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Os livros de Chico Buarque: relembre as obras publicadas pelo cantor e compositor

Laureado com o Jabuti e o Prêmio Camões, escritor é autor de dramaturgias, romances, novela e livro infantil de sucesso
O cantor, compositor e escritor Chico Buarque Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
O cantor, compositor e escritor Chico Buarque Foto: Leo Aversa / Agência O Globo

Laureado em 2018 com o Prêmio Camões , maior reconhecimento a um escritor lusófono, Chico Buarque é autor de peças, livro infantil, romances e poesias. Neste mês, o cantor e compositor lança o primeiro livro de contos de sua carreira literária — "Anos de chumbo" , que sai pela Companhia das Letras, traz oito histórias "que conduzem o leitor pela sordidez e o patético da condição humana", como ressalta o material de divulgação da obra.

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A seguir, relembre todos os livros publicados por Chico Buarque:

Livros de Chico Buarque

'Roda viva' (1967)

Capa da peça 'Roda viva', publicada em livro e atualmente fora de catálogo Foto: Reprodução
Capa da peça 'Roda viva', publicada em livro e atualmente fora de catálogo Foto: Reprodução

Marco na história do teatro brasileiro — em 1968, a peça montada pelo grupo Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa , sofreu violentas sanções na ditadura militar —, a dramaturgia escrita por Chico Buarque acompanha a saga de Benedito Silva entre as vontades do Anjo e do capeta. Alçado à fama como o ídolo popular Ben Silver, o personagem se deixa levar por uma espiral de interesses alheios até ser tragicamente devorado pelas engrenagens da indústria cultural. A peça "Roda viva" foi levada ao palco, em 2019 , novamente pelas mãos do encenador Zé Celso.

'Calabar: o elogio da traição' (1973)

Capa do livro 'Calabar', de Chico Buarque e Ruy Guerra Foto: Reprodução
Capa do livro 'Calabar', de Chico Buarque e Ruy Guerra Foto: Reprodução

Peça teatral escrita por Chico Buarque e Ruy Guerra, "Calabar" foi alvo de um dos maiores crimes contra a liberdade de expressão na história do teatro brasileiro. Em 1973, o espetáculo produzido por Fernando Torres (1927-2008) foi interditado pela ditadura militar brasileira — e assim ficou por sete anos. A trama se debruça sobre a história de Domingos Fernandes Calabar, homem que lutou ao lado dos portugueses contra a invasão holandesa de 1630 a 1645 e depois mudou de lado. A dramaturgia foi publicada pela editora Civilização Brasileira.

'Fazenda modelo' (1974)

Capa do livro 'Fazenda modelo', de Chico Buarque Foto: Reprodução
Capa do livro 'Fazenda modelo', de Chico Buarque Foto: Reprodução

Frequentemente comparado com o clássico "A revolução dos bichos", de George Orwell, a novela "Fazenda modelo" traz uma crítica contudente à "vida de gado" dos brasileiros durante a ditadura militar. O autor costuma dizer que esse foi um livro escrito com raiva, e que ele mesmo acabou não entendendo determinadas metáforas que criou na ficção. O livro foi publicado pela editora Civilização Brasileira.

'Gota d'água' (1975)

Capa do livro 'Gota d'água', de Chico Buarque e Paulo Pontes Foto: Reprodução
Capa do livro 'Gota d'água', de Chico Buarque e Paulo Pontes Foto: Reprodução

Adaptação tupiniquim para o clássico "Medeia", de Eurípedes, o musical escrito por Chico Buarque e Paulo Pontes acompanha as agruras de Joana, moradora de um conjunto habitacional no Brasil urbano que se apaixona por Jasão. Depois de ser traída pelo marido, a personagem provoca uma terrível tragédia. Vencedor do Prêmio Molière, "Gota d'água" foi publicada pela editora Civilização Brasileira.

'Ópera do malandro' (1978)

Capa do livro 'Ópera do malandro', de Chico Buarque Foto: Reprodução
Capa do livro 'Ópera do malandro', de Chico Buarque Foto: Reprodução

Marco na carreira de Chico Buarque responsável por projetar uma dezenas de canções de sucesso — de "Geni e o zepelim" e "Folhetim" a "Terezinha" e "O meu amor" —, o musical "Ópera do malandro" apresenta uma tradição de marginalidade e deformação social no bairro boêmio carioca da Lapa, nos anos 1940, fazendo referências aos títulos "Ópera dos mendigos", de John Gay, e "Ópera dos três vinténs", de Bertolt Brecht. O livro está fora de catálogo.

'Chapeuzinho amarelo' (1979)

Capa do livro infantil 'Chapeuzinho amarelo', de Chico Buarque Foto: Reprodução
Capa do livro infantil 'Chapeuzinho amarelo', de Chico Buarque Foto: Reprodução

Único livro infantil do compositor, "Chapeuzinho amarelo" se tornou um clássico com a edição lançada em 1979, feita com desenhos do chargista Ziraldo que lhe renderam o Prêmio Jabuti na categoria Ilustração. A história acompanha uma menina com medo de tudo, e que busca coragem para curtir a vida como toda a criança.

'A bordo do Rui Barbosa' (1981)

Obra menos conhecida do autor, o livro-poema tem ilustrações de Vallandro Keating. Escrito na primeira metade da década de 1960, quando Chico estudava Arquitetura e Urbanismo na USP, "A bordo do Rui Barbosa" só foi publicado em 1981. O título está fora de catálogo.

'Estorvo' (1991)

Capa da primeira edição do livro 'Estorvo', de Chico Buarque Foto: Reprodução
Capa da primeira edição do livro 'Estorvo', de Chico Buarque Foto: Reprodução

Está aí o livro que, na visão do próprio Chico Buarque, inaugurou a carreira literária do artista. Narrada em primeira pessoa, a história alterna diferentes tempos e estados de consciência para apresentar um personagem que oscila entre o sonho e a vigília. Estreia do autor como romancista, "Estorvo" foi laureado com o Prêmio Jabuti de Melhor Romance em 1992. A narrativa foi transformada em filme, sob direção de Ruy Guerra, em 2000. A obra está sendo relançada pela Companhia das Letras, em 2021, numa edição comemorativa pelos 30 anos do livro.

'Benjamim' (1995)

Capa do livro 'Benjamim', de Chico Buarque Foto: Reprodução
Capa do livro 'Benjamim', de Chico Buarque Foto: Reprodução

Segundo romance publicado por Chico, "Benjamim" acompanha a história de um homem, ex-modelo fotográfico, obcecado por um enigma amoroso do passado, e que, por isso, acaba perdendo a noção da realidade. O livro foi adaptado para o cinema em 2003 — dirigido por Monique Gardenberg, o filme homônimo é estrelado por Paulo José e Cleo Pires.

'Budapeste' (2003)

Capa do livro 'Budapeste', de Chico Buarque Foto: Reprodução
Capa do livro 'Budapeste', de Chico Buarque Foto: Reprodução

Vencedor do Prêmio Jabuti de Livro de Ficção, "Budapeste" narra a história de um ghost-writer que vive entre a capital da Hungria e o Rio de Janeiro. Chama atenção o fato de o autor nunca ter pisado em Budapeste antes de escrever o livro — ele contou apenas com o auxílio de mapas e dicionários para elaborar a obra, adaptada para o cinema em 2009, em filme homônimo dirigido por Walter Carvalho.

'Leite derramado' (2009)

Capa do livro 'Leite derramado', de Chico Buarque Foto: Reprodução
Capa do livro 'Leite derramado', de Chico Buarque Foto: Reprodução

Eleito como o Livro do Ano pelo Prêmio Jabuti em 2010, "Leite derramado" apresenta as memórias fragmentadas de um velho solitário que agoniza num leito de hospital. Ao desfiar a decadência de uma família ao longo de décadas, o romance também esmiúça parte da história do Brasil e do Rio de Janeiro, que aparecem em seus tempos de esplendor e em flashes da mixórdia contemporânea.

'O irmão alemão' (2014)

Capa de 'O irmão alemão', de Chico Buarque Foto: Divulgação
Capa de 'O irmão alemão', de Chico Buarque Foto: Divulgação

Permeado por referências autobiográficas, "O irmão alemão" transforma em ficção uma antiga busca pessoal de Chico Buarque. Em 1967, o compositor soube da existência de um meio-irmão na Alemanha, fruto de um namoro do pai, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda. Após 40 anos de incertezas sobre o caso, o escritor levou para o papel, na forma de romance, parte dessa história.

'Essa gente' (2019)

Capa de "Essa gente" (2019), romance de Chico Buarque publicado pela Companhia das Letras Foto: Reprodução
Capa de "Essa gente" (2019), romance de Chico Buarque publicado pela Companhia das Letras Foto: Reprodução

Último romance publicado por Chico Buarque, "Essa gente" apresenta o olhar de um escritor decadente às voltas com uma crise criativa e financeira enquanto passa a ser visto como persona no grata pelos vizinhos do Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro. A história tragicômica, narrada em tom ácido, não deixa de ser uma resposta satírica a algo experimentado pelo próprio Chico no Brasil polarizado e violento que levou Jair Bolsonaro (sem partido) ao poder.