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Por Karolini Bandeira — Brasília

No coração de Brasília, um grande conjunto de lagos artificiais contrasta com as construções padronizadas de concreto da cidade planejada na década de 1950. Pensado para ser um alívio ao clima seco e quente da nova capital federal, o Lago Paranoá passou nos últimos anos a representar uma espécie de “lado B” da cidade. Lá, o terno e gravata obrigatórios em boa parte dos prédios públicos dão lugar a trajes esportivos e roupas de banho.

Principalmente à noite e aos fins de semana, restaurantes, parques e clubes da orla são um dos destinos mais procurados por políticos, famílias e jovens para momentos de lazer. Além disso, costuma atrair o interesse de turistas e autoridades estrangeiras em visita à capital. Foi o que aconteceu em dezembro, quando o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, aproveitou o dia livre antes de participar da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um mergulho. Em fevereiro, foi a vez de o assessor especial do governo Joe Biden para o clima, John Kerry, também aproveitar um momento de folga durante visita oficial para um refresco à beira do lago, com direito a caipirinhas e banho de sol em um clube de windsurf.

Quem não conhece Brasília nem imagina que há um espaço de lazer com água suficiente para aplacar fogueiras de vaidades políticas.

— Sempre está cheio, com pessoas fazendo caminhada, piquenique, encontros ou simplesmente tomando sol — conta o estudante brasiliense Matheus Schmidt, de 22 anos, que costuma passear com seu cachorro nos gramados do parque Asa Delta, que contorna o Lago Sul.

O parque foi reinaugurado em 2017, após um programa do governo do Distrito Federal para desobstruir o acesso à orla do lago. Até então, as margens eram bloqueadas em vários pontos por propriedades privadas. Deques construídos por quem mora às margens, por exemplo, foram transformados em espaços públicos e hoje são usados por frequentadores para tomar sol.

Canoa havaiana é sucesso

Para além dos passeios, o lago também é frequentado por praticantes de esportes como caiaque, canoa, vela e stand up paddle (SUP), graças às águas calmas.

Paratleta de canoagem e caiaque, Daniel Konka, de 40 anos, conheceu o esporte no lago após indicação de seu fisioterapeuta. Amputado da perna depois de um acidente de moto em 2018, Konka encontrou no caiaque o equilíbrio que buscava no início da reabilitação.

— Comecei a ter as primeiras aulas no lago. Quando conheci, me apaixonei — lembra Konka, que já chegou a participar de campeonatos em outros estados.

Segundo o paratleta, contudo, é a canoa havaiana o que mais tem atraído interesse. Ele afirma que, diariamente, encontra de 30 a 40 pessoas remando nas águas do lago:

— A grande maioria é impulsionada por quem já experimentou o esporte, na intenção de conhecer mais o lago e as belezas naturais de Brasília. As pessoas se apaixonam porque é uma atividade completa, divertida e com um visual impressionante, totalmente diferente da dos prédios do centro da cidade.

Previsto desde os primórdios da capital, o lago artificial demorou menos de um ano para ficar cheio, em 1960. Com 38 metros de profundidade e uma área superficial de 37,5 km², sofreu com a poluição nas primeiras três décadas após a criação e precisou passar por um amplo programa de despoluição nos anos seguintes.

O ponto turístico é forte impulsionador da economia local. Segundo o governo do DF, cerca de 16,6 mil pessoas estão empregadas nos estabelecimentos à beira do lago, como clubes, bares, hotéis e restaurantes. Outras centenas de famílias são beneficiadas pela pesca.

— O Lago Paranoá é uma das mais belas atrações de Brasília e um dos nossos principais pontos turísticos. Temos a quarta maior frota náutica do país, com uma orla repleta de bares, restaurantes e oportunidades de práticas esportivas — afirma o secretário de Turismo do DF, Cristiano Araújo.

Vila submersa

Entre as atrações turísticas mais procuradas está o mergulho. A cerca de 10 metros abaixo da água, é possível revisitar carros, objetos do passado e lembranças do que um dia foi a cidade. São os destroços da Vila Amaury, antiga comunidade de operários que ajudaram a erguer a capital federal, submersa para dar vida ao lago. Por ironia, hoje é uma relíquia buscada por mergulhadores.

A Vila Amaury foi uma construção provisória, inicialmente criada como acampamento pelo engenheiro e funcionário da Novacap Amaury Almeida, responsável pelas obras de Brasília. No final de 1957, a vila passou a ser ocupada por operários de todas as regiões, que dormiam em arranjos feitos com barracos de tábua e sacos de cimento.

Em pelo menos três anos de existência, a vila abrigou até 16 mil operários, conforme o Arquivo Público do Distrito Federal. Tinha bares, restaurantes, lojas, mercado e até um pequeno parque de diversões quando começou a ser lentamente inundada em 1959 por águas represadas do Rio Paranoá para que então nascesse o lago.

Os utensílios deixados para trás pela comunidade obrigada a deixar a região fazem da barragem do Lago Paranoá um dos pontos preferidos de aventureiros, com vocação para “arqueólogos”, e de pesquisadores que se debruçam sobre o passado. O mergulhador e pesquisador Frank Bastos participa, desde 2017, de um projeto de mapeamento com objetivo de colher artefatos históricos que resistiram embaixo d’água com o passar das décadas.

— Nós encontramos uma placa de um cordel datada de 1970, réplica de armas antigas, lápides de provavelmente um pequeno cemitério e vestígios de uma igreja — enumera ele.

A área de mergulho do lago é sinalizada para evitar acidentes, e o esporte é feito sempre em dupla.

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