Míriam Leitão
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GERADO EM: 25/06/2024 - 18:23

Avanço no STF: Discriminação Racial na Lei de Drogas

O Instituto de Defesa da População Negra comemora avanço no STF sobre descriminalização do porte de maconha, destacando discriminação racial na aplicação da lei de drogas. Estudo do Insper revela disparidade no tratamento de pretos e pardos em relação a brancos. Debatendo a política de drogas, o julgamento ocorre em meio a PEC que propõe criminalização do porte de drogas.

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos para descriminalizar o porte de maconha para consumo pessoal. A corte ainda vai definir critérios para diferenciar usuários e traficantes. A decisão foi comemorada pelo Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), que considera que haverá um significativo avanço no debate sobre a política de drogas do país após este julgamento. O IDPN oferece serviços jurídicos à população negra.

Joel Luiz Costa, diretor executivo do IDPN, salienta que a lei 11.343 funciona como balizador dessa distinção entre usuário e traficante. No entanto, como é extremamente subjetivo, permite ao "policial militar de cada esquina ser o juiz do caso em concreto".

- O policial decide se aquele episódio chega na delegacia como usuário ou traficante.

Segundo uma pesquisa do Núcleo de Estudos Raciais do Insper, 31 mil pessoas pardas e pretas foram enquadradas como traficantes em situações iguais àquelas em que brancos foram tratados como usuários. Os pesquisadores analisaram 3,5 milhões de boletins de ocorrência feitos de 2010 a 2020 pela polícia de São Paulo.

- A guerra às drogas é um instrumento que controla corpos negros, sobretudo de meninos e homens negros, executada de forma belicosa em favelas e periferias, que são territórios racializados - considera ele.

Na retomada do julgamento na semana passada, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, disse:

- Na falta de critério, a mesma quantidade de drogas nos bairros mais elegantes das cidades brasileiras é tratada como consumo e, na periferia, é tratada como tráfico. O que nós queremos é acabar com essa discriminação entre ricos e pobres, basicamente entre brancos e negros.

Outro ponto destacado pelo instituto é que o julgamento acontece em meio a um projeto como a PEC 45, a PEC das drogas, que atualmente está transitando no Congresso Nacional, e inclui na Constituição a criminalização do porte ou posse de qualquer quantidade de droga.

- O que vai na contramão do debate no STF e de outros países que tem uma política de drogas baseada na garantia de direitos e na política de redução de danos, respeitando a autonomia desses corpos e proporcionando um tratamento em liberdade para as pessoas que podem vir a fazer um uso abusivo.

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