Negócios
PUBLICIDADE

Por Bruno Rosa, Glauce Cavalcanti e Vitor da Costa — Rio

Com caixa esvaziado e sem acordo com bancos, a Americanas entrou em recuperação judicial ontem no Rio, com um pedido em caráter de urgência, que foi aceito no mesmo dia. Com R$ 43 bilhões em dívidas e 16.300 credores, o processo da empresa será o quarto maior já registrado no país.

De acordo com levantamento feito pelos escritórios Lara Martins Advogados e Mingrone e Brandariz, a recuperação judicial da Americanas, considerando o endividamento, só fica atrás dos casos de Odebrecht (R$ 80 bilhões), Oi (R$ 65 bilhões) e Samarco (R$ 55 bilhões).

De início, a empresa tem 60 dias para apresentar seu plano de recuperação à Justiça. Já na tarde de ontem, contudo, diversos credores afirmavam esperar que a Americanas acene com uma proposta de corte de 80% a 90% do valor da dívida. O cenário é de negociações tensas, diz uma fonte a par das conversas.

Só R$ 250 milhões no caixa

Na manhã de quinta-feira, a empresa havia alertado, por meio de fato relevante divulgado ao mercado, que devido a um tombo em seu caixa — reduzido de R$ 8 bilhões para R$ 800 milhões em menos de uma semana —, poderia pedir recuperação em dias ou mesmo em horas.

Mergulhada em uma crise iniciada há uma semana, após a divulgação de “inconsistências contábeis” no valor de R$ 20 bilhões no balanço de 2022 e anos anteriores, com direito a troca no comando da companhia, desvalorização das ações, batalha na Justiça com credores e restrições de caixa, a Americanas acabou pedindo recuperação judicial.

Ainda na quinta, a empresa informou ter apenas R$ 250 milhões disponíveis em caixa, bem menos que os R$ 800 milhões revelados na véspera. O recuo foi causado por bloqueios de recursos feitos pelos bancos nos últimos dias, como BTG Pactual, Bradesco, Safra, Votorantim e Itaú. Na petição à Justiça, a varejista solicitou que esses valores sejam desbloqueados, argumentando que foram resgatados de “forma ilícita, arbitrária e ilegítima.”

Dos R$ 800 milhões que restavam no caixa, o Banco Safra bloqueou quase R$ 100 milhões; o Bradesco, cerca de R$ 474 milhões; e o Banco Itaú, quase R$ 50 milhões.

Operação de caixa na Americanas — Foto: Reprodução
Operação de caixa na Americanas — Foto: Reprodução

Sem esses recursos, justificou a companhia, “as lojas do Grupo Americanas, portanto, correm o risco concreto de fechar as portas”, pela falta de capital para manter a atividade empresarial.

Diante do risco, a empresa optou pela recuperação, com seu pedido acolhido horas depois pela Justiça. Em sua decisão, o juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial da Justiça do Rio, disse que “a eventual quebra do Grupo Americanas pode acarretar o colapso da cadeia de produção do Brasil, com prejuízos em relevantes setores econômicos, afetando mais de 50 milhões de consumidores, colocando em risco dezenas de milhares de empregos.”

Mas o que isso significa? A recuperação judicial é feita com o objetivo de assegurar a continuidade da empresa e evitar que ela quebre.

A Lei de Recuperação de Empresas e Falências foi criada em 2005 e passou por uma última atualização em 2020. Ela leva em conta a função social da empresa e visa a continuidade dos negócios e a preservação de empregos.

Plano de recuperação

Ao recorrer à Justiça, a companhia consegue blindar seu caixa da cobrança dos credores por um período de 180 dias (que podem ser prorrogados pelo juiz da recuperação). Nesta etapa, a empresa deve iniciar negociação com os credores para formular um plano de recuperação, que precisa ser aprovado em assembleia por eles.

Os credores são divididos em categorias, e há ordem de prioridade no pagamento das dívidas. Os primeiros a receber são os trabalhadores. Na sequência, estão os credores com dívidas com garantia e, por fim, os sem garantia.

No último dia 13, a Americanas já havia obtido na Justiça uma medida que a protegia contra a cobrança de dívidas antecipadas por um período de 30 dias. Neste prazo, ela deveria preparar o pedido de recuperação judicial.

Meme sobre descoberta de rombo de R$ 20 bilhões nas Lojas Americanas — Foto: Twitter / Reprodução
Meme sobre descoberta de rombo de R$ 20 bilhões nas Lojas Americanas — Foto: Twitter / Reprodução

Mas um dos pontos da decisão azedou o clima com os bancos. Ela previa que a proibição de resgatar recursos valia a partir do dia 11, quando a Americanas divulgou o rombo bilionário nas contas.

Isso levou a uma grande disputa entre Americanas e credores pelo caixa da empresa. É que cobranças já efetivadas nesse intervalo teriam de ser desfeitas. BTG Pactual, Banco Votorantim, Bank of America, Goldman Sachs, Safra, Bradesco e Itaú entraram na Justiça contra a decisão.

No pedido de recuperação, a Americanas diz que a queda no valor das ações, de quase 80% em menos de uma semana e desde a divulgação do problema financeiro, e o rebaixamento de suas notas de crédito pelas agências de classificação de risco deixaram os credores financeiros “em polvorosa”.

Isso foi determinante para que os bancos se recusassem a celebrar operações de adiantamento de pagamentos de cartão de crédito, o que poderia gerar caixa adicional superior a R$ 3 bilhões, montante necessário para manter a operação da varejista no curto prazo. Ou seja, dos R$ 8 bilhões em caixa antes da crise, R$ 3 bilhões viriam dessas operações.

Efeito até no ovo de Páscoa

A Americanas cita a vitória na Justiça do BTG Pactual, que conseguiu reaver R$ 1,2 bilhão, como um dos estopins para que decidisse pedir a recuperação judicial. Ela diz que “a situação de caixa da companhia, que já era sensível, foi drasticamente afetada”.

A varejista lembrou que “o bloqueio indevido de quase R$ 1,5 bilhão numa situação periclitante como a atual faz com que a manutenção dos negócios do Grupo Americanas seja impossível sem a proteção da recuperação judicial.” Deste total, R$ 1,2 bilhão estão com o BTG.

Ao falar sobre o efeito no varejo, a empresa diz que a crise do grupo “pode afetar até mesmo o preço do ovo de Páscoa, pois se trata da maior varejista de ovos de Páscoa do mundo!”

Na lista de argumentos, citou ainda o Big Brother Brasil: “Tamanha é a magnitude da companhia que se tornou, nos últimos anos, o principal parceiro dos maiores programas de entretenimento do país, dentre eles o Big Brother Brasil – BBB, ‘entrando’ na casa de dezenas de milhões de brasileiros com suas propagandas e ativações no horário nobre dos canais mais assistidos da televisão brasileira.”

Mais recente Próxima Crise da Americanas: lojistas elevam preços de produtos para não vender no marketplace
Mais do Globo

Com apenas 12 anos, Sarah Rector faturava 15 mil dólares por mês com petróleo

De analfabeta a milionária: conheça a história da menina que virou primeira mulher negra rica dos EUA

Treinador estreou no comando do Tricolor com um empate em casa

Mano Menezes analisa empate do Fluminense e mostra otimismo em recuperação no Brasileirão: 'Daqui para cima'

Ex-estrela de filmes pornô denunciou magnata da música; Diddy é alvo de diversas ações civis

Abuso físico e tráfico sexual: rapper Diddy enfrenta novo processo nos EUA

Dissidentes das FARC e rebeldes do ELN seriam responsáveis por "área preparada com explosivos"

Seis militares morrem em campo minado por rebeldes, na Colômbia

Antes de ser indiciado pela PF, ex-presidente havia retomado viagens para pedir votos

Pecha de ʽladrão de joiasʼ mina discurso de Bolsonaro

Com golaço de Ganso, tricolor até encerrou sequência de seis derrotas, mas segue sem vencer há oito rodadas

Na estreia de Mano Menezes, Fluminense busca empate com Internacional, mas segue na lanterna do Brasileiro

Parlamentar criticou o oponente na disputa pela prefeitura de São Paulo por sugerir que o familiar dela morreu em meio a decisão de morar fora do país para estudar em Harvard

Tabata chama Marçal de 'sujeitinho' por insinuação sobre morte do pai da deputada

Associação que reúne as montadoras brasileiras projeta um volume de importação de 450 mil veículos só em 2024 e vê impacto negativo no mercado nacional e nas exportações

Importação de veículos deve superar exportação este ano, prevê Anfavea, que pede mais imposto para elétricos

Atacante argentino não balança a rede desde o dia 4 de maio, contra o Atlético-MG

Sem marcar há 12 jogos, Cano fecha dois meses de jejum de gols pelo Fluminense

Francisco Agustín Castro disse ser policial reformado e foi apreendido após uma busca policial encontrar com ele uma pistola 9mm e um carregador com 11 balas

Homem é detido com arma nas imediações de local onde presidente da Argentina participava de ato