Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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As ações da Petrobras no pós-mercado de Nova York chegaram a cair quase 7% após a demissão de Jean Paul Prates, notícia antecipada por Malu Gaspar e confirmada pela empresa por fato relevante. Os papéis PBR chegaram a cair 8% no after market.

Em comunicado, a consultoria Ativa classificou a decisão como negativa, uma vez que "Jean Paul Prates vinha desempenhando o que classificamos como um bom papel na companhia, equilibrando os interesses econômicos e políticos da empresa com sabedoria".

"Hoje nos resultados do primeiro trimestre deste ano, quando participou apenas via vídeo, Prates ressaltou seu compromisso com a remuneração do investidor e o investimento em ativos de petróleo, o que voltará a ficar sob reavaliação após a nova mudança de gestão".

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimento, avalia que a reação do mercado não tem como não ser negativa já que essa ruptura pode ter um preço alto no processo de transição que a empresa está passando. Ele lembra que hoje foram apresentados os resultados em uma call de 2h30 com o mercado.

- Será que o que foi falado continua valendo? Esta decisão lança uma série de dúvidas sobre o futuro da empresa.

Segundo ele, as ações tendem a responder negativamente porque o movimento aumenta significativamente o risco de uma intervenção mais direta na empresa.

Frederico Nobre, chefe de análises da Warren Investimentos, diz que a notícia pegou a todos de surpresa e também avalia a demissão como negativa.

- Primeiro porque traz uma falta de credibilidade, insegurança. E eu acho que é desnecessário, porque o Jean Paul Prates estava fazendo um trabalho bem razoável. Acho que era um cara bem ponderado, que vem do setor, que conhece o setor, que conhece a empresa. Estava fazendo uma gestão bem tranquila, tinha o diálogo com o mercado e tinha o diálogo também com os representantes ali do governo, parlamentares. Avalio como negativa a saída dele, principalmente considerando que a substituta provavelmente vai ser a Magda Chambriard, que vem criticando a distribuição de dividendos por parte da Petrobras nas redes sociais recentemente. Então é uma pessoa que tem um viés diferente do viés dos acionistas da Petrobras.

Para Nobre, a reação dos mercados deve ser bem ruim nesta quarta-feira, por conta dessa mudança nas expectativas e dessa maior incerteza que se refletiu nessa troca de comando da companhia.

Na opinião de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, já era evidente um desgaste significativo no âmbito político envolvendo Jean Paul Prates e os demais ministros. Em sua carta de despedida aos colegas, Prates disse que sua missão na empresa foi "precocemente abreviada" e que os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil) participaram da decisão.

- É pertinente destacar que nos últimos meses tem sido observada uma defasagem relevante no preço da gasolina, evidenciando que Jean Paul Prates não adotou uma postura completamente desvinculada de influências políticas na sua gestão - avalia Cruz.

De acordo com a Abicom, a gasolina está com uma defasagem de 7% e o diesel de 3% nos polos da Petrobras.

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