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Economia

União de Americanas e B2W ‘vai criar um poderoso motor de fusão e aquisição’, diz executivo

Diretor financeiro da varejista on-line diz que grupo está mapeando novos negócios para enfrentar forte concorrência no comércio eletrônico
Americas e B2W vão se unir para ganhar peso no comércio eletrônico Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Americas e B2W vão se unir para ganhar peso no comércio eletrônico Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

RIO - A união dos negócios de Lojas Americanas e B2W vai dar fôlego para que a nova americanas s.a., anunciada ontem pelo grupo, torne-se um poderoso motor de fusões e aquisições no já aquecido varejo brasileiro. A avaliação é de Fabio Abrate, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da B2W Digital.

Em entrevista ao GLOBO, ele antecipa parte da estratégia de crescimento da nova empresa, que nasce com 34 mil funcionários e mais de 90 milhões de clientes cadastrados.

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De que forma essa união de B2W e Lojas Americanas acelera o movimento de fusões e aquisições?

A combinação dos negócios da B2W e Lojas Americanas vai criar a "americanas s.a.". Isso vai criar um poderoso motor de fusão e aquisição. Além disso, Vamos listar a Lojas Americanas nos Estados Unidos, na Nyse ou na Nasdaq, como veículo de investimento para atrair investidores com cabeça de mais longo prazo. E vamos deixar de ter a Lojas Americanas listada no Brasil e vamos listá-la nos EUA (onde se passará a chamar americanas inc).

Mas qual é a estratégia em aquisições?

Capitalizamos as duas companhias (B2W e Lojas Americanas) no ano passado. Fizemos um "follow on" (venda de ações) da Lojas Americanas de R$ 8 bilhões. Foi o maior "follow on" de varejo da história. Na sequência, fizemos um aporte privado da ordem de R$ 4 bilhões na B2W.

E uma parte relevante dessas duas capitalizações estavam destinadas para fusões e aquisições. Olhando para frente, tem muita coisa mapeada. Com os dois negócios combinados, esse motor de fusões ganha celeridade maior. Fica mais fácil de mapear potenciais ativos e integrar esses ativos numa companhia combinada.

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Mas quais são as frentes mapeadas?

Temos a possibilidade de entrar em novos mercados. Estamos olhando para ativos de varejo e em diferentes frentes de negócios. Acreditamos que tem combinação com o que temos dentro de casa. Temos uma base de 46 milhões de clientes ativos. Temos um negócio físico, virtual, fintech e de logística. Isso cruza com um monte de oportunidade de negócios e verticais.

Qual vertical poderia ser?

Franquia é uma vertical de negócio. Iniciamos de forma orgânica com um formato de loja chamado "Local", de conveniência com espaços de 100 metros quadrados. Na sequência, vimos oportunidade de consolidação de mercado.

Nos aproximamos da BR Mania e criamos uma joint venture. Dentro do segmento de franquias, adquirimos o grupo Uni.co (Imaginarium, Puket, MinD e Lovebrands). Eles têm um modelo diferenciado, com moda e desenvolvimento de produtos.

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De que forma a pandemia e maior concorrência aceleraram essa estratégia?

A pandemia acelerou de forma drástica a utilização dos meios digitais. E o próprio cliente mudou. O nosso negócio combinado gera mais conveniência. O cliente quer receber mais rápido. Varejo é um dos mercados mais competitivos. As companhias investiram muito ao longo do tempo em tecnologia, logística e infraestrutura.

Como vai ficar a participação dos controladores na nova companhia (A Lojas Americanas tem no bloco de controle o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira)?

Primeiro, os controladores da Lojas Americanas vão deter 38,9% da "americanas S.A." e os minoritários da B2W passam a deter 23,4% da americanas s.a..

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Além disso, a americanas s.a. vai emitir ações para os acionistas de Lojas Americanas. Com isso, os minoritários de Lojas Americanas passam deter 23,3% da americanas s.a. e os controladores passam a ter 14,4% da americanas s.a. Assim, os controladores da Lojas Americanas passam a ter na nova empresa, de forma indireta, 38,9% e, de forma direta ,14,4%. Ou seja, os controladores passam a ter 53,4% da americanas S.A.

Já calcularam o valor das sinergias com a combinação de negócios?

Há sinergias que já começamos a mapear. Mas o principal objetivo da transação é o cliente. E entendemos que o objetivo das companhias combinadas é conseguir atender o cliente de forma mais rápida e conveniente.