Música
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Por Silvio Essinger

Há alguns dias, o grupo norueguês Mayhem, expoente do black metal (vertente mais sombria e de temática mais frequentemente satânica do que o heavy metal inventado lá se vai meio século pelo Black Sabbath), furou a bolha do estilo e chegou ao noticiário geral.

A razão: os seus dois shows no Brasil — país onde há anos se apresenta com alguma frequência — foram cancelados. Em Porto Alegre, por acusações de apologia ao nazismo. E depois em Brasília, segundo promotores de justiça, por “evidências de que integrantes e ex-integrantes da banda estão envolvidos com apologias neonazistas, suicídio, canibalismo e assassinato, além de diversos tipos de violências e discriminações, incluindo queima de igrejas, referências à extrema violência, incitação à mutilação, declarações racistas e antissemitas, entre outros”.

Em Porto Alegre, a denúncia foi feita, no Twitter, pelo perfil do usuário Judz, que se identifica como professor de filosofia, doutor e pesquisador da extrema-direita: “O Opinião (casa de shows) está trazendo para Porto Alegre a banda norueguesa acusada de ser nazista Mayhem. O baterista Hellhammer já se declarou contra a ‘mistura de raças’, apareceu já com suástica no braço e costumava ensaiar em estúdio cheio de totenkopf (símbolos da morte) nazis.”

Ao site “G1”, os integrantes do Mayhem negaram as acusações e garantiram que “nem a banda nem nenhum de seus membros toleram racismo, nazismo, homofobia ou qualquer outro ‘crime de ódio” e ainda que são “uma entidade apolítica com milhares de fãs em todo o mundo, de todos os tipos de origens e com todos os tipos de crenças, ideias e preferências”. “Embora algumas declarações contrárias tenham circulado no passado por membros individuais, isso está longe, no passado, e também nunca foi uma forma de postura oficial da banda”, disseram.

Embora boa parte dos artistas do black metal — um gênero mundialmente disseminado, inclusive com bandas formadas por negros, como a brasileira Mystifier, de Salvador, nome com projeção internacional — componha e grave suas músicas como um cineasta faria seus filmes de terror, apropriando-se de símbolos e situações terríveis para tornar mais crível sua representação do pesadelo, de fato existe toda uma linhagem de bandas que não esconde suas ligações com a extrema-direita e a simpatia pelo nazismo. Algumas chegaram ao ponto de adotar nomes como Aryan Blood (sangue ariano), Adolfkult e Gestapo 666.

Segundo o livro “Lords of Chaos”, que conta a história do black metal na Noruega, Hellhammer (baterista do Mayhem desde 1987) teria dito, por volta de 1994, que não gostava de negros e que o black metal deveria ser branco (dez anos depois, ele supostamente voltaria atrás ao afirmar: “eu não dou a mínima se nossos fãs são brancos, pretos, verdes, amarelos ou azuis”). Mas pesará eternamente sobre a banda a sombra sangrenta de um ex-integrante: Varg Vikernes.

Incendiários de igrejas

Parte de um círculo abertamente anticristão de músicos de rock, suspeito de incendiar igrejas históricas na Noruega (em prol de uma volta ao paganismo dos povos originários), Varg foi, em 1992, o baixista do Mayhem durante as gravações de “De Mysteriis Dom Sathanas”, álbum que projetaria a banda no mundo — parte pela música, parte por acontecimentos macabros.

No dia 10 de agosto de 1993, o baixista foi ao encontro do guitarrista do Mayhem, Euronymous, no apartamento deste em Oslo e o assassinou a facadas. À justiça, ele alegou autodefesa, acusando o colega de banda de planejar filmá-lo sendo torturado até a morte. Satanista e misantropo, Euronymous, a bem da verdade, já desfrutava de uma reputação diabólica — havia fotografado, em 1991, a cabeça arrebentada por um tiro do então vocalista do Mayhem, Dead, que num surto depressivo cometera suicídio.

Varg Vikernes foi preso e condenado a 21 anos de prisão pelo assassinato e ainda pela queima de igrejas. A polícia descobriu, mais tarde, em sua casa, explosivos que seriam usados por ele e por Euronymous para mandar pelos ares a catedral de Niaros, retratada na capa de “De Mysteriis Dom Sathanas”, na época em que o disco fosse lançado.

Depois da tragédia, Hellhammer e o ex-baixista do Mayhem, Necrobutcher (fundador, que voltou ao grupo e nele segue até hoje), cuidaram para que o disco fosse finalizado e editado. O baterista garantiu aos pais de Euronymous, na época, que as partes do baixo de seu assassino seriam apagadas e regravadas. Mas não o fez.

Dentro da cadeia, Varg seguiu gravando discos com seu projeto solo, Burzum, de som mais etéreo e sombrio e, sim, mensagens abertamente nazistas. Liberado da prisão em 2009, ele voltou a ser preso em 2013, com a mulher, na França, por suspeita de terrorismo. Contra Varg (que se tornou uma espécie de celebridade da extrema-direita), pesam ainda acusações de incitação de ódio contra judeus e muçulmanos.

Em 2019, o YouTube removeu o canal do Burzum, com mais de 250 mil inscritos, levando adiante a sua política de banir “vídeos alegando que um grupo é superior para justificar discriminação, segregação ou exclusão”.

Enquanto isso, o próximo show do Mayhem acontece na próxima quarta-feira, dia 29... em Tel Aviv, Israel.

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