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Por Mayra Castro* — Rio de Janeiro

Seja em um local deserto, na rua de casa, em festas lotadas ou voltando do trabalho, perder o celular em um assalto ou furto é tem feito cada vez mais parte do dia a dia do brasileiro. Foi o que aconteceu com Júlia Alves, estudante de 21 anos que estava voltando para casa na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, quando, já na rua onde mora, foi abordada e ameaçada por dois homens, que levaram seu celular e o de sua mãe, que a acompanhava. De acordo com o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançado nesta quinta-feira, o país teve 1 milhão de ocorrências de roubo e furto de celular em 2022, com uma média de 2.738 aparelhos levados por dia. O número é recorde: aumento de 16,6% em relação ao ano anterior.

— Fomos abordadas, ameaçadas, falaram "entrega a bolsa senão você vai morrer". Levaram a minha bolsa com tudo que eu tinha, inclusive o celular. Em seguida, levaram o da minha mãe. Ela pediu para deixarem os documentos. Eles pegaram o celular, deixaram a bolsa dela no chão e foram embora correndo. Foi tudo muito rápido, nem consegui olhar para a cara deles direito. A região da Tijuca no geral está tendo muito assalto. A zeladora do meu prédio foi roubada há pouco tempo em uma rua próxima a nossa, levaram o celular e o relógio dela também. Todo mundo fala muito da incidência de roubos por ali — conta Júlia, que voltava de um show quando foi roubada.

Somando 508.335 roubos e 490.888 furtos, o número total foi de 999.223 casos no Brasil. O estado que liderou o ranking, em números absolutos, foi São Paulo, onde houve mais de 300 mil celulares roubados ou furtados, o que representa 30% do total do país. Em segundo lugar, a Bahia teve 83.433 ocorrências dos dois tipos, cerca de 8%.

Já comparando com a quantidade de pessoas que habitam em cada local, as unidades da federação com maior taxa de roubo e furto de celulares por 100 mil habitantes são Amazonas, com 1.015,1 e o Distrito Federal com 1.008,3. Os lugares com maior aumento em relação a 2021 foram a Bahia, com variação de 70,5%, e o Rio de Janeiro, que aumentou em 58,6%.

O ex-secretário nacional de segurança pública José Vicente acredita que esses números devem crescer.

— O celular já é o objeto mais valorizado pelos ladrões, de maneira geral. E é muito fácil de ser tomado das pessoas. Elas andam descuidadamente com o aparelho pelas ruas e muitas vezes eles simplesmente tomam das pessoas distraídas. Além disso, o celular é muito valioso. É fácil de colocar no comércio paralelo de objetos de origem criminosa. É muito difícil, por exemplo, você colocar para alguém comprar um rolex. Celular é muito fácil. E há um estímulo muito grande porque a população compra celular mesmo suspeitando que ele seja de origem criminosa. Ou seja, você tem um mercado muito receptivo pra esse tipo de produto, e quando o mercado pede, o ladrão entrega — explica o ex-secretário.

Os impactos da pandemia

De 2018 a 2022, foram totalizados 4.726.913 casos de roubos de celular no país, com o maior número em 2019, quando houve 1.053.433 de registros. Houve uma queda de ocorrências em 2020 e 2021, período de pico da pandemia de Covid-19, com um total de cerca de 800 mil casos em cada um dos dois anos. As medidas de isolamento social foram responsáveis por essa redução, de acordo com o anuário. Em 2022, houve o retorno ao cenário pré-pandemia.

Em todos os quatro anos analisados pelo anuário, o número de roubos foi maior do que o de furtos, o que mostra uma tendência de uso da violência ou da ameaça à violência na maior parte dos casos de aparelhos usurpados, ainda que em 2022 a proporção de roubos tenha caído, ao passo em que a de furtos cresceu. O relatório também chama atenção para o fato de que, embora os crimes relacionados a celulares ainda tenham como princípio ações físicas, essas ocorrências podem dar origem a tipos de crimes virtuais como estelionato ou o golpe virtual, já que cada vez mais a população coloca dados pessoais em equipamentos eletrônicos.

Estratégias contra os crimes

Quando comprou um celular novo, Júlia não mediu esforços ao contratar um seguro para ele, estratégia que muitos brasileiros têm utilizado já imaginando que os aparelhos podem ser levados a qualquer momento. De acordo com ela, nem na própria rua de casa ela se sente segura, já que foi assaltada no local.

— Na hora de comprar outro celular, de investir em um melhor, a gente só se sentiu segura pra fazer isso contratando um seguro, porque não tem condições de arriscar pagar caro em um aparelho podendo perder ele do nada. Ainda é uma insegurança muito grande, logo depois do assalto eu me sentia muito ansiosa e nervosa, até hoje sinto. Porque é um local que eu passo com frequência na minha rotina, é a rua da minha casa — conta ela.

Para o especialista, estão faltando mais de cuidados não só usuário, mas também da polícia civil, que está começando a empreender investigações para grupos de receptação de celulares. Ele dá o exemplo de uma ação da polícia que descobriu grupos na zona central de São Paulo que roubavam e exportavam celulares pra países da África, e acrescenta que ainda são necessários mais esforços da população e do poder público para conter esse tipo de crime.

— As tecnologias também precisam evoluir um pouco mais para fazer aquilo que inutiliza o celular, que é um bloqueio completo que impede seu seu uso por usuários indevidos. As pessoas também não estão muito informadas, mas alguns celulares, como iPhone, por exemplo, podem ter um grau muito muito adiantado de de bloqueio. O cuidado que as pessoas devem ter é em relação à proteção do seu aparelho — acredita ele.

*Estagiária sob supervisão de Carla Rocha.

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