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Voar na classe econômica está cada vez mais desafiador: as poltronas ficaram mais estreitas, o encosto reclina cada vez menos e a distância para as pernas também encolheu. Tenho um amigo que é magro, ativo, saudável, de uns cinquenta e poucos anos (jovem demais!) e teve trombose depois de um voo de oito horas pra Lisboa. Ele é alto e não levantou nenhuma vez durante o voo, o que pode ter explicado a desventura. Ficou tudo bem depois, mas o problema rendeu dois dias de monitoramento na UTI, fora o susto. Desde então, passei a usar meias de compressão nas viagens.
Tirei minhas dúvidas sobre o tema com o cirurgião vascular Armando Lobato, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular Nacional. Vamos a elas.
Por que usar meias de compressão em viagens?
Elas são indicadas para melhorar a circulação sanguínea nas pernas. As meias facilitam o retorno do sangue venoso, ajudam a diminuir a sensação de peso, a evitar câimbras e mantêm a musculatura aquecida.
Também previnem trombose e edemas.
O problema é a pressurização, os lugares apertados ou ficar muito tempo sentado?
Todos esses fatores contribuem para problemas circulatórios durante as viagens. Menor pressão no ambiente pode afetar a circulação sanguínea, espaços limitados para as pernas restringem os movimentos, dificultando a circulação e muito tempo parado faz com que o sangue se acumule nas pernas, aumentando o risco de formação de coágulos.
Devemos usar meias de compressão também em viagens longas de ônibus e carro?
O cuidado vale para qualquer tipo de viagem longa onde a mobilidade é restrita.
Elas são recomendadas a partir de que idade? E a partir de quantas horas de voo?
As meias 3/4 de suave compressão (15-20 mmHg) devem ser utilizadas em viagens a partir de três horas de duração e podem ser utilizadas por qualquer adulto saudável. Idosos e pessoas com condições como insuficiência cardíaca, isquemia, diabetes, hipertensão, obesidade e problemas vasculares e linfáticos devem consultar um médico vascular, pois o uso pode ser contraindicado.
Dicas importantes
- Durante o voo, a cada duas horas, ande ou fique em pé movimentando os pés por alguns minutos. Caso não seja possível levantar, faça rotação com os pés, mexa-os para cima e para baixo e massageie a panturrilha, fazendo movimentos de vai e vem, para ativar a circulação e relaxar a musculatura.
- A ingestão de bebidas alcoólicas deve ser evitada durante viagens longas. O álcool desidrata o organismo, deixando o sangue mais grosso, portanto, mais propenso à formação de trombos.
- Beba bastante água, pois o ar condicionado resseca o ambiente e o corpo.
- Não use medicação sedativa durante longas viagens: quem adormece não se levanta, não bebe água e não exercita as pernas, o que aumenta o risco de trombose.
- A roupa também é importante: use peças confortáveis e evite roupas apertadas, que dificultam a circulação.
- Na compra da meia, são medidos tornozelo, panturrilha e tamanho de pé. Calce com cuidado para não ficar dobras, que podem machucar a perna. Cuidado para a meia não enrolar atrás do joelho e formar um torniquete.
- Quem tem tendência a inchaço, deitar com os pés para cima por cerca de 5 minutos antes de tirar as meias ajuda a não inchar muito e não coçar.
— Saber usar corretamente a meia de compressão é essencial: é preciso usar o tipo e tamanho adequados para obter os benefícios. Meias erradas podem ser inúteis ou até fazer mal — diz Lobato.
Segundo o médico, as meias de compressão não têm uma validade definida como produtos perecíveis, mas a eficácia diminui com o tempo e o uso. Para conservá-las e preservar as propriedades elásticas é necessário seguir as instruções de lavagem e secagem fornecidas pelo fabricante, evitar exposição prolongada ao sol e a altas temperaturas.