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Por Talita Duvanel — Rio de Janeiro

Ainda uma criança em São José dos Campos, no interior de São Paulo, no início dos anos 1990, Ikaro Kadoshi diariamente era pura expectativa quando começava o “Xou da Xuxa”, programa exibido nas manhãs da TV Globo entre 1986 e 1992.

— Você não sabia o que esperar quando a nave por onde ela saía abria a porta. Como a Xuxa ia descer, como estaria vestida. Ela sempre foi uma tela em branco — diz Ikaro.

Tela em branco que todo dia ganhava contornos coloridíssimos, espalhafatosos, lúdicos e, para muita gente, inspiradores. Oito anos depois do fim do “Xou”, Ikaro começou a trabalhar como drag queen e teve na apresentadora uma de suas maiores inspirações. E não só dele. Se Xuxa ficou popularmente conhecida como “rainha dos baixinhos”, ela foi, também, “rainha das drags”.

Gloria Groove que o diga. No “Altas horas”, programa de Serginho Groisman que homenageou a apresentadora por seus 60 anos no mês passado, cravou: “Acho que, neste momento, falo por todas as drag queens brasileiras, que, sem ter a Xuxa na nossa vida, a gente não seria capaz de fazer metade do que realizamos até aqui. Fora que a gente não teria inúmeras referências incríveis de moda, visual, filme, música.”

Apresentadora do “Caravana das drags” com Ikaro, reality do Prime Video que estreia hoje, Xuxa brinca que já se sentia um pouco drag queen na TV, mesmo sem ter total consciência do que era isso — e sem o contexto de expressão política intrínseco a muitas drags.

— Eu queria ser um pouco mais, me vestir mais para criança. Queria chamar atenção — diz Xuxa. — Uma vez, uma criança falou para mim: “Você parece minha árvore de Natal.” Eu falei: “Ai, que lindo ser uma árvore de Natal” (risos). Acho que drag é um holofote, uma árvore de Natal, uma purpurina em pessoa.

Pesquisador de gênero e professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Jo Fagner diz que Xuxa não foi drag, mas, de fato, foi uma referência para a cultura que se estabeleceu nos anos 1990 e também para a arte transformista, popular na década anterior:

— O ator transformista do teatro, das casas noturnas e de programas de TV, como de Silvio Santos, se inspirava em figuras femininas icônicas em suas cenas de dublagem, e Xuxa também já era uma dessas figuras.

Num momento sem referências estrangeiras (o streaming não era nem rascunho, quanto mais a drag race de RuPaul), ela era possivelmente a referência mais difundida de ultrafeminino para a comunidade LGBTQIAP+.

— Figuras como Xuxa fugiam da imagem do feminino convencional com seus figurinos e adereços que escapavam da regra. Ela abusava do exagero nas composições estéticas. Isso esteve muito presente no imaginário — diz Jo.

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