Os planos de saúde individuais ou familiares terão reajuste de até 6,91% neste ano, decidiu nesta terça-feira a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O índice será válido para o período que vai de 1º de maio deste ano a 30 de abril de 2025 e será aplicado na data de aniversário do contrato.
O índice ficou abaixo do registrado nos últimos anos. Em 2023, por exemplo, a alta foi de 9,63%. À exceção de 2020, no auge da pandemia de Covid, quando os planos tiveram redução de valor, este é o menor reajuste desde 2010.
Mas a alta supera a inflação média da economia. Nos últimos 12 meses, o IPCA, índice usado nas metas de inflação do governo, ficou em 3,69%.
Veja abaixo os reajustes autorizados pela ANS nos últimos anos. Caso não esteja visualizando o infográfico, clique aqui.
Na avaliação do advogado Rafael Robba, sócio do escritório Vilhena Silva, especializado em direito à saúde, o percentual de reajuste é próximo da realidade dos custos do setor, conforme dados fornecidos pelas próprias operadoras à ANS.
– O grande problema é que esse índice é aplicado apenas a uma parcela muito pequena dos contratos, pois a maior parte dos consumidores está vinculado a planos coletivos. É justamente esse tipo que recebe os maiores índices, aplicados ao bel prazer das empresas – diz ele.
Acrescentando que a discrepância entre os dois reajustes pode chegar a até 200%, como em casos já observados pelo escritório.
– Isso penaliza demais o consumidor. Essa diferença é inexplicável e levanta questionamentos sobre os critérios utilizados para definir os reajustes desses planos coletivos – analisa Robba.
Operadoras dizem que reajuste é baixo
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa parte das operadoras, afirmou em nota que o novo índice de reajuste "reflete esforços de gestão das empresas do setor", mas em muitos casos está "aquém da variação real das despesas assistenciais de parte das operadoras".
A entidade argumenta que no último ano as empresas do setor reforçaram iniciativas de controle de custos, negociação de preços, aperfeiçoamento de contratos, redução de desperdícios e combate a fraudes.
"Com isso, atenuaram em alguma medida o desequilíbrio financeiro do setor, mas sem conseguir eliminá-lo, por conta de condições que fogem ao controle das operadoras. Dados da ANS mostram que as operadoras de planos médico-hospitalares fecharam o ano de 2023 com R$ 5,9 bilhões de prejuízo operacional", diz o texto.
Reajuste retroativo
A ANS considera no cálculo do índice do setor a variação de custos médico-hospitalares nos últimos 12 meses e também o IPCA, porém descontado da inflação o subitem plano de saúde.
O índice definido pela ANS se aplica apenas aos planos individuais, que têm 8,79 milhões de usuários no país, ou 17% do total de brasileiros cobertos pela saúde privada. Mas acaba servindo de parâmetro também para o reajuste dos demais planos, tanto os empresariais como os coletivos por adesão.
O aumento anual é aplicado pelas operadoras na data de aniversário de cada contrato. Como o percentual está sendo divulgado com um mês de atraso, ele será aplicado retroativamente nos contratos que deveriam ter sido reajustados no mês passado.
Além disso, caso haja mudança de faixa etária durante o período, é possível que o consumidor tenha dois reajustes num mesmo ano.