Daniel Gonzaga, neto de Luiz Gonzaga, foi às redes sociais neste sábado deixar claro que a família dele e a de João Silva — dois compositores do forró "Pagode russo"— não autorizaram Juliette a fazer alterações na letra e transformar a canção em "Vem galopar". A música, lançada pela cantora e ex-BBB nesta semana, faz parte do projeto "São Juão" e, segundo a própria artista, em entrevista ao G1, teria tido aval deles para ser lançada. Daniel, no entanto, negou e esclareceu que o fonograma pertence a Universal Publishing, a responsável pelo acordo. Horas depois, porém, ele voltou às redes para dizer ter conversado com a própria Juliette para "elucidar a questão".
"Conversei com Juliette agora. Pactuamos algo importante hoje sobre a cultura nacional. Esse jogo é muito maior do que a gente. Não é sobre nós. É sobre valorização. Ela sabe bem disso. Assim como eu é uma amante da nossa cultura. Sua ajuda é fundamental. Diálogos servem para isso", escreveu ele no X. "As autorizações foram trocadas entre editoras. Não é sobre a Juliette. É sobre um mercado que nos mastiga e engole. Ela não MENTIU em momento algum e foi muito MULHER de ligar no meu telefone e elucidar a questão comigo. Meus respeitos e a minha defesa à amiga Juliette".
A reclamação inicial
No início da tarde, Daniel, que também é músico, fez postagens esclarecendo que as famílias Gonzaga e Silva não haviam autorizado nada em relação à canção "Pagode russo". Toda negociação foi capitaneada pela detentora do fonograma, ele disse.
"Passando pra avisar que A FAMÍLIA GONZAGA NÃO AUTORIZOU A ARTISTA @juliette ou QUALQUER OUTRO ARTISTA a mudar a letra de PAGODE RUSSO (Gonzaga/ João Silva). A música em questão é da UNIVERSAL, que faz o que quer NÃO SOU EU QUEM COMANDA É feito à nossa revelia.Absurdo mas é isso", escreveu ele no X.
No Instagram, Daniel publicou um vídeo com mensagem semelhante.
"Não há uma autorização formal da família Gonzaga. A autorização é deles (Universal) e eles fazem o que eles quiserem. Eu sou contra as gravadoras fazerem o que querem. É claro que o direito é delas, mas há um direito moral. E mudar a música de João Silva, pelo que eu vi, eu achei um pouco de falta de respeito. Então, vocês façam o que vocês quiserem, só não digam que a família autorizou", desabafou.
Resposta de Juliette
Por meio de sua assessoria de imprensa, a paraibana reiterou que houve autorização, mas, desta vez, disse que a Universal Publishing, dona garantiu ter o aval da família.
"A Publishing garantiu à Juliette que a família de Luiz Gonzaga e João Silva havia autorizado o lançamento da música, não havendo qualquer restrição quanto a isso. A editora também afirmou à cantora que familiares ouviram o resultado e que gostaram da versão. Juliette afirma que não é ela a responsável pelos trâmites legais que envolvem a liberação de fonogramas", dizia a nota.
Ao G1, na última sexta-feira, Juliette falou sobre a dificuldade de ter o.k dos herdeiros de Gonzaga.
“Eles são muito criteriosos com isso. É muito difícil a família de Gonzaga liberar alguma coisa. Eles têm que ouvir e entender que não vai ser nada prejudicial à obra dele", disse.
No vídeo de Daniel, ele diz que a família havia sido procurada por Anitta para a música em questão. De fato, Juliette diz, ao G1, que "Vem galopar" foi primeiramente pensada para a carioca. Mas “mudei algumas coisas na letra e no beat, para deixar com a minha cara. Fizemos algumas adaptações, mas sem perder o foco da inspiração de Gonzaga”, contou.
Críticas à letra
Quando lançou à música, a cantora recebeu diversas críticas por ter alterado a canção original e não agregar à cultura das festas de São João. O refrão diz: “Vem galopar / Fazer o roça roça / Dançando o tcha-tcha-tcha /Vem se envolver com a tropa".
Ela, então, fez um vídeo, explicando o duplo sentido dos versos e comparando com outros clássicos, como “Severina Xique-Xique”, de Genival Lacerda, e “Só gosto de tudo grande”, de Marinês.
“Eu não sou a inventora do duplo sentido. Se você pesquisar um pouquinho, você vai ver que estava aí desde que o mundo é mundo. Agora, a música ‘Vem galopar’ tá massa, releitura de ‘Pagode russo’, de Luiz Gonzaga”, argumentou Juliette.
Ainda assim, houve pessoas dizendo que o problema não é a letra e, sim, a adaptação.
"O problema não é o duplo sentido. É a releitura em si. Tá querendo modernizar o clássico e vamos combinar que não precisava", escreveu um seguidor.
"E desde quando o problema foi o duplo sentido? Esse recurso está presente em diversas obras nordestinas e tem apelo cultural. É enriquecedor quando utilizado de forma criativa. Agora, sua versão da nem pra chamar de releitura, letra pobre e preguiçosa, mais do mesmo", ponderou outro.