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A cinco meses de completar 80 anos, Michael Kirk Douglas poderá ser visto, pela primeira vez, a partir de sexta-feira, em um papel de época. Mas seu Benjamin Franklin (1706-1790), razão de ser da minissérie da Apple TV+ batizada com o sobrenome de um dos pais da democracia americana, é propositadamente contemporâneo. Parece contraditório. “E daí?”, dá de ombros, sorriso aberto, o vencedor de dois Oscars.

Ele pode. As duas estatuetas são “apenas” a de melhor ator, em 1988, pelo Gordon Gekko de “Wall Street — Poder e cobiça”, e a de melhor filme, em 1976, sua estreia na produção, com “Um estranho no ninho”, de Milos Forman, com Jack Nicholson em estado de graça.

—À época, não tinha ideia real do que queria fazer profissionalmente. Por outro lado, fui um ótimo hippie na vida real — conta, em entrevista ao GLOBO, o filho dos atores Kirk (1916-2020) e Diana Douglas (1923-2015).

Michael Douglas como Benjamin Franklin em série da Apple+ — Foto: Divulgação
Michael Douglas como Benjamin Franklin em série da Apple+ — Foto: Divulgação

Desde então, foi impossível ignorar suas criações. Faça um teste. Há o Jack Colton de “Tudo por uma esmeralda” e “A joia do Nilo”. O Dan Gallagher de “Atração fatal”. O Oliver de “A guerra dos Roses”. O Nick Curran de “Instinto selvagem”. O William Foster de “Um dia de fúria”. O Tom Sanders de “Assédio sexual”. Mais recentemente, “Liberace”, o Sandy de “O Método Kominsky”, e o doutor Hank Pym da franquia “Homem-Formiga e Vespa”.

— Mas nunca tinha feito alguém como Franklin. E me interessou viver justamente agora um homem mais velho, que se vê, em momento delicado, na posição de defender a democracia em risco. Pensei muito no significado da reeleição de Joe Biden este ano, a fim de evitar o pior. Aliás, e o (ex-presidente Jair) Bolsonaro? Segue na embaixada da Hungria? — pergunta, sorriso novamente a postos, sabendo muito bem a resposta.

O “Franklin” de Douglas é o do livro da jornalista Stacy Schiff. Nele, encontramos o “inventor da eletricidade” septuagenário, em Paris. E com missão delicada, perigosa e consequente: convencer os franceses a apoiar os revolucionários liderados por Washington na luta pela independência.

Como não mente a foto abaixo, mesmo com peruca e figurino, o astro jamais desaparece no personagem.

— Levamos isso em conta. Mas também que Franklin era um homem à frente do seu tempo. E Michael, um embaixador, só que de Hollywood — diz Tim Van Patten, diretor dos oito episódios da série. — O que não ouso cravar é qual dos dois tinha mais energia a essa altura da vida.

O ator é casado há 24 anos com a galesa Catherine Zeta-Jones, 54, Oscar de melhor atriz coadjuvante por “Chicago” em 2003, e que aniversaria no mesmo dia do marido. O pai de Cameron, 45 (com a produtora Diandra Luker, 69), Dylan Michael, 24, e Carys Zeta, 21, deu poucas pistas ao GLOBO de como irá celebrar seus 80.

Mas M.D. ofereceu uma prévia, com dancinha e tudo, ao som imaginado de “Nunca mais eu vou dormir (Michael Douglas)”, o hit de João Brasil, antes de fazer mais uma pergunta: “Sabe que a música faz referência às minhas iniciais e também às da droga que as pessoas usam para dançar noite afora?” A gente sabe, Michael.

Por que Benjamin Franklin?

Busco, mais do que nunca, fazer coisas que nunca experimentei. “O Método Kominsky” foi um mergulho inédito na comédia. No cinema, filme de super-herói. Nunca tinha feito nada de época e apareceu “Franklin”. Percebi, de cara, que meus anos escolares não me deram a dimensão do vulto histórico que ilustra a nota de US$ 100. Do homem que, seis semanas após assinar a Declaração da Independência, é enviado à França para firmar uma aliança com uma monarquia capaz de assegurar a sobrevivência da república frente ao maior poderio do Reino Unido. E em um momento em que a democracia americana estava por um triz.

Na pele de Franklin, refletiu sobre os riscos para a democracia em um retorno de Trump à Casa Branca?

Foi um dos motivos pelos quais quis fazer a série. A eleição de novembro será o momento político mais importante que presenciarei em toda a minha vida, secundado pela Guerra do Vietnã. Em “Franklin”, reconheci o eco do que enfrentamos hoje, a fragilidade atual da democracia. A série tem aventura, tramoias, espiões, sedução. Mas almejo ela servir como exercício de memória. Um convite a se revisitar o que os Pais Fundadores dos EUA sonharam e uma advertência sobre o que arriscamos perder.

O Franklin da série faz, e no fim da vida, enorme diferença para seus compatriotas. São imagens e falas no mínimo curiosas para se acompanhar neste momento, não?

Quando li o roteiro, pensei em Biden. Descobri que a idade média de um americano à época era de 39 anos. O presidente é duramente atacado por ter 81 e disputar a reeleição. Ainda bem que o faz. Franklin prova que ter mais idade não é sinônimo de problema. Usei isso para construir o personagem.

Seu principal parceiro de cena na série, o inglês Noah Juppe, que vive o neto de Benjamin Franklin, tem 19 anos e já fez 14 filmes. Quando tinha a idade dele, em 1963, e seu pai já era “Spartacus”, sabia que seria ator?

Não tinha a menor ideia. Era um hippie. Aí, na universidade, me deram a real: “ô Michael, é proibido fazer aulas esparsas, em faculdades diferentes, sem informar em que irá se formar”. E eu: “jura?” (risos). Aí escolhi artes dramáticas. Só que sem a confiança do Noah. Quando subia num palco, tinha pânico.

Jura?

Era conhecido por sempre carregar uma cestinha de lixo. Batia o medo, vomitava. “The joy of acting”, do Andrius Jilinski, foi um livro importante pra mim, me ajudou a superar aquilo. Mas demorou.

E se recorda de quando encontrou, como no título do livro, “o prazer em atuar”?

Não com precisão. Só que demorou pacas. Lembro do meu pai na plateia, em uma encenação amadora de “Muito barulho por nada”, do Shakespeare. Foi a primeira vez em que usei meia-calça na vida (risos). Eu fazia uma ponta e minha marca, claro, era bem na frente de onde minha família sentou. Olhei para eles do palco, respirei fundo e falei as cinco palavras na hora certa. E vazei. Na saída, seu Kirk estava felicíssimo. Veio logo dizendo: “Michael, você é ruim demais” (risos). Estava aliviado, pois não teria um filho ator. De novo: foram anos até me sentir confiante atuando.

Muitos anos depois, o senhor dividiu o set com seu pai quando ele tinha 86 anos, em “Acontece nas melhores famílias”. Quais as emoções de se chegar aos 80?

Uma sensação, espero, de terceiro ato. Papai morreu com 103 anos e teve uma terceira idade feliz, produtiva. Mas, aí, pensando enquanto falo, me toco de que, depois de “Franklin”, não tenho nenhum trabalho certo (Douglas acaba de filmar com o filho, Cameron, o indie “Bloody knot”). Não estou aposentado, me vejo atuando pelo menos até os 85, mas, para me fazer sair de casa agora, o projeto tem de ser incrível. O que quero, cada vez, mais, é experimentar coisas que ainda não fiz. Mas preciso confessar que tenho gostado de não fazer nada e até de me sentir entediado.

Você tem família no Brasil (a nora, a atriz Viviane Thibes, 44, é paulistana e mãe de seus dois netos) e conhece o país. O que mais o impressionou?

Quando estou no Brasil, sinto uma energia e uma vibração únicas. Jamais vou me esquecer quando me mandaram “Michael Douglas”, a música, e a ouvi pela primeira vez. E de quando descobri que era uma ironia com a droga. E, mais importante: que as pessoas dançavam aquele som felizes nos clubs. É isso.

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