrada de Luiz Henrique no lugar de Danilo era a tentativa do treinador de reacender o ímpeto ofensivo em um time que não conseguia firmar a origem de saída de bola. Ele tentou realocar Marlon Freitas e Danilo de diferentes formas para fugir da marcação paranaense. Sem sucesso.
Logo que o camisa 7 pisou em campo “bagunçando” a defesa adversária, Cuiabano teve em seus pés a melhor chance do Botafogo. Após cruzamento de Damián Suárez, apareceu sozinho na segunda trave, mas chutou de primeira para fora. Oportunidade imperdível em um jogo no qual o time criava pouco.
O Athletico pagou a partir do momento em que desperdiçou contra-ataques na parte final. E parou nas intervenções de John. O goleiro trabalhou cirurgicamente para evitar que o placar fosse ampliado, e ainda correu para a área no desfecho do jogo.
Apesar das dificuldades ofensivas, não faltou mentalidade ao alvinegro em nenhum momento. Na última das esperanças, Diego Hernández cobrou escanteio e Bastos — justiça seja feita, havia parado algumas transições adversárias — completou de cabeça, tal qual havia feito na vitória sobre o Fluminense. Prêmio pela persistência. Na próxima rodada, às 16h do sábado, o Botafogo visita o Criciúma.