Economia
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Por Janaina Figueiredo — Rio

Mauricio Claver-Carone, primeiro americano em assumir a Presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), chegou ao posto graças aos apoios cruciais dos governos de Donald Trump (2016-2020), Jair Bolsonaro e do colombiano Iván Duque (2018-2022). A articulação entre Estados Unidos, Brasil e Colômbia foi mais forte do que a oposição de uma frente anti Claver-Carone liderada, há dois anos, por México e Argentina. A queda do ex-funcionário do governo Trump é, portanto, o fracasso de uma aliança estratégica de governos de direita, que politizaram como nunca antes tinha acontecido a eleição do cargo mais importante de uma instituição fundamental para os países da região.

Na época, Juan Tokatlián, vice-reitor da Universidade Di Tella de Buenos Aires e um dos especialistas em política internacional mais renomados da América Latina, afirmou que a escolha de Claver-Carone foi consequência, entre outras coisas, do inédito estado de fragmentação regional.

De fato, nos últimos anos — e isso ficou especialmente claro durante a pandemia — os países latino-americanos se voltaram para si mesmos. Organismos de governança regional como a União de Nações Sul-americanas (UNASUL, hoje desativada), Mercosul (mergulhado em crises internas) e a própria Organização de Estados Americanos (OEA) perderam relevância.

Desunidos, os países da região chegaram à eleição do presidente do BID, em setembro de 2020, divididos em grupos que disputaram o cargo num clima de forte tensão. Essa fragmentação e, na época, a fortaleza do triângulo formado por EUA, Brasil e Colômbia permitiram que pela primeira vez na História da instituição fosse eleito um presidente não latino-americano.

Claver-Carone cai, finalmente, por um escândalo amoroso, mas internamente fontes do BID asseguram que o fato que o derrubou é apenas a ponta do Iceberg. O Brasil ajudou a eleger um presidente que, segundo as mesmas fontes, criou um ambiente hostil dentro do banco, como nunca antes tinha acontecido. Relações tensas com vários países da região, entre eles, obviamente, os que se opuseram à sua eleição.

Com a Argentina, o vínculo se tornou quase inviável, ao ponto de que antes de receber o novo ministro da Economia do país, Sergio Massa, em meados deste mês, Claver-Carone disse ao enviado da Casa Rosada, revelaram fontes, que estava feliz de “finalmente falar com um membro do governo argentino que não fosse comunista”.

O agora ex-presidente do BID politizou a instituição e, como aconteceu em outros âmbitos de governança regional, ideologizou as relações. Para a Casa Branca, Claver-Carone era uma pedra no sapato. A intenção de afastá-lo vem sendo discutida faz tempo, confirmaram outras fontes, e finalmente se avançou quando se teve a confirmação de que o apoio seria expressivo.

Para o Brasil de Bolsonaro, o afastamento do ex-presidente do BID é mais um fracasso de uma política externa traçada pelo ex-chanceler Ernesto Araújo, que seu sucessor, Carlos França, suavizou. Mas no BID, o dano estava feito.

O governo brasileiro deu seu voto crucial para um presidente que passará para a história do BID como uma experiência nefasta, e que, além de tudo, nunca cumpriu as promessas feitas ao governo Bolsonaro em termos de cargos dentro da instituição, confirmaram as mesmas fontes.

Isso também explica por que — além da denúncia anônima sobre a contratação de uma pessoa com a qual Claver-Carone mantinha um relacionamento — , depois de apoiá-lo, o Brasil votou por seu afastamento.

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