Amsterdã não sabe o que é baixa temporada; o que existe é a alta permanente, com dois picos: em abril (tulipas!) e julho (verão!). E, embora de uns anos para cá a prefeitura venha tentando impor limites ao turismo de massa, a capital neerlandesa continua a atrair milhões de visitantes. O que é perfeitamente compreensível, pois onde mais você caminha ao longo dos canais uma hora e na outra está cara a cara com Vincent van Gogh? É tudo muito divertido, sim... até ter de abrir caminho para passar pela Praça Dam.
Ter um pouco de espaço em Amsterdã não é nada impossível – basta apenas um pouco de planejamento. Aqui vão seis dicas que podem ajudar.
1. Seja seu capitão
Sem dúvida, a melhor maneira de aproveitar a cidade é na água, e é muito comum que o passeio pelos canais seja a primeira opção do itinerário – mas, em vez de optar por uma embarcação com cem pessoas, por que não ser o capitão de si mesmo? Por toda parte há estações onde é possível alugar barquinhos elétricos perfeitos para o tamanho do seu grupo. Pode ser a Sloepdelen (70 euros por hora, ou cerca R$ 373), com opções para até 12 pessoas, ou a Mokumboot (95 euros por duas horas), com unidades que levam até seis. Não é preciso ter habilitação, apenas ser maior de idade e não consumir bebida alcoólica.
Não é só pela experiência de se ver guiando pelo Rio Amstel, mas um escaler permite que você explore os canais mais estreitos e mais pitorescos a que os barcos maiores não conseguem chegar. Uma alternativa é fazer o passeio à noitinha, logo depois do pôr do sol, quando as luzes das ruas e pontes começam a se acender para iluminar a cidade às escuras.
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Se quiser ter toda a água só para si, saia da cidade. Uma boa opção é Ouderkerk aan de Amstel, cidadezinha às margens do Amstel, a pouco menos de dez quilômetros de Amsterdã, e maravilhosamente tranquila.
2. Explore o Bairro Judaico
Não é raro que as pessoas viajem a Amsterdã por uma razão muito especial: visitar a casa de Anne Frank. Por mais impressionante que seja a experiência, porém, é preciso fazer a reserva com meses de antecedência.
Na verdade, há inúmeras outras opções para explorar a riquíssima história local da Segunda Guerra Mundial, e uma delas é o Bairro Judaico, que continua marcado pela trajetória e pela cultura de seus ocupantes. A organização Joods Cultureel Kwartier cria roteiros personalizados de passeios a pé (90 euros por guia para 15 pessoas, no máximo) pela região, de acordo com seus interesses.
O que não significa que você não possa ser o próprio guia, explorando locais como a Sinagoga Portuguesa (ingresso adulto a 18 euros), o Museu da Resistência (ingresso adulto a 14 euros) ou o Memorial Nacional dos Nomes do Holocausto, inaugurado em 2021 (entrada franca). É uma região rica em história, cultura e experiências pessoais; a diferença é que recebe menos turistas.
3. Ignore a fila do TikTok
Desde o início do ano, o bairro de Negen Straatjes passou a ser caracterizado por filas imensas. O motivo? TikTok. Por lá, certas guloseimas como sanduíche japonês, batata frita e cookie de chocolate viralizaram – tanto que as casas que as servem foram forçadas a contratar gestores de multidão para conter o fenômeno que já ganhou nome: as "filas do TikTok".
Há um sem-fim de alternativas perfeitamente fantásticas para matar sua vontade que não exigem uma espera de hora e meia – como a Zero Zero, na Nieuwe Spiegelstraat, que serve uma schiacciata caseira espetacular (pão toscano semelhante à focaccia). Se quiser uma refeição mais caprichada, vá ao Pulitzer Garden, no pátio discreto do Pulitzer Hotel, às margens do canal Prinsengracht. Ou opte pelo clássico que combina uma porção de bitterballen, ou almôndegas fritas, e a cerveja local no Café Luxembourg da Praça 't Spui.
4. Flores coloridas e muito verde em Amstelveld
Poucos locais da cidade lotam tanto de turistas como o mercado flutuante de flores em Singel. Lindo, claro, mas, em vez de encarar a muvuca, você pode dar uma espiada em Amstelveld em nome do turismo paisagístico.
A praça pequenina situada no centro fica coberta de plantas e flores toda segunda-feira. Tranquila, relativamente desconhecida pelos turistas e cercada por canais pitorescos, a atração é muito popular entre os moradores.
Amstelveld abriga também algumas opções gastronômicas excelentes, como a Brasserie Nel e o pequeno Café Marcella, onde se pode desfrutar uma refeição completa ou apenas uma xícara de café a uma das mesas externas.
5. Explore o norte
Há um pequeno curso d'água, o IJ, que divide o centro da região norte, a Amsterdam-Noord. Para cruzá-lo, é só seguir para a parte de trás da principal estação de trem, a Amsterdam Centraal, de onde sai uma balsa (gratuita). Lá do outro lado, longe do barulho, dá quase para se sentir em outra cidade.
A opção é perfeita para quem quer se afastar um pouco do movimento. Para explorá-la, você pode alugar uma bicicleta (10 euros por três horas), zanzar a pé e conferir a arte de rua e os corredores antigos do complexo NDSM ou simplesmente relaxar em um dos inúmeros cafés à beira d'água – como o Café de Ceuvel ou o restaurante do Museu Eye Film, situado na região periférica do Noord, que proporciona uma vista espetacular do IJ e da cidade.
6. Saia da cidade por um dia
Quando uma nação pequena como os Países Baixos conta com um sistema ferroviário excepcional, é possível explorá-la por inteiro. O que não falta são cidadezinhas lindas e muito mais fáceis de percorrer do que Amsterdã, tanto no que se refere ao tamanho como ao número de visitantes.
Um bom exemplo é Utrecht (8,80 euros), a meia hora de distância, onde se encontra a pitoresca Torre Dom, campanário mais alto do país, e o Oudegracht, canal que a atravessa por inteiro.
Outra sugestão é a pequenina Haarlem, a menos de 20 minutos de trem (passagem de adulto: 4,90 euros). Visite o Museu Frans Hals (entrada de adulto: 16 euros) e mergulhe na arte do mestre neerlandês, ou saia a pé explorando os muitos pátios escondidos. Dali, você pode seguir para várias praias – como Bloemendaal aan Zee, a 20 minutos de ônibus, ou Zandvoort aan Zee, a dez minutos de trem (passagem de adultos e crianças: 2,60 euros).