Cultura
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Por , Em O Globo — Ribeirão Preto, SP

"Um sol quente da p****!", exclamou Marina Sena lá pro meio do seu show que abriu os trabalhos no palco principal do João Rock, na tarde deste sábado (8). Cerca de 70 mil pessoas vieram ao Parque Permanente de Exposições de Ribeirão Preto para mais uma edição do festival, o maior do Brasil com line-up 100% nacional dedicado a rock, MPB e afins.

De top de couro e shortinho franjado, a cantora mineira foi desfilando seu repertório acompanhada de um ensaiado e sensual corpo de dançarinas. Sacou o violão pra fazer "Mande um sinal", composição sua e de Iuri Rio Branco, emendando em "Vapor barato", resquício de sua turnê recente que homenageava Gal Costa. Um dos pontos altos do show foi o pop tropical "Ombrim", dos versos "Ai que delícia o verão / A gente mostra o ombrim / A gente brinca no chão", cantado com empolgação pelo público.

Enquanto Negra Li se apresentava no Palco Brasil — espécie de Sunset, se comparado ao Rock in Rio, primo rico do evento ribeirão-pretano —, Armandinho tomava pra si a ala esquerda do Palco João Rock, o principal, que, na verdade, são dois, um ao lado do outro. A solução engenhosa inspirada na gringa tinha não só o objetivo de diminuir os intervalos entre as apresentações, mas também de dar "movimento" ao festival, como contou ao GLOBO um dos fundadores e sócios do João Rock, Luit Marques.

Homenagem a Lulu Santos

O sol foi caindo e a temperatura também. Lá para as 18h, foi a vez dos Detonautas. O vocalista Tico Santa Cruz disse que aquele era o maior público para o qual a banda carioca já havia se apresentado. Quase no fim do show, o grupo homenageou Lulu Santos.

O músico de 71 anos se apresentaria no João Rock neste sábado (8), mas desmarcou o show por questões de saúde. Lulu passou mal nesta sexta-feira (7), em sua casa, no Rio, e foi internado na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul da cidade. Seu quadro é considerado estável, informou o artista, mais cedo, em suas redes sociais. Para celebrá-lo, Tico e companhia tocaram "Apenas mais uma de amor". Encerraram com o carro-chefe "Outro lugar", canção que os projetou no início dos anos 2000.

Samuel Rosa apresentou hits conhecidos do público e novo single da carreira solo — Foto: Rafael Cautella / Divulgação
Samuel Rosa apresentou hits conhecidos do público e novo single da carreira solo — Foto: Rafael Cautella / Divulgação

Debaixo de uma fina lua minguante, quando a poeira do gramado seco do parque já parecia ter assentado, Samuel Rosa entrou no palco principal mostrando que saiu do Skank, mas o Skank não saiu dele. Cantou vários sucessos da banda mineira, composições suas, como "Jackie Tequila", "Três lados" e "Vou deixar", mas também deixou uma prova do seu próximo álbum, "Rosa", o primeiro da carreira solo, com a baladinha "Segue o jogo", primeiro single lançado do novo trabalho.

"Esse é o maior festival de rock nacional do Brasil. São muitas histórias. Lembro de vir ao João Rock e ver o Chorão tocando violão na praça que fica próxima ao aeroporto", lembrou Samuel, habitué do festival de Ribeirão Preto.

Ou um, ou outro

Maria Gadú e Duda Beat passaram pelo Palco Aquarela, Novos Baianos e Ney Matogrosso seguiram os trabalhos no Palco Brasil. Quando chegou ao Palco João Rock, Herbert Vianna convidou Samuel Rosa para fazer "Lourinha Bombril" junto aos Paralamas, num momento festejado pelo público.

Um dos problemas (de luxo) do festival foi o desafio da escolha por parte da plateia por conta dos shows que aconteciam quase simultaneamente. Quem viu Samuel Rosa, por exemplo, não viu Ney Matogrosso. Quem foi conferir Marcelo D2 e Djonga no Palco João Rock, perdeu Marina Lima no Palco Aquarela. E os que optaram pelo Charlie Brown Jr. não puderam ver Djavan. Um dos mais esperados da noite, o show do alagoano atraiu uma multidão em frente ao palco secundário, que não deu conta da demanda — o som baixo, aliás, foi uma reclamação geral.

Djavan se apresentou no Palco Brasil — Foto: Rafael Cautella / Divulgação
Djavan se apresentou no Palco Brasil — Foto: Rafael Cautella / Divulgação

Mas a noite seguiu sem maiores reveses. Houve muita expectativa pelo show inédito de Pitty e Emicida, o último do João Rock. A roqueira baiana e o rapper paulistano entraram em cena misturando seus repertórios, a sintonia parecia fina, ora com o peso dela, ora com a doçura esperta do MC.

Já era madrugada, o fluxo dos aviões que chegavam no Aeroporto Doutor Leite Lopes, próximo ao parque onde ocorria festival, já havia reduzido a frequência. Os casais se espalhavam nas cangas esticadas no gramado, os mais famintos devoravam seus sanduíches sem qualquer pudor, e os termômetros que marcavam 17º C fizeram com que os antes calorentos da tarde recorressem aos seus casacos. A atmosfera de fim foi se deflagrando pouco a pouco. Fim de festa, festa no interior.

Emicida e Pitty estrearam novo show no João Rock — Foto: Rafael Cautella / Divulgação
Emicida e Pitty estrearam novo show no João Rock — Foto: Rafael Cautella / Divulgação

Começo nos corredores da universidade

Ao GLOBO, um dos fundadores do João Rock, Luit Marques, lembrou de quando tudo começou nos corredores da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), onde ele e Marcelo Rocci, seu sócio, cursavam Administração de Empresas. Fizeram badaladas festas no Campus até chegar na primeira edição do João Rock, em 2002, na área externa do Estádio Doutor Francisco de Palma Travassos, do Comercial, clube de futebol na cidade.

— O CPM 22 foi a primeira banda a pisar no palco do João Rock — contou Marques, enquanto, por coincidência, o mesmo CPM 22 se apresentava no palco principal. — Também teve Cidade Negra, Ira, Titãs... Hoje nós estamos vivendo um boom de festivais, mas o João Rock achou o seu quadrado, que é a música nacional. isso aqui é a verdadeira festa da música tupiniquim. Fomos um pouco pioneiro nisso, de apostar na nossa música. Nada contra, mas não precisamos de gringo, a música brasileira é foda, precisamos de artistas com tesão para fazer o melhor show possível e se entregar. Temos muito orgulho de ter transformado o João Rock num grande festival que é referência fora do eixo das grandes cidades.

O empresário explica que o nome do festival se deu em homenagem aos bateristas do rock, tanto nacionais como internacionais, que têm João como nome. Barone, dos Paralamas do Sucesso, é quase um padrinho informal.

— Estava conversando isso com ele no backstage agora há pouco. Ficou esteticamente muito bonito. Fizemos um manifesto sobre isso na época do primeiro festival. E o que é a música, né? Às vezes, a música pode ser feita por um monte de João ninguém, como no futebol, é muito músico lutando e poucos que conseguem realmente viver de música. Então é também uma homenagem aos "joãos" da música — conta Luit Marques.

* O repórter viajou a convite do festival João Rock

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