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Cultura

Líder da próxima geração: os motivos pelos quais Pabllo Vittar entrou na lista da 'Time'

Drag queen brasileira conseguiu, em 2019, levar sua música e a luta dos LGBT brasileiros para além das fronteiras do país
Pabllo Vittar: show na ONU Foto: Reprodução/ Instagram
Pabllo Vittar: show na ONU Foto: Reprodução/ Instagram

RIO — A revista americana “Time” publicou nesta semana uma lista com 22 personalidades apontadas como “líderes da próxima geração”. Entre nomes como o rapper inglês Stormzy , a atriz americana Tessa Thompson e a cantora catalã Rosalía , está a popstar brasileira Pabllo Vittar — o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) é o outro brasileiro presente.

O texto dedicado a Pabllo faz uma pequena biografia da artista, intitulada “Como esta drag queen brasileira está conquistando o mundo pop — e lutando pelos direitos LGBT ao longo do caminho”.

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A “Time” lembra que nos últimos quatro anos, Pabllo, de apenas 24, “estabeleceu-se como alguém para se ficar de olho em muitas frentes, integrando perfeitamente o lado pessoal ao cultural e político, e usando sua plataforma como uma estrela musical para exigir igualdade para as comunidades LGBT no Brasil e fora dele”.

Os números de Pabllo impressionam: no Spotify, suas músicas, que misturam ritmos brasileiríssimos com o formato pop americano, foram ouvidas meio bilhão de vezes no Spotify, e os clipes no YouTube têm mais de 1 bilhão de visualizações. No Instagram, Pabllo tem 9 milhões de seguidores, mais do que o dobro de sua drag queen ídolo, RuPaul.

O ano de 2019 serviu ainda para que Pabllo conseguisse levar para além das fronteiras brasileiras a sua música e a luta de tantas pessoas no país. Ela lançou parcerias internacionais com a cantora britânica Charli XCX ("Flash pose") e com o produtor americano Diplo ("Então vai"), foi capa da importante revista LGBT+ "Gay Times" (cuja edição foi recordista de vendas), e em junho, mês do orgulho gay, Pabllo se apresentou em sete grandes paradas LGBT+ na América do Norte, com shows em cidades como Nova York, Los Angeles, San Francisco, Miami e Toronto.

Acha muito? A cantora e drag queen ainda realizou turnês na América Latina (passando por Chile, Argentina e México) e na Europa (Portugal, Irlanda e Inglaterra) e roubou a cena no famoso festival californiano Coachella , com aparições surpresa nos shows do duo Soffi Tukker e do Major Lazer.

— Vou poder levar a voz da comunidade brasileira com minha arte. É o que eu gosto de falar: estamos todos juntos, no mesmo barco, membros da comunidade daqui e de lá — contou Pabllo em entrevista ao GLOBO antes de embarcar para as paradas LGBT.

A "Time" aponta ainda que a drag queen tem usado seu "megafone global" para celebrar sua identidade como gay de gênero fluido em megaeventos, como as paradas LGBT, a performance na sede da ONU e o carnaval do Rio, aproveitando ainda para ser porta-voz contra a violência com a comunidade LGBT no Brasil — só no ano passado, 420 pessoas LGBT foram mortas no país.

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"Como artista, você tem esse dever de se posicionar sobre as coisas, e trazer com a sua popularidade as mensagens que realmente importam", disse Pabllo na entrevista concedida à "Times", na sede da revista em Nova York. "Se o fato de me posicionar me botará em risco, vamos todos morrer tentando".