O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), voltou a destacar a importância do apoio de Jair Bolsonaro (PL) à sua reeleição em 2024, após o ex-presidente ter sinalizado que poderia apoiar a candidatura de Ricardo Salles (PL) na disputa para comandar a capital paulista. Em conversa com jornalistas nesta terça-feira (20), Nunes disse ser “fundamental” o apoio de Bolsonaro, mas ponderou que o ex-chefe do Executivo nacional tem "o tempo dele".
— É o tempo do presidente Bolsonaro. Eu desejo, é importante, nós devemos caminhar juntos, o projeto da eleição da maior cidade do Brasil é fundamental, tem que ter um olhar especial, o que se decide aqui repercute no Brasil inteiro. Tenho falado com o presidente Bolsonaro, estive com ele em vários eventos, agora é no tempo dele. É natural que ele vá escolher o tempo adequado para poder declarar. Eu quero, é importante ter o apoio do presidente Bolsonaro, é fundamental— falou Nunes durante uma agenda na qual assinou um termo de cooperação técnica com o Ministério Público para estabelecer medidas de combate ao racismo.
Também na terça, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) indicou que só dará apoio pela reeleição de Nunes na capital se Bolsonaro assim decidir também.
— Bolsonaro é o grande líder do nosso campo. Eu jamais vou me colocar contra o Bolsonaro em decisão nenhuma. Não vou me envolver em campanhas eleitorais onde tiver bola dividida, onde tiver candidatos do nosso mesmo campo. Não faz sentido — afirmou o governador.
Nunes clamou a “responsabilidade” que Bolsonaro e Tarcísio devem ter para o que ele chama de “combate à extrema-esquerda”. Sem citar diretamente o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), seu principal adversário na disputa eleitoral à prefeitura, Nunes disse que é preciso “proteger a nossa cidade”.
— Tenho certeza que ele (Bolsonaro) tem a consciência da responsabilidade dele do que nós estamos falando aqui em São Paulo, de combater o que tem de pior na extrema-esquerda, uma pessoa que invade propriedade, que desrespeita a lei, que cooptou sindicatos para causar o transtorno da cidade. A nossa responsabilidade como pessoas públicas, tanto eu, como o Tarcísio e o Bolsonaro, precisa ser levada em consideração no contexto de unir a direita e o centro para poder proteger a nossa cidade e o nosso país — acrescentou Nunes.
Na semana passada, Bolsonaro elogiou o deputado federal Ricardo Salles, seu ex-ministro do Meio Ambiente, e se referiu a ele como “prefeito”.
— Muita gente gosta do Salles, eu também sou simpático a ele, foi meu ministro, fez um excelente trabalho lá no (ministério do) Meio Ambiente —disse o ex-presidente ao lado de Salles, durante uma entrevista na sede do PL, em Brasília. Ao ser questionado sobre a fala do senador Jorge Seif (PL-SC) de que São Paulo vai votar em Ricardo, mas em Ricardo Salles, e não Nunes, Bolsonaro deu risada e disse que "seria uma oportunidade de recompensá-lo", indicando um possível apoio. Depois, porém, ponderou que há muito trabalho a fazer uma vez eleito.
— Agora, São Paulo merece realmente um nome de uma pessoa que vá fazer pelo município, e não fazer por um partido — acrescentou Bolsonaro, que encerrou a entrevista repetindo um apoiador que gritou "Salles prefeito".
Nos últimos meses, ocorreu um esfriamento na relação entre Bolsonaro e Ricardo Nunes, que ensaiavam uma aliança para o pleito do ano que vem, em aproximação costurada pelo ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, o advogado Fabio Wajngarten. O ex-presidente já elogiou Nunes publicamente, mas o entorno do ex-chefe do Executivo critica o prefeito paulistano de “esconder” sua relação com Bolsonaro. Agora, Nunes tenta reverter isso e fez questão de compartilhar em suas redes sociais o vídeo no qual diz querer o apoio do ex-presidente.