Uma das maiores vozes francesas da segunda metade do século XX, Françoise Hardy morreu nesta terça-feira (11), aos 80 anos. A morte foi confirmada por seu filho, Thomas Dutronc, nas suas redes sociais.
Não há confirmação, até o momento, da causa de sua morte, mas a cantora tratava um câncer na faringe desde 2021. Anos antes, em 2004, ela já havia recebido o diagnóstico de um câncer linfático. No final do ano passado, ela publicou uma carta aberta ao presidente francês Emmanuel Macron, no jornal La Tribune du Dimanche, pedindo a legalização da eutanásia.
Nascida em 1944 em um bairro popular de Paris, durante a ocupação nazista da França, e filha de uma mãe solteira, ela conseguiu sua primeira guitarra aos 16 anos e estudou em um pequeno conservatório de música. Em 1962, Françoise estourou com a música "Les garçons et les filles", até hoje o seu maior sucesso, em um EP lançado pelo selo "Contact Avec...", com o qual a gravadora Vogue apresentava novos artistas. Após vender quatro milhões de cópias, a cantora lança seu primeiro LP em dezembro do mesmo ano.
Com o fotógrafo Jean-Marie Périer, com quem se relaciona até 1967, Françoise entrou no mundo da moda atuando como modelo, e tornou-se um ícone fashion. Em 1964, a cantora vem ao Brasil pela primeira vez, para shows no Rio e em São Paulo, iniciando sua relação com o país. Quatro anos depois, ela voltaria ao Brasil para se apresentar no III Festival Internacional da Canção, no Rio, para defende uma canção de sua autoria, "A quoi ça sert".
Ela gravaria depois, em françês, "Sabiá", ("La mesange"), vencedora em uma conturbada disputa com "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré, cuja a preferência do público universitário rendeu a maior vaia da história dos festivais à música de Tom Jobim e Chico Buarque. Em 1971, Françoise lançou o disco "La question", com a participação da cantora e violonista brasileira Tuca e forte influência da bossa nova.
Entre 1962 e 1973, quando lançou um disco por ano, a cantora conquistou novos êxitos com temas escritos por Serge Gainsbourg, como "Comment te dire adieu" e "L'' anamour". Em 1967 começou um relacionamento com o músico Jacques Dutronc, com o qual teve o filho, Thomas Dutronc, em 1973, e com quem se casou em 1981.
O talento e a beleza a levaram também ao cinema, atuando em longas como "Castelo na Suécia" (1963), de Roger Vadim; "Une balle au coeur" (1966), de Jean-Daniel Pollet; e "Masculino e feminino" (1966), de Jean-Luc Godard, além de participações em filmes como "O que é que há, gatinha?" (1965), dirigido por Clive Donner a partir de roteiro Woody Allen, comédia em que contracenou com Peter Sellers e Peter O'Toole.
Em 2018, a cantora e compositora lançou seu último álbum, o 28º de sua carreira, "Personne d'autre", fortemente influenciado pelos anos tratando o linfoma. No ano passado, Françoise foi a única representante da França no ranking elaborada pela revista americana Rolling Stone das 200 melhores cantoras de todos os tempo.