Damien Chazelle (à esquerda) e Ryan Gosling participaram de coletiva de imprensa nesta sexta, em Tóquio Foto: KAZUHIRO NOGI / AFP
RIO – O jovem diretor Damien Chazelle, em alta pela repercussão de seu mais recente filme, "La la Land: Cantando estações", ficou dividido entre o choque e a honra ao descobrir que o musical
recebeu 14 indicações
para o Oscar. Durante uma coletiva de imprensa no Japão, onde o longa estreou na última quinta-feira, ele contou que o sentimento de orgulho foi maior que a própria surpresa. Acompanhado por Ryan Gosling, que concorre como melhor ator na premiação, Chazelle acrescentou que estavam próximos quando o anúncio saiu:
– Estávamos no mesmo hotel quando recebemos a notícia, então conseguimos celebrar com champanhe.
Gosling, que considerou o filme um trabalho de colaboração, destacou que "La la Land" ganhou um ar mais especial depois que outros membros da equipe ganharam reconhecimento: além de elenco e diretor, há gente concorrendo pela estatueta nas categorias fotografia, edição, direção de arte e figurino, por exemplo.
– É uma sorte ser reconhecido desta maneira, porque, em muitos casos, apenas algumas pessoas são indicadas – apoiou o ator.
Chazelle também incluiu mais um filme na lista de influências do musical, um japonês dos anos 1960 chamado "Tóquio violenta", quando perguntado sobre referências que poderiam ter passado despercebidas – muitos veículos se empenharam em adivinhar todas as produções que inspiraram "La la Land". Ele acredita que pegou algo de lá devido à amplitude dos planos e às cores pop art, que "parecem um musical, mas com armas".
A abertura em que motoristas saem de seus carros em plena freeway foi inspirada no engarrafamento que abre “8 ½” (1963), de Fellini. O balé seguinte combina a energia de “Sete noivas para sete irmãos” (1954), de Stanley Donen, com os movimentos de “Duas garotas românticas” (1967) , de Jacques Demy, também entre automóveis.
“Epilogue”
Foto: Reprodução
As referências a outros musicais se sobrepõem umas às outras na última sequência. Há referências a cenários pintados de “Cantando na chuva” (1952), à valsa de Eleanor Powell e Fred Astaire contra um fundo estrelado em “Melodia da Broadway” (1940), e aos balões de gás de Audrey Hepburn em “Cinderela em Paris” (1957).
“Someone in the crowd”
Foto: Reprodução
O número em que as roommates de Mia a convencem a ir à festa começa em tom brincalhão, no apartamento, como em “I feel pretty”, de “Amor, sublime amor” (1961), de Robert Wise e Jerome Robbins. Na festa, convivas dançam passos “congelados” em torno da piscina, como em “Rich man’s frug”, de “Charity, meu amor” (1969), de Bob Fosse.
“Planetarium”
Foto: Reprodução
Boa parte das danças de Sebastian e Mia evoca filmes com Fred Astaire e Ginger Rogers. Isso fica evidente na cena dentro do Observatório Griffith em que os dois flutuam entre as estrelas do planetário, como sugerido em “Ritmo louco” (1936), de George Stevens.
“A lovely night”
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O meio giro de Sebastian no poste de luz é uma referência direta ao gesto de Gene Kelly em “Cantando na chuva” (1952), de Kelly e Stanley Donen, mas o número de sapateado da dupla é inspirado nos balés de Fred Astaire em “A roda da fortuna” (1953), de Vincente Minnelli, ou “Vamos dançar?” (1937), de Mark Sandrich, em dueto com Ginger Rogers.
Com as 14 indicações, o longa igualou a marca de "A malvada" (1950) e "Titanic" (1997). Entre as categorias, estão as mais aguardadas da cerimônia, incluindo melhor filme, diretor, ator e atriz, para Emma Stone.