Quando conhecemos alguém com quem nos identificamos, é comum conversar sobre todos os assuntos. Filmes, livros, lugares especiais. Se a conexão for grande, não é raro tocar em temas mais delicados, como relações familiares, dificuldades e medos. Seja qual for a profundidade dos papos, há um elemento, no entanto, que quase nunca entra em pauta: o dinheiro.
Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) junto à Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que 44% dos casais falam sobre o tema. O dado a seguir dá uma pista do quanto evitar esse assunto pode prejudicar o relacionamento: o dinheiro é a causa principal de brigas de 48% dos casais.
— Muita gente acha que vai perder a individualidade se começar a falar sobre dinheiro. Mas esses limites trazem transparência a um relacionamento e possibilitam que o casal consiga se empenhar nas coisas que faz em conjunto. — aponta a educadora financeira Dina Prates.
Especialista no tema, ela sugere como abordar o assunto e indica atitudes que podem ser facilmente incorporadas à rotina do casal.
1- NÃO SE CALE
Aquele momento em que chega a conta e acontece a tradicional discussão sobre pagar ou dividir é uma oportunidade, aponta Dina:
— Se você tem limites de orçamento, a dica também é verbalizar: "Estou me organizando, minha capacidade financeira é X, podemos pensar em programas mais baratos?".
E nada de ter vergonha de suas limitações.
— Quanto mais sincero a gente for no início, mais fácil esse diálogo vai ficando e menores serão os problemas futuros — avalia.
2- USE APPS
Se o date ultrapassou essas barreiras e mudou de fase, é hora de tocar em outros pontos.
— Tente fazer um planejamento com a pessoa. Isso não significa necessariamente abrir suas contas, mas se organizar para entender quantas vezes no mês vocês vão conseguir sair para jantar, por exemplo — pontua Dina.
Para evitar o velho "hoje eu chamo o táxi e amanhã você paga", em que muitas vezes uma pessoa acaba gastando mais, ela indica deixar as despesas compartilhadas em aplicativos específicos para a divisão de contas.
3- SEPARE GASTOS
Se o casal resistiu às intempéries de duas vidas financeiras que se encontram, o momento é de se aprofundar.
A dica é botar todas as contas na mesa e montar um planejamento familiar. Entre as contas comuns, devem constar despesas habitacionais, alimentação, gastos comuns com lazer e, se for o caso, as contas dos filhos.
— Gosto muito da ideia de ter um cartão para compras coletivas. Para além das contas do dia a dia, o pagamento do sofá novo e outros gastos em comum, como as férias da família, devem ser concentrados nessa conta.
4- NÃO ESCONDA
Essa é uma maneira de entender o que cada um tem disponível para as despesas conjuntas.
— Às vezes uma pessoa ganha mais, mas tem uma despesa fixa (com os pais ou filhos de relacionamentos anteriores, por exemplo). Então, mesmo com uma entrada maior de dinheiro, ela já tem responsabilidades financeiras. A importância de abrir as contas individuais é o casal entender, de verdade, qual o orçamento de cada pessoa.
5- TENHA UMA REGRA
Antes de tudo, é fundamental organizar os compromissos da família e entender quanto custa aquilo tudo. Depois, destacar as responsabilidades individuais para descobrir quanto cada um pode dar.
— Se esse valor será proporcional à renda de cada um, à despesa ou se vai ser meio a meio, é uma decisão conjunta.
6- INCLUA OS FILHOS
Chamar crianças e adolescentes para esse papo é importante para uma educação financeira coletiva e cada vez mais sincera no núcleo familiar.
— Separar um dinheiro para a mesada e incluir os filhos no planejamento de gastos da família, para que eles possam conversar sobre o tema, faz toda a diferença — conclui Dina.