Cacá Diegues
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Por — Rio de Janeiro

Em 1930, a escritora Rachel de Queiroz, uma menina, mal saída do curso superior e tendo recém-lançado “O Quinze”, abriu fogo contra um tal “manifesto” formulado e assinado pelo que havia de mais reacionário no governo de então. Da noite pro dia, Rachel se tornou musa, estrela que iluminava nosso curto céu democrático.

Mas não foi apenas a ação intempestiva dela que influenciou. Rachel começou a escrever artigos sobre liberdade de expressão que mandava publicar nos jornais mais à mão.

Na mesma época, numa mesa da Rua do Comércio, em Maceió, se reunia um grupo de amigos que, embora não se expressasse de um só modo, tinha algumas ideias em comum. E uma dessas era a ideia de liberdade. Eles achavam que sem liberdade não era possível construir alguma coisa que valesse à pena, sobretudo no campo cultural.

Durante anos esses amigos lutaram por uma expressão cultural decente e viram na questão estabelecida por Rachel de Queiroz um espaço importante para desenvolvê-la. Cada um deles continuou a desenvolver o que fazia, vinculados ao que já estavam compondo como cultura.

Graciliano Ramos mantinha seus relatórios da Prefeitura de Palmeira dos Índios no grupo. Jorge de Lima seguia fazendo seus poemas misteriosos. Raul Lima e Waldemar Cavalcanti precisavam continuar seus estudos. Théo Brandão fazia de Viçosa a cidade de seus sonhos folclóricos. Diégues Jr. seguia escrevendo nos jornais do Rio e Recife, descobrindo nomes mais ligados ao novo e à confirmação de uma cultura nacional, como havia acontecido recentemente, com um concerto de Heitor Villa Lobos.

E ainda havia aqueles que, não podendo deixar os lugares em que estavam acolhidos, contribuíam com pedaços de seus conhecimentos e ideias novas. Assinalo, até com exaltado reconhecimento, nomes como Jorge Amado, da Bahia, ou Gilberto Freyre, do Recife.

Essa mesa da Rua do Comércio acabou se tornando um elemento constitutivo e fundamental do movimento modernista no Nordeste. Eles não impuseram nada ao que devia ser o Modernismo, não estabeleceram regras para o movimento, não impuseram nenhum rumo para seus artistas.

Quando o Modernismo se tornou um valor nacional, capaz de determinar o que éramos e para onde queríamos ir, o exemplo nordestino, tenho certeza, acabou sendo oportuno para o movimento. Eles não se negavam a discutir a importância dos paulistas, não tinham nada a ver com as disputas gaúchas. Nunca nos metemos nessas questões de prioridades.

A simples luta pela negação de amarras criativas, em defesa da liberdade e contra manifestos pré-estabelecidos garantia o valor da obra.

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