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Cultura

'A música mudou a minha vida', escreve Ludmilla ao GLOBO

Como mulher, negra e funkeira, levar o funk, que sempre sofreu preconceito, para o Rock in Rio é uma grande vitória, diz cantora
A cantora Ludmilla Foto: Pedro Bucher
A cantora Ludmilla Foto: Pedro Bucher

RIO — A paixão pela música nasceu desde muito cedo, quando eu tinha apenas 8 anos. Desde nova, os sonhos de sucesso e grandes turnês pelo mundo sempre estiveram presentes e faziam meu coração bater acelerado. Hoje, com 24 anos, muitos destes sonhos se concretizaram, graças a Deus. Não consigo descrever a felicidade de poder mostrar minha música a tanta gente, além de carregar comigo o funk, gênero tão discriminado, que hoje cresce e leva alegria para o Brasil e para o mundo.

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Eu sempre quis me apresentar para multidões. Me via no palco, olhando para as pessoas, cantando para elas e quando isso aconteceu, foi lindo. Lembro dos últimos shows da minha turnê pela África e Europa. A sensação de alegria, acolhimento e festa me fizeram perceber o quão incrível pode ser o poder da música e o quanto ela transforma a vida de pessoas de culturas tão distintas. A música conecta as pessoas, os lugares e transforma em energia positiva tudo ao seu redor.

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E falando em música: este ano, pela primeira vez, me apresentarei em um dos festivais mais importantes do mundo, o Rock in Rio. E para mim, como mulher, negra e funkeira estar neste tipo de evento é uma grande vitória. Sempre foi um objetivo levar o funk para o grande público. O funk, que sempre sofreu preconceito, assim como diversos gêneros que nasceram de comunidades, como o samba e o rap. Temos vencido estas batalhas diariamente. Poder misturar o gênero, no RiR, com uma orquestra cheia de jovens talentos do Rio de Janeiro, será uma grande oportunidade.

A Orquestra Funk vai homenagear os 30 anos de funk no Brasil. No palco Sunset, vou estar ao lado de grandes artistas como Fernanda Abreu, Buchecha e Kevinho e com 22 jovens músicos dessas orquestras, Djs, produtores e arranjadores 2 FAb (Tabach e Phabyo DJ) no palco. A direção artística da Funk Orquestra fica nas mãos de Fabio Tabach.

E falando em sonhos: recentemente, gravei meu primeiro DVD de carreira, “Hello mundo” e foi incrível. Além disso, também tive a oportunidade de ter a música “Malokera”, faixa do MC Lan, na qual eu participei, tocada no desfile de uma das cantoras que mais inspiraram minha vida, a Rihanna. Sabem o que é isso para mim? Um ídolo seu tocar sua música. Nossa, é algo que não dá para explicar. Uma felicidade, passa um filme na cabeça.

A música é isto, celebrar os mais diversos estilos musicais, conectar as pessoas, dar oportunidades, transformar vidas e tornar o impossível, possível. E por experiência própria, isso acontece de verdade, não é só palavra no papel não.

A música mudou a minha vida, a vida da minha família, a vida de muitas pessoas que trabalham comigo. A música aproxima, soma, não deixa você ficar de fora, ela te puxa, realiza seus sonhos. Agradeço todos os dias pelo que consegui e arregaço as mangas em busca de novos objetivos.

* Ludmilla é cantora e se apresenta hoje no Rock in Rio