Nem todo mundo se sente confortável em lidar com dinheiro. Por falta de conhecimento, medo de arriscar ou as duas coisas juntas. Fato é que grande parte da população brasileira tem uma relação pouco saudável com o próprio dinheiro e deixa de aproveitar o que ele pode oferecer. Na raiz disso tudo, nos deparamo-nos com uma educação financeira falha que, muitas vezes, afasta as pessoas de seus objetivos.
O primeiro passo para perder o medo de investir e fazer com que suas reservas não percam valor é abrindo as portas para outro freio, esse sim desejável: de depender de alguém no futuro.
Com isso em mente, tirar as economias que estão debaixo do colchão e torná-las ativas é quase natural.
— Eu falo muito sobre a importância de ter equilíbrio para gastar o seu dinheiro hoje, mas sem deixar de se preocupar com o amanhã. Porque o futuro cobra e, na maioria das vezes, a gente não vai ter a saúde que tinha para trabalhar e gerar a renda que tinha no passado — alerta a educadora financeira Lívia Benassi.
Em sua cartela de clientes, ela aponta para aqueles que costumam usufruir de tudo que ganham sem pensar no porvir:
— Tenho clientes que trabalham muito e têm uma vida proporcional à renda mensal, que não é pequena. Só que, quando começam a envelhecer e a querer pisar no freio, não conseguem. Porque, se não trabalham, o dinheiro não entra. E a maioria deles não consegue manter o padrão de vida a que está acostumada.
Antes de qualquer coisa, é preciso investir em uma reserva de emergência — que Lívia gosta de chamar de reserva do sossego — para não se endividar com possíveis imprevistos e manter a saúde financeira em dia.
Depois do pezinho de meia feito, a chave é fazer com que essa quantia se movimente.
— Muita gente deixa o dinheiro na conta, na poupança ou até “debaixo do colchão” sem saber que existem investimentos com a mesma segurança e que rendem mais.
Para isso, porém, é preciso entender exatamente para que aquele dinheiro se destina.
— O dinheiro precisa ter objetivo. Não adianta investir em qualquer coisa só porque alguém disse que aquilo é bom se isso não for ao encontro do seu objetivo — aponta Lívia.
Alguns investimentos, explica, podem ser acionados a qualquer momento, enquanto outros exigem um tempo sem movimentação.
Outro passo fundamental na hora de decidir o destino de suas economias é descobrir em que perfil de investidor você se encaixa.
— Os jovens normalmente têm maior propensão a ter um comportamento mais arrojado porque contam com o benefício do tempo. Entre os mais velhos, é comum prevalecer o perfil mais conservador, justamente porque eles vão utilizar esse dinheiro em breve — explica a educadora.
Estabelecido isso, é hora de botar a mão na massa. Para quem ainda não se sente totalmente seguro, a dica da especialista é começar aos poucos:
— Muita gente me diz que tem dinheiro na poupança, mas tem medo de tirar tudo e aplicar. Minha sugestão é fazer o seu primeiro aporte com um valor baixo e comparar os rendimentos com os da poupança. Algumas modalidades de aplicação aceitam investimentos a partir de R$ 1.
Se compensar — e vai compensar —, a dica é colocar um pouco mais no mês seguinte. Com isso, você vai sentir mais segurança em investir.
Outra providência importante para aprender a cuidar do que é seu é deixar de lado a ideia de que economia é um bicho de sete cabeças e se inteirar do assunto.
![Educadora financeira Lívia Benassi — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/H8_2uoM5dNQk-fFndCMc0RWTYvw=/0x0:1536x1600/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/5/W/qQAj77SM6dVBUFYMANuQ/livia-benassi.jpeg)
Para isso, ela sugere navegar nas redes sociais e encontrar educadores financeiros e economistas com os quais você se identifique.
— Existem canais no YouTube e contas no Instagram de especialistas premiados que falam sobre educação financeira de uma forma simples e livros com explicações muito fáceis de entender.
Uma vez compreendido o básico, garante, acompanhar o noticiário para saber das novidades torna-se extremamente interessante.
— A partir do momento que você adquire conhecimento, vai querer saber das notícias para assim decidir onde colocar seu dinheiro, sabendo se ele vai render menos ou mais.
Porque o conhecimento, é sabido, liberta. E guarda a resposta para todos os medos.
SEIS PASSOS PARA COMEÇAR A INVESTIR
1. Não querer depender de ninguém
2. Investir em uma reserva de emergência
3. Estabelecer um objetivo para o dinheiro
4. Descobrir seu perfil de investidor
5. Começar aos poucos
6. Desmitificar a economia