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Por — Rio de Janeiro

Uma das vias estratégicas para o desenvolvimento sustentável, a economia circular já faz parte do cotidiano de 76,4% das indústrias brasileiras, que adotam, em maior ou menor escala, processos que buscam otimizar a produção com o uso mais eficiente de recursos naturais, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). De reúso de água a reciclagem de materiais, passando por logística reversa e utilização de biomassa para gerar energia, as práticas de circularidade permitem aos negócios baixar custos, agregar valor a produtos e serviços e ganhar competitividade.

Há espaço para a adesão maciça ao modelo, mas a falta de incentivos fiscais, barreiras regulatórias e a ausência de uma política nacional de fomento a esse sistema são alguns entraves apontados pelas empresas.

No cenário industrial do país, a cadeia de produção de papel se destaca na transição da economia linear — baseada em extrair, fabricar e descartar — para a circular, que diminui a retirada de recursos da natureza e aumenta a reutilização de matérias-primas em um ciclo. Com isso, as indústrias já conseguem ter emissões negativas de carbono, ou seja, capturar mais do que liberar gases do efeito estufa na atmosfera. Um exemplo é a Bracell, de celulose, cujas atividades são totalmente livres de combustíveis fósseis e sequestraram 5,3 milhões de toneladas de carbono em 2022.

Na unidade de Lençóis Paulista, em São Paulo, a companhia instalou um gaseificador que queima restos de madeira de eucalipto, usada na fabricação da celulose, para produzir Syngas (ou gás de síntese). O biogás substitui o uso de gás natural e óleos combustíveis de origem fóssil em fornos de cal, o que diminui emissões de carbono, desperdícios, resíduos e custos operacionais.

Etanol de 2ª geração

A fábrica opera com 100% de energia renovável gerada a partir da queima da fração orgânica do licor negro, um subproduto da celulose, em uma caldeira de recuperação química — procedimento comum nas indústrias do setor. E ainda sobra um volume suficiente para abastecer, de forma contínua, 750 mil residências, que é disponibilizado na rede elétrica nacional.

Dentro do conceito de economia circular, a Bracell também recupera o potássio presente nos resíduos industriais e o converte em um sal para ser empregado na floresta como fertilizante. A maior parte do eucalipto utilizado pela empresa é de cultivo próprio. Em compras de fornecedores, é feito o controle e rastreamento de procedência. No futuro, a companhia pretende construir uma fábrica de corretivo calcítico, para transformar resíduos em um produto rico em cálcio que também poderá voltar para a floresta, substituindo o calcário que é adquirido para corrigir a acidez do solo. Outra prática da Bracell é captar e tratar água da chuva para uso operacional, o que reduz a coleta de águas fluviais.

— Da água captada no Rio Tietê, 95% retorna ao corpo hídrico com parâmetros de qualidade que atendem a todos os requisitos da legislação — diz o gerente sênior industrial da Bracell em São Paulo, Alexandre Figueiredo.

Já a Raízen, do setor sucroenergético, tem duas refinarias de etanol de segunda geração (E2G), álcool produzido a partir do bagaço de cana que sobra da fabricação de açúcar e etanol comum (de primeira geração). Os parques de bioenergia, que custaram R$ 1,2 bilhão cada um, permitem o aproveitamento total do resíduo. Quimicamente idêntico ao etanol de primeira geração (E1G), o E2G tem alto valor agregado por ser mais sustentável: além de não competir com o cultivo de alimentos, a pegada de carbono é 30% menor do que a do primeira geração e 80% menor do que a dos combustíveis fósseis.

Sem resíduos

O bagaço contém uma quantidade significativa de açúcar e pode ser aproveitado com mais eficiência. Por isso, nas refinarias de etanol de segunda geração, em vez de todo o bagaço seguir para gerar energia elétrica, uma fração é destinada à fabricação de álcool. Com esse processo, a Raízen consegue elevar em até 50% sua produção sem precisar aumentar a área de plantio.

A maior parte de E2G é exportada para Europa e Estados Unidos, onde há políticas públicas de descarbonização consolidadas e compradores com mais apetite para arcar com a diferença de preço em relação ao etanol comum. O produto é utilizado, por exemplo, pela Scuderia Ferrari na mistura de combustíveis que abastece os carros da Fórmula 1. No Brasil, o Boticário usa o E2G em cosméticos como ação de sustentabilidade.

— O etanol brasileiro é imbatível em circularidade. Nada dos subprodutos se perde, tudo que sobra vira energia ou fertilizante. Nosso álcool tem mais valor agregado e, por isso, exportamos para os Estados Unidos, mesmo eles sendo o maior produtor mundial —afirma o gerente de Desenvolvimento Sustentável da Raízen, André Werneck.

Potencial de US$ 4,5 tri

Segundo Werneck, esses processos eliminam a necessidade de gestão de resíduos. Há nos planos da empresa a construção de mais 20 plantas de E2G, cada uma com capacidade de 82 milhões de litros por ano. A meta é que todos os parques de bioenergia tenham certificados verdes — hoje, 80% já possuem o selo Bonsucro, específico para negócios de cana-de-açúcar.

Avaliação da consultoria internacional Accenture apontou que a economia circular tem potencial para movimentar US$ 4,5 trilhões e gerar 4,8 milhões de empregos na América Latina e Caribe até 2030. No Brasil, pesquisa da CNI em 2019 mostrou que 88,2% dos empresários avaliam a economia circular como importante.

Para o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, o fato de o Projeto de Lei 1874/2022, que institui a Política Nacional de Economia Circular, já ter sido aprovado pelo Senado — o texto agora tramita na Câmara — é positivo, assim como a Nova Indústria Brasil, política do governo que vai investir R$ 300 bilhões em projetos industriais até 2026.

— Precisamos nos debruçar, sobretudo, sobre cadeias longas, como a têxtil.

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