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Por Ruy Gardnier — Rio de Janeiro

Quando, em 26 de novembro de 1942, “Casablanca” entrou em cartaz, ninguém tinha grandes expectativas quanto a tratar-se de uma obra para permanecer na História. Houve antes um “Suez”, um “Argel” etc., todos filmes feitos para capitalizar o exotismo dos modos e a sonoridade dos nomes das cidades africanas. “Casablanca” era apenas um filme normal, filmado por um diretor normal (Michael Curtiz, um eficiente artesão mais que um artista idiossincrático), com roteiro passado de mão em mão durante a pré-produção, e dois atores que achavam que estavam fazendo seus papéis típicos no cinema, mais uma vez. Mesmo o timing de lançamento, aproveitando-se da investida dos Aliados no norte da África, era mais sendo de oportunidade do que de militância ou luta pela liberdade.

É possível falar de uma obra-prima acidental? Porque aqui trata-se claramente de algo próximo a isso.

Gêneros, diálogos, piano

O filme conjuga uma série de características que o tornam clássico, emocionante, único. Mas isso mal foi percebido na época. Em todo caso, é um exemplar perfeito da conjugação entre gêneros — há drama, romance, suspense, guerra, noir — e um felicíssimo exemplo da química fatal entre Ingrid Bergman e Humphrey Bogart desolados pela impossibilidade de um amor passado e um amor futuro, na enorme sensação de coragem diante da luta aliada contra a dominação nazista expressa na cena da cantoria da “Marselhesa” e no romantismo desesperado dos três personagens principais (Ingrid, Humphrey e Paul Henreid, o último como um tcheco líder da Resistência). E também um filme que tem algumas das maiores linhas de diálogos de todos os tempos.

O que nos retém a “Casablanca”? Certamente não é a trajetória dos vistos para Portugal que perpassa toda a trama, muito menos a ameaça de mau caratismo quando o personagem de Bogart sugere que vai se aproveitar da situação para roubar a mulher de um outro. Como em Hitchcock, somos tragados pela imagem mais do que pela narrativa. Pelo piano de Sam (Dooley Wilson) que interpreta a melodia do amor vivido, pelos olhares dos dois protagonistas quando se reveem, pelo progressivo domínio que a “Marselhesa” passa a ter no saloon de Rick contra o canto dos alemães, e também pela escolha riquíssima de character actors fantásticos e visualmente excêntricos (S.Z. Sakall, Peter Lorre, Sydney Greenstreet, Marcel Dalio). E por frases como “Sempre teremos Paris” ou “Estou de olho em você, garota”.

Sentimental e político

Certos filmes nascem clássicos. “Casablanca” foi tornando-se um. À época, havia vários filmes parecidos. Foi necessário um certo tempo para distinguir exatamente o que o torna especial, o romantismo sôfrego do amor impossível, a adequação perfeita dos personagens aos rostos e olhares de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, o sacrifício e o senso de heroísmo que se encarnam de modo diverso nos três personagens e tornam a escolha tão impossível. As catarses sentimental e política vividas no mesmo momento. E a lágrima mesmo no final feliz.

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