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Por Talita Duvanel


Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke) em Heartstopper — Foto: Netflix
Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke) em Heartstopper — Foto: Netflix

Sandro Alex gastou duas horas do último domingo criando um filtro de Instagram com a brincadeira “Quem é você em Heartstopper”. O jovem de 22 anos, de Ponta Grossa, no Paraná, tomou para si a missão de ajudar a promover a história de amor entre os adolescentes Charlie e Nick, porque o casal faz parte de sua vida há tempos, antes mesmo de os quadrinhos da jovem inglesa Alice Oseman virarem série de TV. O paranaense ouviu falar deles pela primeira vez no Twitter, e depois migrou para o Tapas, uma das plataformas virtuais onde, desde 2016, Alice publica os capítulos da história.

Hoje, o trabalho da autora é disputado por editoras tradicionais do mundo inteiro, que lançam as HQs em volumes (o quarto sai por aqui pela Seguinte, em junho). Mas a escritora e ilustradora segue com este formato digital e mais direto com o leitor.

— A história me chamou a atenção por ser leve, bonita, e por conseguir abordar muitos assuntos importantes, como preconceito LGBTQ e bullying, de uma maneira que você não sente um gatilho forte — diz Sandro.

O enredo “leve e bonito” saiu da internet, migrou para o papel e agora foi parar na TV, num expressivo arrebatamento de fãs, de todas as gerações. A série é a quinta mais vista na Netflix global, e os dois primeiros volumes da HQ são os livros mais vendidos de toda a Amazon Brasil. E desde que a série estreou, vira e mexe está nos trending topics no Twitter (o Brasil, aliás, é o país que mais tuitou sobre “Heartstopper” até agora, segundo a rede social).

Heartstopper: volume 4 — Foto: Editora Seguinte
Heartstopper: volume 4 — Foto: Editora Seguinte

— A produção desse tipo de literatura está florescendo, existe um elenco diverso tratando de representatividade de um jeito delicado e natural — diz Antonio Castro, editor da Seguinte. — É uma geração que cresceu sentindo falta de ver essas séries, de ler esses textos.

Mas por que “Heartsoppter” está fazendo o coração de tanta gente bater forte? Ela trata basicamente do nascimento do amor entre dois meninos. Um deles é o tímido Charlie (o estreante Joe Locke), abertamente gay; o outro é o popular Nick (Kit Connor, de “Rocketman”), que se descobre bissexual à medida que vira amigo de Charlie.

—Histórias como “Heartstopper” não acabam em tragédia, não passam ideia de que ser LGBT é um castigo. São simples e felizes — diz a ilustradora e escritora Luiza de Souza, de 29 anos, conhecida como Ilustralu.

Além de fã da HQ de Alice Oseman e da série, Luiza é autora de “Arlindo”, uma espécie de “Heartstopper” à brasileira, não somente pelo fato de o personagem ser um adolescente gay e passar por algumas situações semelhantes às vividas por Charlie, mas também por ter começado a produzir o conteúdo on-line e depois ser contratada por uma editora tradicional.

Personagens diversos, num mundo idem

O sucesso de “Heartstopper” traz uma notável contribuição para o debate cultural de representatividade. Mostrar crianças e adolescentes LGBTQIAP+ em situações cotidianas e com possibilidade de final feliz, dizem estudiosos das teorias de gênero, é essencial para um futuro para além dos traumas. Jaqueline Gomes de Jesus, professora de Psicologia da Fiocruz e do IFRJ, pontua, ainda, a importância da personagem Elle, a menina trans amiga de Charlie, interpretada pela atriz, também trans, Yasmin Finney:

—É mais comum vermos crianças e adolescentes lésbicas e gays nas produções. Parte da transfobia é não imaginar que houve um desenvolvimento humano, que aquela pessoa foi criança e pode se tornar idosa.

Para o podcaster Kaique Brito, de 17 anos, esta profusão de tipos, inclusive raciais, faz com que todos se sintam abraçados.

— Há tantos personagens diversos que é impossível não se ver em algum — diz o jovem de Salvador, que se identifica mais “com Charlie, Tara e Elle”.

O fato de a HQ e a série não abordarem temas que elevam a classificação indicativa de um produto, como drogas e sexo, aumenta a capilaridade, não apenas entre os jovens, mas entre os próprios adultos. É o que pensa o cineasta Daniel Ribeiro, que dirigiu “Hoje eu quero voltar sozinho” (2016), um filme sobre um adolescente cego que se apaixona por um amigo.

—Quando você faz “Heartstopper” ou um filme como o meu, com um elenco superjovem, neutralizamos o sexo — analisa. — Se você elimina essas questões adultas numa história sobre a descoberta da paixão, alcança não somente o adolescente, mas também um público que pode até ser mais preconceituoso.

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