Daniel de Oliveira, conhecido por interpretar Cazuza nos cinemas, vem dedicando parte de seu tempo a projetos musicais. O ator já tem dois discos praticamente prontos, um deles com a participação de artistas como Gal Costa, falecida no ano passado, e Milton Nascimento, recém-aposentado dos palcos.
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Trata-se do disco "Cinemúsica particular", com composições do próprio Daniel, com parceiros musicais, inspiradas em trabalhos feitos para o cinema.
— Chama "Cinemúsica particular" porque começou lá em "A festa da menina morta" (2008), quando fiz uma música para o filme e o Matheus (Nachtergaele, diretor da obra) colocou nos créditos finais. Então comecei esse projeto de reunir músicas criadas a partir de processos cinematográficos — conta o ator em entrevista ao GLOBO. — Esse projeto já é quase uma lenda. Estou demorando para lançar, sou um cara muito lento nessa parte de produção. Mas já avancei bastante. Gravei 20 músicas com o BID, que faz a produção musical. Já temos um disco pronto com dez músicas e as outras dez vou ver o que vou fazer.
Daniel conta que desenvolveu uma relação com Gal após sua esposa, Sophie Charlotte, ser escalada para interpretar a cantora no ainda inédito "Meu nome é Gal", com estreia prevista para setembro.
— A Gal foi muito generosa. Saímos para jantar um dia após um show dela em São Paulo. A Sophie já estava trabalhando no projeto de interpretar a Gal. Aí, quando fomos ao camarim, ela nos chamou pra jantar. Fomos no caro dela, começamos a conversas sobre a vida e ela me perguntou o que eu estava fazendo. Contei que estava fazendo um projeto com o BID, que o Milton tinha participado. Ela falou: “vou lá cantar uma música”. Fiquei sem acreditar — destaca Daniel. — Escolhi uma música que eu tinha chamada “Ciranda do amor”. A Gal preferiu nem receber a música, disse que veria a mesma no dia da gravação. Marcamos e foi um dia muito especial, muito amoroso. Ela emocionou todo mundo. Ela matou a música de primeira, ainda mandou um improviso no final. Não precisou nem fazer de novo. Era Gal Costa.
O ator, que acompanhou de perto os estudos de Sophie para interpretar Gal, vê no processo uma semelhança com o que viveu com Cazuza.
— Foi massa ver a busca da Sophie pela Gal, a entrega dela para esse papel. Foi algo semelhante com o que passei com o Cazuza, um mergulho não só nas músicas, mas no coração mesmo. Sempre lembro com carinho de Cazuza, foi algo que marcou a minha vida. Desenvolvi uma relação próxima com a Lucinha (Araújo, mãe do cantor). Acho que a Sophie conseguiu fazer isso com a Gal. Tem uma grande Gal vindo aí.
Sobre a participação de Milton, Daniel comemora o fato do cantor não só ter aceitado cantar uma música no projeto, chamada "Moça onça", mas também ter aceitado fazer a "peripécia" de ir até a Amazônia para a gravação do clipe, no qual o cantor e o ator realizam a performance "Homem-lama", criada por Daniel.
— Temos registros muito lindos do Milton, fizemos um clipe muito bonito dirigido pelo Guilherme Coelho. Tem muita coisa. Os HDs estão lotados de imagens bonitas.
Dentro do conceito "cinemúsica", o ator optou por não apenas lançar um disco, mas também investir em clipes para cada uma das canções. Para isso, convocou diretores e atores que trabalharam com ele, como Lírio Ferreira, Jorge Duran, Leandra Leal, Julio Andrade, Jorge Furtado, dentre outros, para ajudar na missão.