O diretor executivo de Operações e Abastecimento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Thiago José dos Santos, foi destituído do cargo, nesta terça-feira, a pedido do ministro de Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
Cabia a Santos comandar a diretoria que operacionaliza e formula editais de pregões, setor, portanto, responsável pelo leilão de arro que foi cancelado em 11 de junho pelo governo por suspeitas de irregularidade.
O pregão tinha como objetivo comprar arroz importado para manter a oferta e o preço do grão no país após as encheentes causadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, maior produtor nacional.
— Isso já está resolvido, o governo já resolveu isso. O próprio conselho hoje vai encaminhar — afirmou Teixeira pela manhã, no Palácio do Planalto, horas antes de o afastamento de Santos ser oficializado.
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Teixeira confirmou ao GLOBO que Santos foi retirado do cargo. A exoneração do diretor foi submetida e aprovada pelo Conselho de Administração (Consad) da Conab, subordinado ao Ministério de Desenvolvimento Agrário. Cabe ao colegiado deliberar quanto à diretoria-executiva da estatal, comandada por Edegar Pretto.
Essa é a segunda demissão que ocorreu em decorrência do leilão. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, também foi exonerado do cargo.
Duas empresas criadas por um ex-assessor de Neri Geller — Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e Foco Corretora de Grãos — intermediaram a venda do arroz pelo leilão. As empresas, que receberiam comissões pelo leilão, foram criadas em 2023 por um ex-assessor de Neri Geller. Com essa revelação, o certame foi então cancelado.
Na última sexta-feira, Lula afirmou que o leilão de arroz foi cancelado devido a uma "falcatrua numa empresa". A declaração foi feita à rádio Meio, em Teresina (PI).
— Tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. Tivemos a anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa (...) O arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 o pacote de cinco quilos (...) não dá pra ser um preço exorbitante — disse o presidente.
Lula disse que o governo deverá apoiar financeiramente a produção de arroz em outros estados. Hoje, a maior parte está concentrada no Rio Grande do Sul, que foi afetado por chuvas históricas em maio.
— Vamos financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprarem e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo — completou o presidente.