Cultura
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Por — Rio de Janeiro

Numa tarde de terça-feira, 30 de abril, um professor do Departamento de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio se movimenta para realizar o desejo de uma ex-aluna que está visitando o campus na condição de palestrante. Ela está grávida, quer uma coxinha, e o pedido é prontamente atendido pelo docente. Mais de dez anos depois de ter se formado em Publicidade naquela instituição, Isabela Cristina Correia de Lima Lima agora é Iza, uma das cantoras mais celebradas de sua geração. Ela carrega em sua barriga Nala, fruto de seu relacionamento com o jogador de futebol Yuri Lima. Mais de 500 alunos lotaram o ginásio da PUC-Rio naquele dia para vê-la e ouvi-la, num encontro afetivo para a artista, hoje aos 33 anos.

Iza é uma das atrações do festival Tim Music Rio, que promove shows gratuitos na Praia de Copacabana neste sábado (25) e domingo (26) e no próximo fim de semana (1º e 2). Marina Sena e Baco Exu do Blues abrem os trabalhos neste sábado (25) a partir das 16h. Nomes como Diogo Nogueira, Preta Gil , Rael e Djavan completam a programação. Não somente pela barriga já aparente, mas também por seus feitos recentes, a Iza que subirá no enorme palco montado na altura do Posto 4, no próximo sábado (1º), é uma nova — e amadurecida — mulher.

Seu segundo e último disco, “Afrodhit”, lançado em agosto do ano passado, é uma prova disso. Ela considera o trabalho como o “mais feminino e pessoal” de sua carreira. Chegou a descartar músicas quase prontas por considerar que não representavam seu momento atual. E coassina a composição de quase todas as faixas — diferentemente do álbum de estreia, “Dona de mim”, do qual é autora de algumas poucas canções.

— “Dona de mim” surgiu acidentalmente, recebi várias músicas para poder lançar um single. Ainda estava me encontrando, tentando entender meu som, o que gostaria de fazer. Ainda tinha muita dúvida. Agora, passei da fase do questionamento — diz a cantora ao GLOBO, em conversa por telefone. — Depois de um tempo, entendi que o mundo continuava após uma crítica. Depois que eu cometia um erro, as coisas continuavam. Depois do furacão, você entende que não é o centro do mundo. As pessoas gostam do seu trabalho mas não dependem dele, têm várias outras coisas para consumir.

Lulu Santos, Iza e Michel Teló no "The voice Brasil" — Foto: Reprodução
Lulu Santos, Iza e Michel Teló no "The voice Brasil" — Foto: Reprodução

Fenômeno na internet

No ano passado, Iza fez parte da bancada da última temporada do programa “The Voice Brasil”. Em novembro, foi a única artista brasileira a se apresentar no Grammy Latino, pelo qual concorreu na categoria de melhor interpretação urbana em língua portuguesa, com a música “Fé”, single lançado ainda em 2022. Este ano, estreou seu bloco de carnaval, o Bonde Pesadão, em São Paulo, e seguiu tocando a agenda da turnê de “Afrodhit”. Na internet (onde tudo começou, com vídeos de covers de outros artistas, em 2015), Iza se mantém um fenômeno: tem mais de 1,5 bilhão de views no YouTube, 4,5 milhões de ouvintes mensais no Spotify e mais de 25 milhões de seguidores em suas redes sociais.

Todas as conquistas foram assunto no encontro com o alunos da PUC-Rio. Iza diz que é grata ao período em que cursou Publicidade e admite que a primeira profissão ajudou a segunda, de artista, que prevaleceu.

— A publicidade me ajudou a me ver como marca, como produto. Uma marca pode mudar de cara, mudar de logo, se reinventar, mas os pilares precisam permanecer pra que o público siga fiel. Isso eu aplico muito. Tento me renovar, mas permanecendo fiel às minhas raízes para que as pessoas continuem se identificando — diz a cantora nascida em uma família de classe média de Olaria, Zona Norte do Rio.

Sergio Mota, o professor que deu aula de Comunicação e Literatura Brasileira para Iza — e que saciou sua vontade de comer coxinha — acabou virando seu amigo. Foi ele quem fez o convite para ela regressar à universidade (nesta e numa primeira oportunidade, em 2018).

— É impressionante o nível de amadurecimento que ela alcançou, não apenas pessoal, mas também artístico. Se você olhar nos créditos, vê que ela é diretora criativa dos próprios clipes, além de participar dos roteiros. Ela trabalha com muitas referências estéticas, algumas adquiridas no período da faculdade, outras que adquiriu sozinha, porque sempre foi muito autodidata — diz Mota. — Me lembro dela na aula, tímida, mas muito atenta, olho brilhando, interessada, ávida pelo conhecimento.

Iza no Palco Mundo do Rock in Rio — Foto: XX
Iza no Palco Mundo do Rock in Rio — Foto: XX

Filha não será como bebê-celebridade

Quem também se lembra bem da Isabela de antes do estrelato é o jornalista e documentarista Luís Nachbin, para quem ela trabalhou como estagiária, na produtora que ele mantém. Nachbin se recorda de que, quando viu Iza pela primeira vez, “quase caiu pra trás”.

— Não pela beleza, nem pela voz, nem pela simpatia. O impacto veio pela presença da Iza. Sabe essas pessoas que chegam e a gente sente um “uouuuu”? — diz o jornalista, que também cruzou com a ex-estagiária naquele dia em que ela esteve na PUC-Rio, onde ele também é professor. — Iza me fazia muito bem. E estava fazendo um bem incrível à plateia com a qual conversava na PUC. Iza faz bem a todo mundo que esteja minimamente aberto a receber toda aquela delicada potência.

Experimentar e arriscar

Sergio Mota define o atual momento da cantora com o orgulho de quem acompanhou tudo desde o início:

—Ela não chegou ainda a um terço do que pode atingir na carreira. Do primeiro cover de 2015 até “Fé nas maluca”, não tem nem dez anos. Ela tem diferencial. E continua fazendo o que fazia na sala de aula, continua experimentando, se arriscando.

Fora do palco, Iza vai curtindo as dores e delícias da gravidez (agora, mais as delícias, ela conta). Diz que sempre quis ser mãe — “estou muito realizada, toda boba” — e comemora uma fase mais tranquila da gestação após 18 semanas.

Iza e o namorado Yuri — Foto: Reprodução
Iza e o namorado Yuri — Foto: Reprodução

— Fico muito feliz de ter acontecido agora, pela forma como as coisas aconteceram, tudo no momento muito certo. A gravidez tem sido uma montanha-russa. Nos primeiros meses, me senti muito enjoada, cansada demais, com dor de cabeça, todos os sintomas loucos. Conforme o tempo foi passando, os sintomas foram assentando e as coisas foram mudando um pouco. Agora estou conseguindo curtir mais. O enjoo foi embora, sobrou só o cansaço. Estou curtindo, está sendo legal ver a minha barriga aparecer — diz a cantora.

Licença-maternidade

Com a previsão de nascimento para novembro, Iza diz que quer tirar “uma licença-maternidade padrão”, retomando a agenda de shows a partir de maio do ano que vem. O nome da criança é uma homenagem à personagem do filme “O Rei Leão”, o primeiro filme que Iza viu no cinema. A cantora, aliás, é a voz de Nala no live-action da Disney lançado em 2019.

— Sempre achei a Nala muito especial. Quando eu era mais nova, ela me intrigava, mas, conforme o tempo foi passando, fui vendo como ela é um personagem que tem força, criatividade, resiliência, parceria. Vai ser muito especial quando eu mostrar para minha filha que fui eu que fiz a voz da Nala nesse filme — diz Iza.

Uma questão importante para ela e para Yuri é a privacidade da criança. Numa reflexão sobre bebês que já nascem celebridades nas redes, Iza diz que, para Nala, certamente esse não será o caminho.

— Nós queremos manter a privacidade dela o máximo possível. Eu e o Yuri escolhemos os holofotes, mas ela ainda não. Vou tentar preservá-la o máximo, não sei se vou ficar escondendo o rosto todo o tempo, mas vou dar uma segurada nas postagens. Quero que ela tenha vida normal, que possa circular nos lugares, que curta a infância sem medo, sem se preocupar com a aparência, coisas que eu mesma vivi. Não me imagino fazendo conta nas redes sociais pra ela. Acho que, se crio rede social para ela, perco o controle, e é importante ter controle, para a gente preservar algo que é fundamental, que é a privacidade dela.

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