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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 19/06/2024 - 18:32

Aprovação do governo Lula cresce na região Sul

Pesquisa Datafolha aponta aumento da aprovação do governo Lula na região Sul, atribuído ao auxílio federal ao RS após enchentes. Ministro Paulo Pimenta ganha destaque e ações emergenciais são bem recebidas, embora haja ressalvas prévias ao PT na região. Expectativas econômicas ainda são pessimistas entre os sulistas.

As sinalizações positivas para o governo Lula indicadas na nova pesquisa Datafolha divulgada nesta semana se distribuíram pelas cinco regiões do país, mas tiveram maior intensidade no Sul. Pela primeira vez desde o início da atual gestão petista, o resultado numérico de avaliações “bom” e “ótimo” (36%) entre os sulistas supera o de “ruim” e “péssimo” (33%), ainda que dentro da margem de erro — que para a região é estimada em seis pontos percentuais para mais ou menos. Até março, só os resultados do Nordeste produziam um gráfico em que a linha da aprovação aparece acima da que indica reprovação.

Em relação ao levantamento anterior, as avaliações positivas do governo no Sul tiveram variação de seis pontos, passando de 30% para 36%. Já a taxa dos insatisfeitos oscilou para baixo, de 40% para os atuais 33%. Embora essa variação tenha se dado dentro da margem de erro, a intensidade dessa mudança indica ser maior a probabilidade de se tratar de queda real.

Dentro do governo houve comemorações pelos resultados da pesquisa e existe o entendimento de que essa possível melhora no Sul se deve às ações federais no socorro ao Rio Grande do Sul após as enchentes que atingiram o estado. O ministro da Secretaria Especial de Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, celebrou nas redes sociais o que chamou de “crescimento da aprovação” horas depois de afirmar que “na hora da dificuldade, Lula não soltou a mão do povo gaúcho”.

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Para o professor de ciência política Daniel de Mendonça, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), os dados indicam “boa repercussão” das ações emergenciais do governo federal, mas é preciso aguardar as próximas pesquisas para constatar se de fato essa melhora se consolida.

— O presidente veio três ou quatro vezes ao estado no meio da tragédia e houve uma ação muito clara do governo em auxiliar o Rio Grande do Sul. Essas mudanças indicadas pela pesquisa em relação ao Sul têm muito mais a ver com os gaúchos, porque Paraná e Santa Catarina ainda são muito reticentes ao PT — analisa.

As ressalvas dos sulistas em relação a Lula são anteriores ao início de seu terceiro mandato na Presidência. No segundo turno da eleição de 2022, o petista obteve só 38,2% dos votos válidos na região na disputa contra Jair Bolsonaro (PL), seu pior resultado dentre as cinco regiões.

Pimenta ganha força

Daniel de Mendonça avalia que ainda é cedo para fazer projeções sobre os impactos dessa maré positiva para o governo nas eleições municipais de outubro. O professor, contudo, diz que os resultados até aqui dão força a Paulo Pimenta, possível candidato ao governo gaúcho em 2026:

— Situações extraordinárias podem ser também uma grande oportunidade ou a ruína de uma estratégia política. O ministro tem aparecido muito nos meios de comunicação do estado, e seu futuro dependerá não só de sua habilidade política, mas do que ele de fato vai conseguir angariar via ações do governo federal.

Apesar de sinalizarem maior satisfação com o governo federal, os sulistas demonstram pessimismo acima da média com a economia. São 24% dos moradores da região os que acham que a situação econômica do país melhorou nos últimos meses, taxa numericamente inferior à média nacional, de 27% — percentual que é puxado para cima pelo Nordeste, onde 40% veem melhora. Quando perguntados sobre o próprio futuro financeiro, 36% dos moradores do Sul projetam piora nos próximos meses, enquanto em todo o país essa resposta é comum a 28%.

O Sul abriga cerca de 15% do eleitorado e é a terceira região mais populosa do país. No Sudeste, primeiro do ranking, a aprovação do governo se manteve estável em 31%, enquanto a taxa de avaliações “ruim” ou “péssimo” variou de 37% para 36% desde março. No Nordeste, o percentual de “bom” e “ótimo” estacionou em 48% e a taxa de reprovação oscilou um ponto para baixo, de 20% para 19%.

O Datafolha entrevistou presencialmente 2.008 eleitores de 16 anos ou mais em 113 municípios brasileiros, no período de 4 a 13 de junho. A margem de erro geral da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%.

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