Dona da Estácio ‘ganha’ 140 novas vagas de medicina — avaliadas em R$ 280 milhões — e encosta na Ânima no segmento

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Foram liberadas cem novas vagas para o município de Quixadá (CE) e 40 para Açailândia (MA), cidades nas quais o Instituto de Educação Médica (Idomed) — marca de medicina da Yduqs — opera cursos desde 2021. Até então, o Idomed tinha 50 vagas em cada um desses municípios.

— Quando há transações de aquisição nesse mercado, o número que se tem na cabeça é R$ 2 milhões por vaga de medicina. Então, teoricamente, essa autorização representaria um aumento de 4% a 5% no nosso "market cap" (valor de mercado). Não é qualquer coisa — disse à coluna o CEO da Yduqs, Eduardo Parente. — Escolhemos solicitar vagas em cidades com maior potencial para absorver essa expansão. E a concessão é um selo de aprovação sobre nossa gestão das vagas do programa e do impacto nos municípios.

A Yduqs vale R$ 5,7 bilhões na bolsa. Apesar da notícia, as ações da companhia caíram 3,8% nesta segunda-feira, a R$ 18,41.

Segundo Parente, como a infraestrutura já está pronta, a Yduqs não terá que fazer investimentos relevantes para receber os novos alunos. O início da captação das novas matrículas já foi liberado.

— As vagas aumentam nossa arrecadação e, consequentemente, aumentam o repasse para as prefeituras locais — acrescentou o CEO, citando uma das contrapartidas de impacto local previstas no Mais Médicos.

Pelas regras do programa, cada curso pode crescer em até cem novas vagas, e o MEC faz uma análise da capacidade de absorção tanto do município como da universidade. O processo leva em torno de um ano. Em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira, os analistas do JP Morgan disseram que a expansão foi maior que a prevista:

"No nosso modelo, a gente previa que a Yduqs capturaria cerca de 50% das expansões potenciais, ou 50 vagas para cada unidade."

A Yduqs também está pleiteando a expansão dos cursos de Canindé (CE), Castanhal (PA), Iguatu (CE) e Ji-Paraná (RO). O potencial total é de 400 novas vagas. Mas, como a taxa de sucesso da companhia nesses pedidos é de 71%, os analistas do Bradesco BBI trabalham com a expectativa de 285 novas vagas para o grupo no futuro próximo.

— Nossa taxa de sucesso é o dobro da média. A gente tem sido reconhecido pelo que entregamos para as prefeituras — observou Parente.

"Após maturação, essas novas vagas representam 8% da nossa estimativa de receita líquida para 2024. Observamos que as 140 novas vagas aprovadas e o potencial de 285 vagas adicionais de quatro cursos do Mais Médicos com expansão ainda pendente representam uma tendência positiva em relação a nosso modelo, dado que contávamos conservadoramente com 120 (novas vagas)", escreveu o Bradesco BBI.

De acordo com o JP Morgan, com a expansão, a Yduqs — que é a terceira maior operadora de faculdades de medicina no país — encosta na segunda colocada em número de vagas. A dona do Idomed chega agora a 1.726 vagas, contra 1.742 da Ânima, dona da universidade São Judas — que, aliás, está à venda. Já a líder Afya, que concentra negócios no filão, tem 3.113 vagas de medicina, segundo o JP Morgan.

Com a notícia desta segunda-feira, o nível de "maturação" dos cursos de medicina da Yduqs cai para 68%, oferecendo espaço para crescimento mesmo sem vagas adicionais. Isso porque um curso só é considerado 100% maduro quando suas vagas estão preenchidas em todos os períodos. Quando uma vaga surge, é claro, ela só pode ser ocupada por um único calouro. Mas, a cada semestre, esse aluno avança no curso e um novo estudante ocupa a cadeira no primeiro período, multiplicando a receita da universidade com aquela vaga.