Guga Chacra
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Guga Chacra

Colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Informações da coluna

Guga Chacra

Mestre em Relações Internacionais pela Columbia University de Nova York. É colunista do Globo e comentarista de política internacional da Globonews.

Por — Nova York

Palestinos são as pessoas árabes levantinas e seus descendentes de religião cristã e muçulmana, além de ateus, que habitavam historicamente o que é hoje Israel e os territórios palestinos (havia judeus também, mas eles se identificam como israelenses). Atualmente, os palestinos vivem em circunstâncias diferentes na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Israel, Jerusalém Oriental, Líbano, Síria e Jordânia, além da diáspora em países como Chile e EUA. Neste texto, vou tentar explicar as diferenças no status de cada um destes grupos.

Palestinos de Gaza – São cerca de 2 milhões de pessoas que vivem sob domínio da ditadura do grupo terrorista Hamas e com bloqueio terrestre imposto por Israel e Egito, além de aéreo e marítimo israelense. Neste momento, estão no meio dos combates entre Israel e Hamas (alguns apoiam o grupo, mas muitos, não). Não possuem cidadania e tampouco Estado. A maioria deles descende de palestinos que nasceram no que hoje é o Estado de Israel reconhecido internacionalmente. A região é reivindicada para um futuro Estado palestino

Palestinos da Cisjordânia – São cerca de 3 milhões de pessoas que vivem sob administração da Autoridade Palestina, mas com ocupação militar israelense e presença de 450 mil colonos judeus em assentamentos judaicos considerados ilegais pela comunidade internacional. Não possuem Estado e tampouco cidadania, a não ser por alguns que têm cidadania jordaniana. Há uma série de restrições ao movimento deles pelo território. A região é reivindicada para um futuro Estado palestino, mas alas mais extremistas em Israel querem a anexação.

Palestinos de Israel – de Israel. São os palestinos e seus descendentes que ficarão no que hoje é Israel depois da guerra de 1948. Correspondem a 20% da população israelense (cerca de 2 milhões). Oito em cada dez são sunitas e os restante se divide entre cristãos de diferentes denominações e drusos. Vivem em cidades mistas como Haifa ou majoritariamente árabes, como Nazaré. Possuem cidadania israelense. Não costumam fazer Exército, a não ser os drusos e uma pequena minoria dos cristãos e dos sunitas.

Palestinos de Jerusalém Oriental – São os palestinos e seus descendentes que residiam na parte Oriental de Jerusalém quando esta foi anexada por Israel em 1967 na Guerra dos Seis Dias (antes estava sob controle da Jordânia). Possuem direito à cidadania israelense, mas muitos optam por não ter porque isso seria abdicar da demanda palestina de ter Jerusalém Oriental como capital de um futuro Estado.

Palestinos do Líbano – São os palestinos e seus descendentes que vivem no Líbano. Ao todo, correspondem a 400 mil pessoas. A maioria precisa viver em campos de refugiados, com ajuda da agência da ONU para refugiados palestinos, e com controle de diferentes grupos, sendo alguns laicos como o Fatah e outros religiosos como o Hamas. Não possuem cidadania libanesa porque são em sua maioria sunitas. Cristãos e xiitas libaneses temem que, se eles se tornarem libaneses, a balança sectária libanesa, que divide o poder no país, seja afetada (ironicamente, os palestinos cristãos receberam cidadania em sua maioria). Também há uma séria de restrições a eles. A presença palestina e em especial da OLP (Organização pela Libertação da Palestina) foi um dos vetores da guerra civil entre 1975 e 90.

Palestinos na Síria – Cenário similar ao libanês, mas os palestinos possuem um pouco menos de restrições. Por outro lado, a Síria é uma ditadura e o Líbano, uma democracia, ainda que sectária e com uma série de problemas. Ao todo, são cerca de 400 mil palestinos no território sírio.

Palestinos na Jordânia – Possuem cidadania jordaniana com todos os direitos e são maioria da população. Correspondem a cerca de 3 milhões.

Palestinos da Diáspora – São palestinos e seus descendentes que vivem em outros países do mundo, como EUA e Chile. São cidadãos americanos, chilenos e da nacionalidade do país onde vivem. Há também uma comunidade pequena no Brasil. É mais ou menos a mesma coisa que os sírios e libaneses que imigraram para o Brasil. Há também palestinos no Golfo, mas neste caso vivem como expatriados.

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