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Esposa de Mark Chapman, o assassino de Lennon, diz que marido havia confessado plano de matar o ex-Beatle

Novo pedido de liberdade condicional para o criminoso será avaliado este mês
John Lennon em retrato de 1971 Foto: Reprodução
John Lennon em retrato de 1971 Foto: Reprodução

RIO — A esposa de Mark Chapman, o assassino de John Lennon, Gloria Hiroko Chapman revelou, em uma entrevista ao “The Mirror”, que seu marido lhe disse que iria assassinar Lennon dois meses antes de atirar e matar o ex-Beatle em Nova York, em 8 de dezembro de 1980.

Na entrevista, ela afirmou que assim que chegaram as notícias sobre o tiroteio, ela sabia que seu marido era o responsável — Gloria falou sobre o caso antes da próxima audiência do Conselho que avalia os pedidos de liberdade condicional de Chapman, que acontecerá este mês, a partir do dia 20.

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“Eu sabia que era o Mark. Como eu soube? Dois meses antes, Mark viajara para Nova York. E então quando ele voltou para casa estava assustado, me dizendo que, para fazer um nome para si mesmo, ele planejara matar Lennon. Mas disse, então, que meu amor havia o salvado”.

Dias depois, apesar de ter dito a sua esposa que iria realizar uma nova viagem para Nova York, Gloria disse que não acreditava que ele iria realizar o crime.

Mark Chapman, o assassino de John Lennon Foto: Reprodução
Mark Chapman, o assassino de John Lennon Foto: Reprodução

“A única razão pela qual eu achava tudo bem que Mark fizesse outra viagem era porque eu acreditei nele quando ele disse que precisava crescer como adulto e marido, e precisava de tempo para pensar sobre sua vida. Ele dizia que se nos sacrificássemos, ficando sozinhos por um tempo, poderíamos viver juntos um longo e feliz casamento”.

Gloria também afirmou que Mark Chapman não realizou a ameaça por causa de seu amor por ela, e insistiu que o marido havia descartado a arma que planejava usar para o crime.

“Ele disse que jogou a arma no oceano e eu acreditei nele. Mas ele mentiu para mim”.

Falando sobre o dia do assassinato, Gloria descreveu como “uma das noites mais escuras da (sua) vida”.

“Eu viera do trabalho, jantava e estava assistindo ‘Little House on the Prairie’... E de repente, as palavras apareceram na parte inferior da tela: ‘John Lennon foi baleado em Nova York por um homem caucasiano’. Minha vida mudou dramaticamente naquela noite”, disse. “Eu era agora a Sra. Mark David Chapman, a esposa de um assassino e não apenas qualquer assassino, mas alguém cuja vítima era conhecida e amada por milhões de pessoas em todo o mundo”.

Após o assassinato, Mark Chapman foi condenado e ainda segue preso — até o momento ele já teve negado nove pedidos de liberdade condicional.

“Nunca me importou quanto tempo Mark estaria na prisão. Eu esperaria por ele”, disse Gloria.

Lennon tinha apenas 40 anos quando foi baleado e morto em frente ao edifício Dakota, em Nova York, onde vivia com sua esposa, Yoko Ono.

Logo após a oitava audiência do Conselho de liberdade condicional de Chapman, realizada em 2014, Ono disse sentir que Chapman nunca deveria ser libertado e que ela ainda temia o assassino.

“É muito, muito difícil para mim pensar em Chapman… Especialmente porque ele não parece pensar que foi uma coisa ruim de se fazer. Acho que se ele fez isso uma vez, ele poderia fazer isso de novo, com outra pessoa... Poderia ser eu, poderia ser Sean, poderia ser qualquer um, então há essa preocupação”, disse ela.

No início deste ano, Paul McCartney participou da marcha “Gun For Our Lives”, voltada contra as armas, e lembrou do seu ex-colega de Beatles.

“Isso é o que podemos fazer, então estamos aqui para fazê-lo. Um dos meus melhores amigos foi morto em violência armada por aqui, então é importante para mim”, disse Paul.

A próxima audiência do Conselho de liberdade condicional de Chapman deve ser realizada durante a semana que começa em 20 de agosto. Será a décima vez que Chapman solicita a sua liberdade condicional. No último Conselho, em 2016, Chapman confessou que agora via que seu crime fora "premeditado, egoísta e mal", porém seu pedido de liberdade foi recusado; as autoridades compreenderam que o criminoso iria reincidir.