Economia
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Por The New York Times — Bolonha, Itália

Quando Bolonha se tornou a primeira grande cidade italiana a impor um limite de velocidade de 30Km/h, Luca Mazzoli, um motorista de táxi local, colocou uma placa em seu veículo avisando os passageiros sobre a mudança.

Mal-humorado, contou que, outro dia, teve que "explicar por que estou dirigindo tão devagar". Desde que o limite passou a ser obrigatório, em meados de janeiro, Mazzoli tem levado mais tempo para ir de um ponto a outro da cidade, o que significa, segundo ele, que pegou menos passageiros e ficou preso no trânsito com mais frequência.

-- Uma cidade precisa se mover -- esbraveja o motorista.

Os críticos da medida dizem que Bolonha corre o risco de ficar paralisada desde que se tornou a primeira grande cidade italiana a se juntar a um grupo crescente de municípios que reduziram os limites de velocidade de 50 km/h na crença de que a mudança tornaria as cidades mais seguras, saudáveis e habitáveis. É o caso de Amsterdã, na Holanda; Bilbao, na Espanha; Bruxelas, na Bélgica; e Lyon, na França,

Torre Garisenda, à esquerda da Torre Asinelli, muito mais alta, em Bolonha: ruas com limite de velocidade  — Foto: Susan Wright/The New York Times
Torre Garisenda, à esquerda da Torre Asinelli, muito mais alta, em Bolonha: ruas com limite de velocidade — Foto: Susan Wright/The New York Times

O prefeito de Bolonha, Matteo Lepore, incluiu o novo limite de velocidade entre as promessas de campanha que o ajudaram a ser eleito em 2021. Referindo-se ao limite mais baixo, ele disse:

-- Dirigir a 30Km/h faz parte de uma visão de um uso mais democrático e mais sustentável do espaço público -- disse o prefeito, defendendo que é uma forma de os bairros colocarem as crianças e os idosos em primeiro lugar.

Ele também defende mais investimentos municipais em ciclovias e transporte público para trabalhar em direção à neutralidade de carbono. Além disso, acrescentou o político em uma entrevista em seu gabinete na prefeitura, as cidades italianas foram construídas ao longo de séculos e não eram adequadas para o excesso de automóveis.

Há também a questão da segurança. Velocidades mais baixas resultam em menos mortes, acrescentou Lepore, observando que houve cerca de 60 fatalidades relacionadas ao trânsito na área metropolitana de Bolonha em 2022:

-- Diante disso, é difícil argumentar que o uso de carros particulares não deve ter limites.

Mas persuadir os habitantes locais (principalmente os endinheirados) tem sido um caminho espinhoso. Bolonha é a capital de uma região que abriga os fabricantes de alguns dos carros mais rápidos e luxuosos do mundo, incluindo Ferrari, Lamborghini e Pagani.

Protestos nas ruas e nas redes sociais

Houve protestos, tanto nas ruas quanto nas mídias sociais (memes e tudo mais), e uma petição para realizar um referendo sobre o novo limite de velocidade acumulou pouco mais de 53 mil assinaturas.

A petição foi iniciada por Guendalina Furini, uma estudante da Universidade de Bolonha que estava preocupada com o fato de que seu trajeto diário de 25 milhas até a cidade aumentaria substancialmente. Ela disse que o novo limite era "difícil de manter" e acabaria fazendo com que as pessoas desistissem de visitar Bolonha porque o risco de receber uma multa era muito alto.

Pessoas andam no meio de uma rua de Bolonha, próxima à Piazza Maggiore e à torre do Palazzo del Podesta — Foto: Susan Wright/The New York Times
Pessoas andam no meio de uma rua de Bolonha, próxima à Piazza Maggiore e à torre do Palazzo del Podesta — Foto: Susan Wright/The New York Times

-- A cidade corre o risco de perder -- disse ela.

Outros críticos à medida disseram que o verdadeiro risco à segurança era ter de prestar atenção ao limite de velocidade no painel, o que significaria olhos fora da estrada.

-- As pessoas estão muito irritadas -- afirmou Giorgio Gorza, que lidera um grupo de cidadãos que vem organizando protestos.

Para piorar a situação, acrescentou, a aplicação do limite de velocidade coincidiu com problemas no trânsito devido a obras de construção de novas linhas de bondes elétricos, bem como um desvio no centro da cidade depois que uma das torres características de Bolonha teve de ser isolada.

'Caracol' como protesto

Um protesto realizado na noite de terça-feira trouxe dezenas de cidadãos e taxistas irritados para as ruas, onde dirigiram em ritmo de caracol em um desfile improvisado, buzinando alto e atrapalhando o trânsito. O novo limite de velocidade "é impossível" de se dirigir, disse Gorza, um dos organizadores do protesto.

-- É como ficar parado, e ninguém pega um carro se for para ficar parado, se demorar mais que andar. É ilógico -- disse por telefone.

O descontentamento tem sido um ganho para a oposição de centro-direita da cidade, que se juntou aos protestos antes das eleições da União Europeia em junho e, na segunda-feira, pediu um referendo sobre o limite de velocidade.

Extrema direita combate prefeito

As críticas da oposição foram ampliadas pelo ministro dos transportes italiano, Matteo Salvini, líder do partido de extrema direita Liga, que chamou o limite de Bolonha de "sem sentido".

Na semana passada, Salvini assinou uma diretriz que contestava o direito de uma cidade impor um limite geral de 30 km/h, argumentando, entre outras coisas, que as restrições deveriam ser decididas rua por rua.

Especialistas jurídicos têm debatido o peso que a diretriz poderia ter sobre as decisões de uma cidade, e a disputa poderia ser levada aos tribunais.

A Prefeitura de Bolonha respondeu observando em uma declaração que seus limites de velocidade estavam de acordo com a legislação nacional existente. "Nossa prioridade é a segurança viária e a qualidade de vida das pessoas", disse a declaração.

Lepore observou que o novo limite afetava apenas 70% da cidade, com as estradas restantes mantendo limites de 50K/h ou 70 km/h. Ele disse que a cidade estava aberta a "correções" no limite de velocidade, mas não antes de um período de monitoramento.

Durante as duas primeiras semanas, apenas 25 multas por excesso de velocidade foram emitidas, de acordo com a prefeitura. Nessa fase, "estamos mais interessados em informar do que em aplicar multas", disse o prefeito.

Lepore disse estar certo de que os resultados positivos de sua medida logo se tornarão aparentes.

Sardenha teve a primeira cidade a limitar velocidade

Em 2021, Olbia, na Sardenha, tornou-se a primeira cidade italiana a estabelecer um limite amplo de 30 km/h. Lá, também, as reações iniciais foram duras, lembrou o prefeito, Settimo Nizzi:

-- Mas é correto que um prefeito pense na qualidade de vida de seus cidadãos.

Durante meses, as autoridades trabalharam ao lado dos moradores para exaltar os benefícios de uma cidade mais amigável para pedestres e bicicletas, "para acostumá-los a esse novo estilo de vida", acrescentou.

Andar a pé "é muito melhor para você", observou Nizzi, e agora as pessoas em Olbia "estão mais felizes".

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