Páreo apenas para Ella Fitzgerald e Billie Holiday na disputa do título de maior cantora da História do jazz, Sarah Vaughan, que também era conhecida pelos epítetos de Sassy (audaciosa, petulante) e A Divina, tem interpretações que marcaram época e conquistaram gerações. Nesta quarta-feira (27), dia em que ela completaria 100 anos de idade, o GLOBO apresenta cinco faixas para entrar de cabeça no mundo de Sarah.
'Black coffee'
Standard do jazz cantado por diversos artistas desde que foi composto em 1948 por Sonny Burke e Paul Francis Webster, “Black coffee” é uma balada poderosa, com sabor de blues, que conta a história de uma mulher traída, com o coração partido que recorre ao café preto para aliviar sua dor. Um dos primeiros sucessos de Sarah Vaughan, mostra a potência da cantora em seus primeiros dias, com uma interpretação que põe os sentimentos da letra à flor da pele.
'It’s magic'
Canção composta por Jule Styne e Sammy Cahn, em 1947, para Doris Day cantar em seu filme de estreia na Warner Brothers, “It’s magic” acabou se tornando um dos hits de Sarah Vaughan ao ser lançada em 1954 no EP “The Divine Sarah Sings”. O arranjo de cordas, muito romântico e condizente com a época em que foi feito, sublinha uma melodia memorável e uma letra que fala da qualidade mágica do amor. Um exemplo de como Sarah podia conseguir ótimos resultados quando se arriscava em um repertório para o grande público.
'Misty'
Um standard do jazz, composto em 1954 pelo pianista Erroll Garner durante um voo entre Chicago e San Francisco, “Misty” se tornou canção quando ganhou letra de Johnny Burke. Sua gravação mais famosa foi a de Johnny Mathis, em 1959 – e, na verdade, esta virou a canção-assinatura de Mathis. A gravação mais inspirada que Sarah Vaughan fez da composição foi em 1963, no álbum “Sassy Swings the Tivoli”, gravado ao vivo em Copenhague com produção de Quincy Jones. Não dá para resistir ao suingue da Divina.
'Rainy days and Mondays'
A diva do jazz relendo um hit dos Carpenters? Sim, aconteceu isso no disco “Feeling good”, de 1972. E quer saber? Sarah Vaughan deita e rola em “Rainy days and Mondays”, melódica e sofrida canção de Paul Williams e Roger Nichols, consolidando a figura da cantora com muitos recursos interpretativos e bom gosto de sobra que sabe extrair do pop as belezas que ele tem escondidas.
'If you went away'
Composta pelos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle, “Preciso aprender a ser só” foi uma das grandes músicas da segunda geração da bossa nova, que Sarah conheceu ao ser apresentada por Marcos, em Los Angeles. Com letra em inglês de Ray Gilbert, foi gravada pela cantora no Rio, para o álbum “O som brasileiro de Sarah Vaughan”. Além do desempenho maduro mas apaixonado da cantora, destaca-se o solo de guitarra de Helio Delmiro, um dos músicos brasileiros que ela mais adorava.