True Crime
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True Crime

Histórias, detalhes e personagens de crimes reais que mais parecem ficção

Informações da coluna

Ullisses Campbell

Com 25 anos de carreira, sempre atuou como repórter. Passou pelas redações de O Liberal, Correio Braziliense e Veja. É autor da coleção “Mulheres Assassinas”

Por — Tremembé (SP)

Cerca de 50 mil presos do regime semiaberto de São Paulo ganharam a liberdade hoje cedo para passar as festas juninas em casa. Entre eles, estão criminosos conhecidos, como Cristian Cravinhos, Gil Rugai e Lindemberg Alves. Só no Complexo de Tremembé, foram liberados 3,5 mil criminosos para a regalia que ganhou o apelido de “saidinha de Santo Antônio”.

O jogador Robinho e o empresário Fernando Sastre Filho, apelidado na cadeia de Bebê do Porsche, também estão em Tremembé. Mas eles não tiveram direito à saidinha porque estão no regime fechado. Robinho foi condenado em 2022 por um crime de estupro coletivo ocorrido em 2013. A violência sexual aconteceu em uma boate em Milão. Já Fernando Sastre foi preso em 6 de maio após ficar três dias foragido. Ele é acusado de homicídio por dolo eventual, por matar o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana. Fernando dirigia alcoolizado o Porsche do seu pai a 114,8 km/h quando colidiu com o Renault Sandero de Ornaldo. Sua mãe, Daniela Cristina de Medeiros, o tirou do local do acidente na presença de policiais para escapar do flagrante. Vem desse gesto materno o apelido que ele ganhou na cadeia dos colegas de cela. Nas visitas que recebe da mãe no pátio de Tremembé, Fernando chora copiosamente, segundo relatos de policiais penais.

A saidinha junina, às vésperas do Dia dos Namorados, vai durar sete dias. Ou seja, na próxima segunda-feira, 17, todos os presos deverão retornar para a cadeia. Enquanto estiverem em liberdade, os detentos não podem ficar fora de casa entre 20h e 6h da manhã, tampouco frequentar festas e quermesses noturnas, inclusive as comemorações de Santo Antônio, marcadas para 13 de junho. No entanto, é quase impossível para a Justiça fiscalizar se eles cumprem essas regras.

Uma nova lei aprovada pelo Congresso Nacional havia cancelado as saidinhas em todo o país. No entanto, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu manter a regalia com base na Portaria nº 02/2019, que regulamenta o benefício no estado.

A 'saidinha' em Tremembé — Foto: Ullisses Campbell
A 'saidinha' em Tremembé — Foto: Ullisses Campbell

Os crimes do presos 'famosos'

Cristian Cravinhos já pediu progressão de pena, e a expectativa é que ele seja promovido para o regime aberto até dezembro. Em outubro de 2002, ele participou de um dos crimes mais chocantes do Brasil: o assassinato do casal Manfred e Marísia Richthofen. A filha do casal, Suzane von Richthofen, planejou o crime junto com o namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian. Em 2006, Cristian foi condenado a 38 anos de prisão por seu envolvimento no assassinato. Suzane e Daniel também foram presos pelo mesmo crime, mas já foram liberados da prisão. Além dessa condenação, Cristian enfrentou outra sentença de 4 anos por tentativa de suborno a policiais militares, que o flagraram violando as regras das saídas temporárias.

Da esquerda para a direita: Lindemberg Alves, Gil Rugai e Cristian Cravinhos estão entre os condenados que poderão usufruir da 'saidinha' — Foto: Fotos de arquivo
Da esquerda para a direita: Lindemberg Alves, Gil Rugai e Cristian Cravinhos estão entre os condenados que poderão usufruir da 'saidinha' — Foto: Fotos de arquivo

Em 28 de março de 2004, Gil Rugai foi acusado de matar o pai e a madrasta, Luiz e Alessandra. O crime ocorreu na sede da agência de publicidade que funcionava na casa da família, localizada em Perdizes, Zona Oeste da capital. Luiz, com 40 anos, e Alessandra, com 33, foram encontrados mortos a tiros. Na época, Rugai tinha 20 anos. Em 2013, ele foi condenado a mais de 33 anos de prisão.

Ainda em 2013, Lindemberg Alves foi condenado a 39 anos de reclusão por manter em cárcere privado e matar a ex-namorada Eloá Pimentel. O caso teve grande repercussão quando Lindemberg invadiu o apartamento onde Eloá morava e a manteve refém, junto com sua amiga Nayara Rodrigues e outros dois colegas de escola. Após mais de 100 horas de negociação, Lindemberg disparou contra Eloá, que não resistiu aos ferimentos.

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