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Quando decidimos fazer uma capa da Revista Ela com Marina Sena, no começo do ano passado, a cantora, então com 25 anos, começava a mordiscar o sucesso. A primeira parte da entrevista se deu às vésperas do seu primeiro show solo no Rio, cujo fervor da plateia impressionou até a própria mãe. "Era como se que quisessem comê-la com os olhos", observou dona Bete, dias depois da apresentação, por telefone.

Para o bem e para o mal. Enquanto a jovem mineira ainda saboreava as tais mordiscadas, surgiu uma inesperada indigestão. Naqueles mesmos dias ela havia deixado o Prêmio Multishow como a artista mais premiada da noite, recebendo três troféus — incluindo o de revelação —, o que despertou a ira de um monte de gente. A onda de ódio foi tamanha, que chegaram a derrubar a conta dela no Instagram. “Eu chorava e dizia: ‘Gente, eu só queria ser artista’. Queria que as problemáticas se dessem apenas no nível da arte, e não em coisas ridículas de internet”, comentou Marina, na ocasião.

É por isso que eu senti uma alegria tremenda ao vê-la homenageando Gal Costa no The Town, no último fim de semana. Não sou crítico de música nem profundo entendedor dessa arte, mas resolvi escrever este texto porque, de alguma forma, a maneira como Marina conduz a carreira me comove um bocado.

Falo de uma artista que ama o que faz e, aparentemente, não mede esforços em se aprimorar a cada dia. Desde a entrevista do ano passado, começou a fazer aulas de dança, montou um balé e passou a se apresentar, a cada show, com mais presença e consciência corporal. A voz também melhora a cada apresentação, e considero particularmente entusiasmante observar a evolução de uma artista dessa maneira. Sobretudo, quando se trata de alguém que faz isso sob o vento de um insistente coro que parece berrar: "Desista!".

Capa da Revista Ela com Marina Sena, publicada em 2022 — Foto: Gabriela Schmidt
Capa da Revista Ela com Marina Sena, publicada em 2022 — Foto: Gabriela Schmidt

Ela não só ignora os uivos raivosos, como se joga em desafios cada vez maiores. É claro que haverá erros e acertos. Mas, se alguém não consegue ver beleza nisso ou simplesmente desligar a TV durante a apresentação de um artista que não lhe agrada, talvez o desconforto esteja em outro aspecto da existência dessa pessoa. Certamente, não está na cantora que chegou àquele palco, como a própria fez questão de dizer, sem ter recorrido a sobrenome, influência ou dinheiro.

E é por isso que gostei tanto de vê-la agarrar, com unhas e dentes, uma homenagem à "maior cantora do mundo". Marina estava à flor da pele, não escondeu o nervosismo, mas cantou com beleza, correu pelo palco com a leveza de quem está consciente de seus poderes (os cabelos estavam soltos por sugestão da própria Gal).

Ela também deixou claro que não tinha qualquer pretensão em ocupar o lugar que é só da cantora baiana ou estabelecer qualquer comparação com a mesma, com quem chegou a gravar. As pessoas, contudo, parecem não só ignorar os significados de respeito e empatia como da própria palavra homenagem.

E aí vem aquele medo do novo, citado com maestria por Mauro Ferreira em seu blog no G1 e cuja leitura me fez querer escrever estas palavras. Lembrou-me de um conhecido meio decrépito dizendo que a Fernanda Takai jamais seria a Nara Leão, enquanto eu ouvia o premiado "Onde brilhem os olhos seus", gravado pela vocalista do Pato Fu, lá no anos 2000.

A cantora mineira em ensaio exclusivo para a Revista Ela — Foto: Gabriela Schmidt
A cantora mineira em ensaio exclusivo para a Revista Ela — Foto: Gabriela Schmidt

Não me refiro aqui aos críticos de música que indicaram problemas na apresentação de Marina ou até mesmo aos fãs de Gal Costa que não gostaram do resultado e expuseram sua insatisfação. Afinal, a crítica é parte importante do processo construtivo de um artista. O que me causa angustia é a nova onda de ódio, deboches e memes que inundaram as redes em mais uma tentativa de rebaixar o trabalho da jovem cantora.

Lembremos, afinal, que falamos de um evento que se chama "The Town", cujos organizadores já chegaram a dizer que "política não se faz em festival", enquanto nossa democracia estava sob fortes ameaças. Definitivamente, não era Marina Sena o problema ali.

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