A americana Bunge informou que acertou a venda de sua participação de 50% na BP Bunge Bioenergia para a britânica British Petroleum (BP), sua parceira na joint venture, formada em 2019. A Bunge Bioenergia combinou os negócios no Brasil de bioenergia e etanol de cana-de-açúcar das duas empresas. Após o fechamento do negócio, a BP terá 100% da empresa.
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A Bunge informou que o negócio deve gerar receitas próximas a US$ 800 milhões, a depender de quando a transação for concluída, descontando dívidas e obrigações de arrendamento que serão quitadas. A expectativa é que a venda seja concluída até o quarto trimestre.
11 usinas no país
A joint venture tem 11 usinas localizadas nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil. Essas usinas têm capacidade de processamento de 32,4 milhões de toneladas de cana por safra. Podem produzir 1,7 milhão de toneladas de açúcar e 1,7 bilhão de litros de etanol.
Greg Heckman, CEO da Bunge, comentou em nota divulgada pela empresa, que a joint venture caminha para se tornar uma empresa líder em açúcar e bioenergia. No entanto, o negócio não é essencial para a estratégia de longo prazo da Bunge e a venda vai permitir que a empresa foque nos negócios principais.
A Bunge é líder mundial em processamento de grãos e oleaginosas e um dos principais produtores e fornecedores de farinha de trigo, óleos, gorduras e proteínas vegetais especiais.
"A transação nos permitirá focar e investir em nossos negócios principais e, ao mesmo tempo, fortalecer ainda mais nosso balanço patrimonial. A BP tem sido uma parceira valiosa para a Bunge", informou Heckman.
O negócio ocorre em meio à crescente preocupação dos investidores com a estratégia da BP, depois que a agência S&P revisou para baixo a perspectiva de crédito da BP, no início do mês, citando uma redução da dívida mais lenta do que o esperado.
Disciplina financeira
Em comunicado, a BP informou que a aquisição se enquadra na estrutura de disciplina financeira da companhia, incluindo metas de investimento de cerca de US$ 16 bilhões em 2024 e 2025. Após a conclusão da compra, a BP terá capacidade para produzir cerca de 50 mil barris por dia de etanol a partir da cana-de-açúcar.
A BP informou que está revendo globalmente os planos para o desenvolvimento de novos projetos de biocombustíveis, como SAF (de aviação) e diesel renovável, interrompendo o planejamento de dois potenciais projetos, ao mesmo tempo em que reavalia outros três em outros países. O objetivo é simplificar o portfólio de produtos.
Em nota, Emma Delaney, vice-presidente executiva do segmento de clientes e produtos da BP, lembrou que a empresa entrou de forma pioneira no negócio de bioenergia no Brasil e espera continuar a crescer e desenvolver no país.
“Estamos focando nossos planos no desenvolvimento de novos projetos de biocombustíveis, mas de uma forma mais simples e mais focada", diz a executiva na nota. A empresa também vê potencial para novas oportunidades de crescimento na região e para desenvolver novas plataformas para a bioenergia, como o etanol de segunda geração, o combustível de aviação sustentável (SAF) e o biogás.
O banco J.P. Morgan atua como consultor financeiro exclusivo da Bunge, e o Tauil & Chequer Advogados, associado ao Mayer Brown, atua como consultor jurídico.