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Por O GLOBO, com agências internacionais

Desde quinta-feira, Elon Musk, o bilionário fundador da Tesla e homem mais rico do mundo, é oficialmente o novo dono do Twitter, uma das redes sociais mais influentes do mundo.

A venda da empresa, por US$ 44 bilhões, deve marcar uma nova era no Twitter. Musk, agora, poderá adicionar a sua longa lista de feitos o título de ‘magnata da mídia’. Mas, na prática, o que vai mudar no Twitter?

No primeiro dia sob o comando de Musk, o Twitter já demitiu não só o seu presidente como os principais executivos da empresa, num sinal de que o bilionário não vai perder tempo em mudar o foco da plataforma. E o que mudanças serão essas?

Segundo reportagem da Bloomberg, Musk já teria avisado que vai rever a política de 'banimento eterno' de usuários que tenham publicados posts ofensivos ou de incitação à violência, como foi o caso de Donald Trump.

A rede social será mais condescendente nas suas políticas para remoção de posts? Vai ter novos serviços para o usuário, como trocas de mensagens ou pagamentos via plataforma? Terá mais anúncios ou vai cobrar assinatura?

A partir de declarações anteriores de Musk – a compra do Twitter se arrastou por seis meses e chegou a virar uma batalha legal – e de sua visão “tecno libertária” do mundo, analistas traçam cenários para a rede social sob sua gestão. Veja abaixo

Liberdade de expressão

Musk tem declarado que vai restaurar a “liberdade de expressão” no Twitter. No seu primeiro post após ser oficialmente dono da empresa, escreveu “o pássaro foi libertado”, em alusão ao pássaro azul símbolo da rede social.

Mas, o que é, na visão de Musk, a “liberdade de expressão”. Os primeiros sinais já foram dados. Segundo reportagem da Bloomberg, o bilionário planeja rever a política de “banimento eterno” da rede social.

Musk: 'O pássaro foi liberto'', escreveu o bilionário em sua conta no Twitter — Foto: AFP
Musk: 'O pássaro foi liberto'', escreveu o bilionário em sua conta no Twitter — Foto: AFP

O ex-presidente americano Donald Trump foi um dos nomes expulsos da plataforma após a invasão do Capitólio, quando trumpistas invadiram o Congresso americano por não reconhecerem a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais. No episódio, cinco americanos morreram.

Na ocasião, o Twitter justificou a decisão para evitar o “risco de novas incitações à violência”. Em abril, após Musk anunciar a intenção de comprar a plataforma, Trump disse que não voltaria ao Twitter mesmo se sua conta for restabelecida.

Joan Donovan, diretor de pesquisas no Centro de Mídia e Políticas Públicas da Harvard Kennedy School, lembrou, em entrevista ao Financial Times, que o Twitter já foi responsável por alçar e derrubar reputações de pessoas, empresas e políticos.

“Musk tem uma intenção no Twitter, e vai agir sob sua visão tecno-libertária”, explicou.

O bilionário, que se autointitula um “absolutista da liberdade de expressão”, já afirmou que vai respeitar as leis de cada país sobre o tema. E, na quinta-feira, tentou tranquilizar os anunciantes dizendo que o Twitter não seria um “inferno” de liberdade para todos.

Segundo ele, os usuários terão a liberdade de escolher “as experiências que desejam segundo suas preferências”.

Entusiastas deste modelo alegam que um sistema descentralizado permitiria um tipo de moderação mais orientada pelo usuário, o que seria mais justo e equilibrado. Acadêmicos, porém, alertam que essa abordagem pode abrir as portas para discursos de ódio, extremismo e desinformação, argumentando que esse modelo subestima os riscos de manipulação na plataforma.

Musk costuma afirmar que o Twitter é “a praça pública digital”, o que emula a ideia de vários indivíduos expondo suas opiniões de forma equânime.

“Isso é ingênuo. É muito mais uma guerra assimétrica, com atores e nações com más intenções atuando nas sombras para manipular a plataforma e ampliar a desinformação”, explicou, em entrevista ao Financial Times, Eddie Perez, conselheiro do OSET Institute, ONG que atua em prol de eleições seguras, e ex-diretor de Produtos do Twitter.

O ‘superaplicativo de tudo’

O que vai mudar no Twitter para o usuário? A plataforma terá o botão de editar? Vai ganhar novas funcionalidades?

Musk declarou na semana passada que ele e os investidores que o apoiaram na empreitada de comprar o Twitter “claramente estavam pagando muito” pela empresa, mostrando o quanto ele está sob pressão para melhorar os resultados financeiros da plataforma.

Nos últimos anos, o Twitter viu seus negócios crescerem num ritmo muito inferior ao de rivais. Musk já revelou que seus planos são transformar a rede social em um “super aplicativo de tudo”.

“Comprar o Twitter é acelerar a criação do X, o app de tudo”, tuitou ele recentemente.

Musk explica em carta aos anunciantes motivos para comprar o Twitter — Foto: Bloomberg
Musk explica em carta aos anunciantes motivos para comprar o Twitter — Foto: Bloomberg

Segundo analistas, seria um modelo parecido com o do chinês WeChat, que permite a troca de mensagens estilo WhatsApp mas, também, compras, pagamentos, além de contratação de serviços como transporte estilo Uber, encomendas como iFood, tudo numa única plataforma.

Pouco comuns em mercados como Estados Unidos, Europa ou mesmo Brasil, este modelo de aplicativo para tudo é muito popular na China, onde as leis para impedir concentração de mercado são mais frouxas.

Em sua primeira apresentação para investidores, para tentar atrair parceiros para a aquisição do Twitter, Musk prometeu que iria quintuplicar as receitas da plataforma para US$ 26,4 bilhões até 2028 e que iria alcançar 931 milhões de usuários, contra 238 milhões atualmente.

Segundo ele, este avanço viria de um novo negócio com o uso da plataforma como meio de pagamento, além da cobrança de assinaturas e licenciamento de dados.

Changpeng Zhao, CEO da chinesa Binance – maior corretora de criptomoedas do mundo, que investiu junto com Musk na compra do Twitter – disse em comunicado na sexta-feira que pretendia ajudar o bilionário a “tornar real sua nova visão” para a plataforma.

Segundo Changpeng, isso incluiria ampliar “o uso e a adoção das tecnologias de blockchain e cripto”, sinalizando que as critpomoedas poderão ser parte dos planos de Musk para usar o Twitter como meio de pagamento.

Anúncios e cobrança de assinatura

Ao tentar atrair investidores para financiarem a compra do Twitter, Musk afirmou que poderia criar algum tipo de assinatura para conteúdo premium na plataforma. O bilionário também disse que a empresa poderia usar melhor os dados para obter receitas com isso.

Analistas avaliam que o Twitter tem uma base de usuários qualificados e não é muito eficiente em captar anúncios.

E, apesar de Musk já ter afirmado que a empresa deveria depender menos dos anúncios no futuro – segundo ele, em 2028, a publicidade deveria ser só 45% das receitas, em vez dos 90% atuais – o novo dono do Twitter tentou tranquilizar o mercado na quinta-feira em mensagem direcionada aos anunciantes afirmando que a plataforma não seria uma “terra de ninguém” para a liberdade de expressão.

Muitas empresas temem que a abordagem de Musk para liberdade de expressão permita a circulação de discursos de ódio e desinformação e não querem ter suas marcas associadas a um ambiente tóxico e de abusos.

Segundo o Wall Street Journal, grandes grupos de publicidade já teriam sido procurados pelas empresas para as quais trabalham solicitando que retirassem os anúncios de suas marcas do Twitter caso Musk restabelecesse a conta de Donald Trump.

E como estão os rivais?

Se o Twitter sob Musk terá o desafio de crescer e mudar seu modelo de negócios, outras redes sociais que, até então, vinham de uma trajetória mais bem-sucedida também estão sob pressão.

Esta semana, a Meta, dona do Facebook e do Instagram, divulgou uma queda de 52% no seu lucro no último trimestre. O YouTube, por sua vez, também viu sua receita com anúncios cair no último trimestre, o que afetou o resultado da Alphabet, empresa que controla o Google e a plataforma de vídeos.

A chinesa TikTok é a campeã do momento. O aplicativo é o que mais cresce no mundo para busca de notícias, segundo pesquisa recente do Pew Research. Mas é alvo de investigações da União Europeia, que suspeita que o TikTok possa estar sendo usado como ferramenta de espionagem pelo governo da China.

E, no volátil mundo as redes sociais, lideranças podem ser efêmeras. O BeReal, app que permite ao usuário postar uma única foto por dia, é o que mais cresce nos EUA, concorrendo diretamente com Instagram e TikTok. O BeReal, inclusive, já virou moda no Brasil.

Riscos geopolíticos

Muitas empresas de Musk têm forte atuação em países com histórico político complicado. A Tesla, fabricante de carros elétricos que é a maior empresa do bilionário, tem na China um dos seus maiores mercados, além de concentrar grande parte de sua produção no país.

Musk já deu declarações controversas sobre a geopolítica chinesa. Em entrevista ao Financial Times, Musk, que se apresenta como um “solucionador de problemas”, sugeriu que, para resolver o conflito entre China e Taiwan, poderia ser feito um “modelo de zona administrativa especial” para a ilha.

O bilionário também quis dar opiniões sobre a guerra na Ucrânia e sugeriu o reconhecimento da anexação da Crimeia pela Rússia como um caminho para encerrar o conflito, o que enfureceu líderes ucranianos.

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