Longevidade
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Por Bradesco Seguros

Existem muitas maneiras de se autossabotar. Alimentar pensamentos negativos é o mais evidente, mas há comportamentos sutis inseridos no nosso dia a dia que, muitas vezes, ocorrem de maneira inconsciente e atrapalham um bocado a vida.

— O que mais faz o pensamento sabotador acontecer é se comparar com o outro. A gente tem que olhar para o quanto nós mesmos melhoramos. Se estou em um processo de emagrecimento, por exemplo, não adianta comparar a minha perda de peso com a sua — aponta a geriatra e psiquiatra Roberta França

É que as chances de a pessoa se diminuir, quando avalia seus êxitos com essa perspectiva, é enorme.

— Tenho muitos pacientes, principalmente homens, que sentem-se inferiores aos colegas de trabalho mais jovens. E é desumano um cara de 60 anos se igualar a um de 20 — completa a médica.

No caso das mulheres, o confronto mais comum diz respeito à aparência — outra briga fadada ao fracasso.

— A beleza dos 60 anos nunca vai ser igual à dos 15. E isso não significa que vai ser menor, é apenas uma beleza diferente.

Acostumada a lidar com questões como essas no consultório, Roberta tem na ponta da língua a devolução para esse tipo de queixa: "E como estão todos da sua faixa etária?".

Usar o outro como parâmetro leva a pessoa a um estado constante de ansiedade, quando não a uma depressão.

Outro tipo de autossabotagem comum está relacionado à vitimização.

Roberta lembra de quando recebeu uma paciente, com acesso à saúde, à informação e a medicamentos, que perdeu a visão de um dos olhos porque tinha glicose e pressão altas e nunca havia tomado o remédio prescrito por seu cardiologista.

Com seu jeito amoroso e direto, ela conta ter dito: "Que zona de conforto é essa em que você se sente bem se fazendo de vítima?".

Assumir esse papel persecutório e repetir em pensamento que o mundo está contra você acaba excluindo sua responsabilidade dentro do caos que, não raro, você mesmo se colocou.

Não por acaso, pesquisas publicadas no Journal of Clinical Psychiatry apontam que até 63% dos pacientes psiquiátricos já fizeram algum tipo de autossabotagem, especialmente no que diz respeito à condução de seus próprios tratamentos.

— Não tomar os medicamentos prescritos é uma escolha. Porque a doença não é sua culpa, mas é sua responsabilidade — ressalta Roberta.

Segundo ela, os ganhos secundários gerados pelo sofrimento são justamente as pessoas se preocuparem, paparicar você:

— E muita gente usa a doença, às vezes de forma inconsciente, como forma de ser visto.

De acordo com a sua experiência, não é incomum esse comportamento ter origem em uma necessidade de atenção construída na infância.

— A criança faz isso sem entender direito. Mas o adulto se coloca em um lugar de autocomiseração. Porque ele entende que determinados comportamentos geram respostas mais automáticas e o colocam em uma zona de conforto.

A psiquiatra chama a atenção ainda para aquelas pessoas que estão sempre disponíveis a ajudar e não fazem nada por si — o que acaba fazê-las pensar que são injustiçadas.

— Essa coisa de "fazer o bem sem olhar a quem" é mentira. Não que a gente o faça para receber algo de volta na mesma proporção. Mas se você se doar todo o seu tempo, também está se sabotando.

O efeito colateral, explica, é a sensação de estar sempre devendo.

— No avião, a aeromoça fala que, em caso de despressurização, a máscara deve ser colocada primeiro em você. Porque se você não estiver bem, não tem como ajudar o outro.

Roberta lembra do tempo que atuou na ONG na associação de resgate metropolitano Anjos do Asfalto:

— Lá, aprendi que, quando você vai ajudar em um acidente de trânsito, a primeira coisa não é ver a vítima e sim parar o trânsito. Porque se o trânsito continuar fluindo e você for atropelado, você transforma um acidente em uma tragédia.

Para virar esse jogo, o primeiro passo é reconhecer os padrões descritos. Parar de se comparar, olhar para o lado cheio do copo e entender que quanto melhor você estiver, mais pessoas e coisas positivas terá por perto não é difícil e, acredite, vai deixar a vida muito mais leve.

Roberta França, geriatra e psiquiatra — Foto: Divulgação
Roberta França, geriatra e psiquiatra — Foto: Divulgação
O adulto se coloca em um lugar de autocomiseração. Porque ele entende que determinados comportamentos geram respostas mais automáticas e o colocam em uma zona de conforto
— Roberta França, geriatra e psiquiatra
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