Politizaram a já anêmica educação brasileira sem oferecer qualquer alternativa didática
Ziraldo Alves Pinto, mais conhecido como Ziraldo é jornalista, cartunista e escritor. Criador de personagens famosos, como Menino Maluquinho e Flicts, ele é autor de alguns dos principais clássicos da literatura infantojuvenil brasileira, vendendo milhões de cópias.
Ziraldo é referência das artes gráficas no Brasil. Pai do Menino Maluquinho, o maior sucesso da história da literatura infantil no país. Um dos fundadores do jornal O Pasquim, símbolo da resistência cultural às arbitrariedades do regime militar no fim dos anos 1960. E uma das figuras mais ativas da cultura nacional dos últimos 70 anos.
Nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 24 de outubro de 1932. Começou a desenhar ainda criança, fazendo caricaturas de personalidades como Getúlio Vargas e Adolf Hitler. Logo desenvolveu uma fascinação por histórias em quadrinhos como “Flash Gordon”, que iriam inspirá-lo para criar as HQs “Teleco e Tim”, “Capitão Tex” e, em 1960, a “Turma do Pererê”, primeira revista em quadrinhos feita por um só autor — e totalmente em cores — produzida no Brasil.
No Rio de Janeiro, o artista trabalhou trabalhou nas revistas O Cruzeiro e A Cigarra. O golpe militar de 1964 pôs fim à “Turma do Pererê”, com seus animais falantes, índios e fazendeiros (ela foi reeditada, sem tanto sucesso, na década de 1970). Outros personagens de quadrinhos, porém, sairiam da prancheta de Ziraldo para o sucesso: Jeremias, o Bom; a Supermãe e Mineirinho, o Comequieto.
Em 1968, Ziraldo era artista com trabalhos publicados nas revistas Graphis (referência das artes gráficas, da Suíça), Penthouse e Private Eye. Em 1969, ano de fundação do Pasquim, ganhou prêmio de humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e tornou-se o primeiro latino-americano a ser convidado para fazer o cartaz de Natal da Unicef.
A proximidade com os diretores do Cinema Novo fez com que Ziraldo fosse convidado para criar cartazes de filmes como “Os fuzis” e “Os cafajestes” (ambos de Ruy Guerra) e “Todas as mulheres do mundo” (Domingos de Oliveira).
Um outro lado de Ziraldo era o das charges políticas. Algumas das suas últimas foram publicadas em 1982, quando estava no Jornal do Brasil. Em 1999, Ziraldo lançou a revista Bundas, do lema “Quem mostra a bunda em Caras não mostra a cara em Bundas”. Em 2002, relançou brevemente O Pasquim.
Ainda em 1969, Ziraldo estreou na literatura infantil com “Flicts”, livro em que conta a história de uma cor “diferente”, que não consegue se encaixar no arco-íris, e que não demorou para se tornar um clássico. Onze anos depois lançaria “O Menino Maluquinho”, que em 2020 já somava 129 edições e quatro milhões de exemplares vendidos apenas no Brasil — a história foi publicada em mais de dez países, e ganhou adaptações para o cinema.
Ziraldo vinha enfrentando problemas de saúde. Em 2018, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), que o deixou um mês internado. O cartunista morreu no dia 6 de abril, aos 91 anos. Ele deixa três filhos com a primeira mulher, Vilma, com quem foi casado por 42 anos e que morreu em 2000 (Daniela Thomas, o compositor Antonio Pinto e a diretora e roteirista de cinema Fabrizia Pinto), além de Márcia Martins, sua mulher desde 2002.