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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

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Os carros voadores — ou eVTOL — não devem entrar em operação antes de 2026 ou 2027, mas já tem empresa se posicionando para recebê-los. Com CNPJ recém aberto, a VertiMob é a primeira empresa de infraestrutura vertiportuária lançada no Brasil para explorar e também ajudar a desenvolver esse mercado.

A operação dos eVTOLs (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical) deverá guardar semelhanças com a dos helicópteros, mas com um volume de tráfego muito superior.

— Estamos falando de volumes grandes de passageiros, incompatível com a estrutura de recepção dos prédios corporativos que possuem helipontos — diz o fundador e CEO da VertiMob, Bruno Limoeiro.

A VertiMob planeja desenvolver a infraestrutura a partir do entendimento das necessidades dos futuros operadores e firmou um primeiro memorando de entendimento com a empresa de táxi aéreo Voar. A empresa fez uma encomenda de 70 eVTOLs da EVE, subsidiária da Embraer.

Encontrar espaço para uma infraestrutura do porte do que será demandado pelos eVTOLs nos grandes centros urbanos vai demandar também criatividade — e a VertiMob está de olho nas lajes e estacionamentos de shopping centers.

Limoeiro teve a ideia do negócio ao elaborar o seu projeto de conclusão do curso de Economia no Ibmec-SP. Para tirar do papel, se associou a profissionais de grande reputação e larga experiência em infraestrutura de aeroportos e de tráfego aéreo: Manuel Ayres, consultor internacional em segurança operacional de aeroportos, PhD em pavimentos e engenheiro pelo ITA; e César Tuna, consultor de tráfego aéreo e ex-chefe de Divisão no DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) da Força Aérea, que terão funções executivas. E Miguel Dau, ex-diretor operacional de GRU Airport e da Azul, hoje diretor de segurança corporativa e resiliência do grupo CCR e que será o chairman do futuro conselho da empresa. A sociedade conta ainda com Matheus Chiang, formando em engenharia na Poli/USP, que será o Chief Customer Officer.

O Brasil é o 5º país com mais encomendas eVTOL no mundo: são 830 unidades, avaliadas em US$ 3 bilhões. Além da Voar, fizeram seus pedidos – mas ainda sem desembolso de capital – Gol, Azul, Avantto, Revo, Helisul, Flapper e Flybis. Em todo o mundo, quase um terço das encomendas foram feitas por grandes companhias aéreas comerciais — um indicador de que as viagens tenderão a ser mais acessíveis do que na aviação executiva.

— No início, vai ser caro. Mas ainda assim, 40% mais barato do que uma viagem de helicóptero. Se houver aeronave e infraestrutura, a demanda será significativa e a tendência é democratizar — diz Miguel Dau.

Os vertiportos vão demandar uma enorme carga de energia elétrica para a recarga dos veículos e também acesso a grandes volumes de água para segurança, explica Ayres, diretor de desenvolvimento da nova empresa. Diferentemente do querosene em chamas, que se apaga com espuma de combate à incêndio, o fogo provocado por bateria só se apaga com água em grandes quantidades. Em 2021, um incêndio na bateria de um carro da Tesla demandou 30.000 galões de água por quatro horas para ser debelado.

Uma das grandes incógnitas diz respeito à organização e operação do sistema de tráfego aéreo. — Vamos precisar de um sistema robusto de tráfego aéreo baseado em inteligência artificial para que a operação tenha um custo baixo, democratizando o acesso — diz Tuna, diretor de operações da VertiMob.

A VertiMob pretende agora ir a mercado em busca de investidores.

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