Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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O presidente Lula errou de novo em suas declarações sobre a eleição venezuelana, ao dizer que quem foi impedido de competir não deve ficar chorando. Ela se referia, claro, a Maria Corina, e ainda disse que só se saberá se a eleição foi justa depois do pleito. Para ser democrática uma eleição tem que ter regras justas, e o regime chavista está desmontando toda a estrutura de disputas justas. Portanto, uma eleição precisa ser livre, antes, durante e depois. E Lula que retornou sendo visto como quem protegeria a nossa democracia ameaçada deveria tomar mais cuidado com tudo isso.

No caso de Maria Corina Machado, o Conselho Eleitoral, controlado por Nicolás Maduro, alegaram problema administrativo que ela teria em outro momento da vida política, mas nada que justifique a inelegibilidade. E isto só aconteceu quando ela foi escolhida por vários partidos da oposição para ser a candidata de oposição a Nicolás Maduro e se tornar uma candidata viável.

O governo chavista está há 26 anos no poder. Foi eleito em 1998, e depois manobrou no poder para afastar qualquer competição eleitoral, começando exatamente pelo ataque em 2003 ao Conselho Nacional Eleitoral. Eu estive na Venezuela naquela época para reportar esse começo do sufocamento da democracia. Depois disso, com Hugo Chávez ou com Maduro, o regime da Venezuela implementou um projeto autoritário, bem semelhante aos projetos de autocratas em várias partes do mundo e que era o projeto de Jair Bolsonaro aqui. Não por acaso o primeiro alvo foi o TSE, como na Venezuela foi o CNE.

O que intriga nesse caso é porque o presidente Lula usa o seu prestígio para fortalecer uma estrutura claramente autoritária.

Lula já defendeu a tese de que a democracia é relativa. Não. A democracia é um valor absoluto. E o Brasil acaba de passar por um grande estresse na nossa democracia para saber o quanto ela é valiosa. E foi em nome dela que Lula voltou ao poder.

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