Quando o Rio tinha poucos restaurantes que serviam a vera pasta italiana, em 1986, Silvana Bianchi montou uma casa de massas artesanais, a Salsa e Sughi. O negócio deu origem ao icônico Quadrifoglio, que fechou as portas em 2015 e foi o restaurante de comida italiana sofisticada e tradicional que já nasceu avant-garde, tendo apenas mulheres no comando da cozinha, do salão e do bar. Agora, seus raviólis mágicos, os canelones primaclasse, o nhoque de ricota com espinafre, o espaguete dela inamorata e o rondele raffinate estão novamente na praça. Associada da prestigiosa Accademia Italiana della Cucina, a chef acaba de se juntar ao time da fábrica de massas artesanais Pastrella, que existe desde 1986.
“Aprendi a cozinhar com a minha nonna, em Milão, na Itália, terra dos meus antepassados, onde sempre curtíamos as férias”, diz Silvana, que quando criança tinha como pet um leão, o Lippy the Lion, como ela o chamava — talvez, isso explique sua força e seu instinto de proteger e alimentar. O fascínio, ainda na infância, aconteceu a partir da magia dos alimentos. Farinha, ovos e água. Junta, mistura, espera, molda.“Num passe de mágica, tudo vira massa e alimenta corpo e alma. A relação dos italianos com a comida é de berço e visceral”, observa a chef, que foi a única da família, onde todos cozinham bem, a fazer disso um ofício.
Com 40 anos de experiência, Silvana está agora na Pastrella ao lado do experiente Fernando Sá — que trabalhou no Fasano e foi parceiro administrativo de Claude Troisgros por 15 anos — e do administrador Hélio Borneo, que pertence ao clã do Salete, restaurante conhecido por suas empadas de camarão, na Tijuca. Juntos, eles atendem aos mais variados tipos de clientes, desde as vendas na loja, no Leblon, até restaurantes, chefs e bufês, fãs das massas desenvolvidas especialmente para eles.“Além de companheira de cozinha, Silvana é uma grande amiga”, diz o chef Claude Troisgros. “Desbravamos muitos caminhos juntos. Abrimos na mesma época casas com propostas inovadoras e requintadas. Ela com o ítalo-brasileiro Quadrifoglio, e eu com o franco-brasileiro Olympe”.